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23/02/2010
Café brasileiro ganha mais espaço
00h01
A menor disponibilidade do café colombiano no mercado internacional está fazendo com que os importadores venham ao Brasil buscar os cafés finos nacionais. Esse aumento da demanda fez com que o produto brasileiro passasse a receber um bônus sobre as cotações praticadas na bolsa de Nova York, além de ter ajudado a elevar a fatia das vendas totais do país nas exportações mundiais de café para 32%.
Enquanto o café tradicional tipo exportação ainda tem um deságio sobre o preço da bolsa, o café fino (cereja descascado) brasileiro tem recebido de 8 a 10 centavos de dólar a mais sobre o valor de referência da bolsa americana. Tradicionalmente, mesmo o café fino exportado pelo Brasil tem um deságio de até 10 centavos em relação aos preços da bolsa.
“A indústria está procurando café de qualidade e existe demanda pelo produto brasileiro em substituição ao colombiano”, afirma Rodrigo Costa, analista da Newedge.
E quando a demanda não é atendida com um aumento rápido na oferta, o resultado são preços mais altos. Com um projeto idealizado para produção de cafés finos, a Ipanema Coffees produziu junto com seus parceiros 145 mil sacas desse tipo de produto no ano passado. Para 2010, a expectativa é de que essa produção tenha um aumento marginal de apenas 5 mil sacas, o que elevaria a oferta de uma das principais fazendas produtoras de cafés especiais do país para 150 mil sacas.
“Sentimos que nosso café está sendo melhor remunerado pelos importadores. Essa é a primeira vez na história que um importante fornecedor tem problemas no abastecimento e o Brasil pode se beneficiar por não ter nenhum tipo de controle por parte do governo”, afirma o diretor presidente da Ipanema, Washington Rodrigues. “Não podemos perder essa oportunidade”, diz ele.
Durante a vigência do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC), entre 1952 e 1989, os investimentos em qualidade deixaram de existir, já que não havia nenhum tipo de bonificação para os cafés especiais. “Os primeiros cafés cereja surgiram em 1990, que ganharam promoção com as compras que a Illy passou a fazer do produto brasileiro para produzir seus expressos mais encorpados”, explicada Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes, em Santos.
Com o aumento do consumo de expresso nas últimas duas décadas, a procura pelo café fino brasileiro cresceu em um ritmo superior ao do café fino colombiano (lavados suaves). Aliado a esse fator, a capacidade de abastecimento do Brasil é superior à colombiana devido ao tamanho de sua produção. “Essa reversão ficou mais evidente em 2009 quando houve o primeiro problema de fornecimento da Colômbia e se confirmou com uma repetição neste ano”, diz Rodrigues, da Ipanema.
Em 2007, os colombianos colheram 12,5 milhões de sacas, se mantendo na média dos quatro anos anteriores. A partir de 2008, no entanto, uma série de fatores como clima, renovação do parque cafeeiro e baixa remuneração dos produtores derrubaram a produção para 8,66 milhões de sacas. No ano passado, a oferta cresceu 9,5% para 9,5 milhões de sacas, mas ainda assim muito abaixo da média superior a 12 milhões que vinham sendo produzidas de 2004 a 2007.
Sem oferta, as exportações colombianas foram bastante prejudicadas. No ano passado, foram embarcadas apenas 7,9 milhões de sacas, uma queda de quase 30% em comparação a 2008. Essa situação fez com que a participação colombiana no mercado internacional recuasse para apenas 8,3%, uma das baixas da sua história.
Com o aumento da demanda, as exportações brasileiras ocuparam o espaço deixado pela Colômbia. Dados da Organização Internacional do Café (OIC), mostram que a participação de 32% do café brasileiro no mercado internacional é a maior em pelo menos 30 anos, com embarque de 30,3 milhões de sacas.
