Café com vidro tinha selo de pureza falsificado

26 de junho de 2008 | Sem comentários Consumo Torrefação

 


Segundo Associação Brasileira da Indústria de Café, marca não pode exibi-lo desde 2005.
Empresa que aparece na embalagem não é a mesma que venceu pregão do estado.


Daniella Clark Do G1, no Rio entre em contato






Foto: Divulgação/Fernando Torres/Ascom Seseg

Divulgação/Fernando Torres/Ascom Seseg

O café da marca Ouro Velho, com selo de pureza da Abic: entidade afirma que selo é falsificado. (Foto: Divulgação/Fernando Torres/Ascom Seseg)



  • O cafezinho da Secretaria estadual de Segurança – em que uma perícia constatou a presença de vidro moído, areia e gravetos – exibia em sua embalagem um selo de pureza da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) falsificado. Além disso, apesar de a Distribuidora Kardu de Alimentos Ltda. ter vencido o pregão para fornecer o produto à secretaria, o nome que aparece na embalagem é o da GRV Distribuidora e Empacotadora Ltda., empresa que, segundo a Abic, perdeu o selo de qualidade em 2005.


“Quando a empresa é excluída, ela é notificada para interromper o uso das embalagens com o selo e destruir as já existentes. Nesse caso, o selo é falsificado”, explicou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic. “Já a Kardu nunca foi associada à Abic”.


 Abic denunciou marca ao MP


Segundo Herszkowicz, a GRV, que detinha a marca Ouro Velho, perdeu o direito de exibir o selo de qualidade no café justamente por problemas de impurezas no produto, constatados após exames para controle de qualidade.


Em 2008, quando a empresa não era mais associada, a Abic recolheu no mercado novas amostras do café. Após exames laboratoriais, foram encontrados sedimentos como areia e casca no produto. De acordo com Herszkowicz, foram feitas denúncias ao Ministério Público e aos órgãos de vigilância sanitária e defesa do consumidor.

“Como a empresa não era mais nossa associada, não podíamos mais aplicar penalidades, então fizemos as denúncias”, explicou.


Empresa foi desclassificada em pregão do TCM


A marca Ouro Velho também não é mais consumida no Tribunal de Contas do Município. No processo número 40/0507/2008, a respeito do pregão para compra de café para o ano de 2008, a Distribuidora Kardu de Alimentos Ltda. aparece como desclassificada por não apresentar o Certificado de Autorização ao Uso do Selo de Pureza e o Certificado de Autorização ao Uso do Símbolo de Qualidade, ambos da Abic.

Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, a empresa venceu a licitação no ano de 2007, quando foi fechado o preço de R$ 7,18 o quilo. Segundo o contrato, foi acertada a compra de 1.310 quilos, que seriam entregues em parcelas, de acordo com a necessidade do tribunal. Cada lote deveria ter validade de, no mínimo, oito meses. A última entrega foi feita em dezembro de 2007. No novo pregão, em que a empresa foi desqualificada, a vencedora foi a Odebrecht Comércio e Indústria de Café Ltda.

Segundo a Secretaria estadual de Segurança, o pregão vencido pela empresa é eletrônico, ou seja, realizado pela internet. Vence aquela que apresenta o menor preço. Diante das irregularidades, a subsecretaria de Gestão Estratégica já iniciou procedimento administrativo para retirar a empresa da lista de fornecedores.


O G1 entrou em contato com a Kardu, mas foi informado de que não havia ninguém responsável para comentar as impurezas no produto e o fato de na embalagem do café constar o nome de outra empresa. O G1 tenta, desde a tarde desta terça (24), entrar em contato com a GRV Distribuidora e Empacotadora Ltda.


Beltrame pediu perícia


A perícia no produto foi pedida pelo secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, após notar aspecto estranho na bebiba, aparentando impurezas.


O Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) vai pedir uma amostra do café à secretaria e ao TCM , além do envio de uma embalagem lacrada do produto à distribuidora. Segundo a secretaria de Segurança, as amostras servirão para ser elaborada uma contra-prova e serão encaminhadas para análise no Ministério da Agricultura.


Segundo a assessoria do secretário, a possibilidade de envenenamento está descartada. 



Rótulos são diferentes


Segundo a secretaria, um dos detalhes que será averiguado é por que o produto é embalado com rótulos diferentes para a secretaria de Segurança e para o TCM.


O pedido de perícia foi feito há dez dias, quando a subsecretaria de Gestão Estratégica enviou uma amostra da borra de café ao ICCE, a pedido de Beltrame.


O café é comprado por pregão eletrônico a R$ 7,08 o quilo. Por mês, são consumidos 80 quilos. Após o problema, a secretaria já efetuou a compra de outra marca de café.


O secretário José Mariano Beltrame está em Israel, onde participa de seminários e visitas técnicas, e retorna ao Rio no próximo domingo (29).


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