O café arábica negociado na Bolsa de Nova York encerrou as operações desta quarta-feira(05) com preços acentuadamente mais altos, nos patamares mais elevados desde maio de 2013. O principal motivo para essa alta é a falta de chuvas e as temperaturas muito elevadas sobre a região produtora de café no Brasil. Segundo Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffee em Nova Iorque, o mercado foi pego de surpresa já que vinha trabalhando com fundamentos baixistas como oferta maior que a demanda e mais uma safra cheia no Brasil. Costa lembra que “o mercado trabalhava com a percepção de uma produção elevada e com um superávit grande no começo do ano e isso foi sendo reduzido ao longo do mês de janeiro. Mas teve seu ápice com a confirmação e o prolongamento da estiagem”.
Na sexta-feira (31) já ocorreu um fechamento bastante positivo do ponto de vista técnico na Bolsa de Nova Iorque e os fundos que estavam numa posição vendida, vieram para o mercado para fazer a recompra de posições. Já na segunda-feira(03) começou uma reação mais forte com ganhos de 11 centavos de dólar por libra- peso, mais de mil pontos de alta e hoje relatórios climaticos apontando que até 19 de fevereiro não haverá chuvas no Brasil, propiciou novos e expressivos ganhos para as cotações.
Os contratos com entrega em março/2014 fecharam a 143,10 centavos de dólar por libra-peso, com alta de 685 pontos, ou de +5,0%. Maio fechou a 145,10 centavos, com elevação de 670 , ou de +4,8%.
As previsões climáticas para os próximos dias indicam a manutenção desse quadro seco e de altas temperaturas, intensificando o problema. Com essas condições, os grãos tendem a ficar chochos e com crescimento irregular, comprometendo o rendimento da atual safra. Segundo previsões da World Weather Inc. as chuvas terão volume insignificante , não passando de 8 milímetros em um “bom” dia, mas com cobertura precária.
Para Rodrigo Costa, esse é um momento muito nervoso do mercado e não estão descartadas novas altas nas cotações, pois além do fundamento, tem a motivação técnica, onde os fundos já estão recomprando contratos e terão que continuar ajustando suas posições até terem um cenário mais claro sobre a produção no Brasil. Além disso, novos investidores podem analisar esse momento como uma oportunidade de lucro e eventualmente se beneficiar de uma possível continuação das altas. ” Nos últimos 3 dias, a gente negociou mais que o volume total de contratos em aberto na bolsa, só como um exemplo desse momento de nervosismo do mercado. Pontanto, num mercado climático, como estamos vivenciando agora, tudo é possível e a gente pode ver o mercado continuar puxando.”
Mas o analista alerta que os novos patamares de preços ainda não estão consolidados e recomenda para aqueles que tem café para vender, aproveitarem os momentos de alta para negociar.
DA REDAÇÃO: Café arábica sobe e chega a ser negociado a R$ 355
Depois de dois anos de crise e preços baixos, o café arábica atingiu o maior valor em 9 meses. O analista de mercado Eduardo Carvalhaes afirma que a previsão de redução da safra brasileira, por conta da seca prolongada, sustentou os preços. O café de qualidade chegou a ser negociado a R$355 a saca.
Carvalhaes explica que o nervosismo do mercado causou uma aumento das recompras de posições em Nova Iorque. “A saca bateu em R$ 350, alguns negócios de café mais preparados chegaram a R$ 355 e alguns raríssimos negócios chegaram a R$ 360… Isso era inimaginável há 15 dias”.
Diante dos preços atuais, o analista afirma que não vale mais a pena entregar o café no mercado de opções. “Algumas cooperativas falavam em R$ 315 até R$ 320, isso com o café preparado, entregue no armazém na Conab… E o mercado está pagando pelos melhores cafés a R$ 350, sem preparo nenhum, e para retirar na fazenda… Provavelmente as opções não serão exercidas”.
Café atinge máxima de 9 meses em NY com seca no Brasil
Os futuros do café na bolsa de Nova York chegaram a subir perto de 4 por cento nesta quarta-feira, atingindo a máxima de nove meses a 1,4155 dólar por libra-peso, com ordens de compras automáticas e preocupações com o clima seco em áreas produtivas do Brasil, maior país produtor e exportador, disseram operadores.
Reuters: OIC estima produção mundial de café em 2013/14 em 145,8 mi sacas
A Organização Internacional do Café (OIC) estimou a produção global do produtor em 145,8 milhões de sacas na safra 2013/14, alta de 0,5 por cento ante os 145,1 milhões da temporada anterior.
A produção da variedade robusta foi estimada em uma alta de 7,2 por cento para 60,3 milhões de sacas, enquanto a produção de arábica foi projetada em queda de 3,8 por cento para 85,4 milhões de sacas.
Na Business Standard: Café arábica tem maior ganho desde 2004
As cotações do café arábica estenderam seus ganhos, alcançando os maiores patamares em nove anos, com a seca diminuindo a produtividade do café e ameaçando chegar a um recorde de safra baixa no Brasil.
O clima seco deve persistir até o dia 20 de fevereiro no sudeste no país, a principal região produtora, de acordo com a Somar Meteorologia. As chuvas esperadas para o mês não serão suficientes para encher os reservatórios de água antes do início da estação de seca, que começa em abril. Os preços subiram 19% em cinco sessões, a maior alta desde junho de 2010.
O arábica subiu 23% em 2014, registrando o melhor início de ano desde 1997. O Brasil teve o janeiro mais quente já registrado e o menor volume de chuvas para o período em 20 anos. A seca também está elevando preços do açúcar e do suco de laranja.
Fonte: Notícias Agrícolas