Valor Econômico
Autor: Alexandre Inacio, de São Paulo
23/02/10
Balança: País já tem 32% das exportações mundiais, a maior participação em três décadas
Alexandre Inacio, de São Paulo
A menor disponibilidade do café colombiano no mercado internacional está fazendo com que os importadores venham ao Brasil buscar os cafés finos nacionais. Esse aumento da demanda fez com que o produto brasileiro passasse a receber um bônus sobre as cotações praticadas na bolsa de Nova York, além de ter ajudado a elevar a fatia das vendas totais do país nas exportações mundiais de café para 32%.
Enquanto o café tradicional tipo exportação ainda tem um deságio sobre o preço da bolsa, o café fino (cereja descascado) brasileiro tem recebido de 8 a 10 centavos de dólar a mais sobre o valor de referência da bolsa americana. Tradicionalmente, mesmo o café fino exportado pelo Brasil tem um deságio de até 10 centavos em relação aos preços da bolsa.
“A indústria está procurando café de qualidade e existe demanda pelo produto brasileiro em substituição ao colombiano”, afirma Rodrigo Costa, analista da Newedge.
E quando a demanda não é atendida com um aumento rápido na oferta, o resultado são preços mais altos. Com um projeto idealizado para produção de cafés finos, a Ipanema Coffees produziu junto com seus parceiros 145 mil sacas desse tipo de produto no ano passado. Para 2010, a expectativa é de que essa produção tenha um aumento marginal de apenas 5 mil sacas, o que elevaria a oferta de uma das principais fazendas produtoras de cafés especiais do país para 150 mil sacas.
“Sentimos que nosso café está sendo melhor remunerado pelos importadores. Essa é a primeira vez na história que um importante fornecedor tem problemas no abastecimento e o Brasil pode se beneficiar por não ter nenhum tipo de controle por parte do governo”, afirma o diretor presidente da Ipanema, Washington Rodrigues. “Não podemos perder essa oportunidade”, diz ele.
Durante a vigência do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC), entre 1952 e 1989, os investimentos em qualidade deixaram de existir, já que não havia nenhum tipo de bonificação para os cafés especiais. “Os primeiros cafés cereja surgiram em 1990, que ganharam promoção com as compras que a Illy passou a fazer do produto brasileiro para produzir seus expressos mais encorpados”, explicada Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes, em Santos.
Com o aumento do consumo de expresso nas últimas duas décadas, a procura pelo café fino brasileiro cresceu em um ritmo superior ao do café fino colombiano (lavados suaves). Aliado a esse fator, a capacidade de abastecimento do Brasil é superior à colombiana devido ao tamanho de sua produção. “Essa reversão ficou mais evidente em 2009 quando houve o primeiro problema de fornecimento da Colômbia e se confirmou com uma repetição neste ano”, diz Rodrigues, da Ipanema.
Em 2007, os colombianos colheram 12,5 milhões de sacas, se mantendo na média dos quatro anos anteriores. A partir de 2008, no entanto, uma série de fatores como clima, renovação do parque cafeeiro e baixa remuneração dos produtores derrubaram a produção para 8,66 milhões de sacas. No ano passado, a oferta cresceu 9,5% para 9,5 milhões de sacas, mas ainda assim muito abaixo da média superior a 12 milhões que vinham sendo produzidas de 2004 a 2007. Sem oferta, as exportações colombianas foram bastante prejudicadas.
No ano passado, foram embarcadas apenas 7,9 milhões de sacas, uma queda de quase 30% em comparação a 2008. Essa situação fez com que a participação colombiana no mercado internacional recuasse para apenas 8,3%, uma das baixas da sua história.
Com o aumento da demanda, as exportações brasileiras ocuparam o espaço deixado pela Colômbia. Dados da Organização Internacional do Café (OIC), mostram que a participação de 32% do café brasileiro no mercado internacional é a maior em pelo menos 30 anos, com embarque de 30,3 milhões de sacas.