Boletim semanal – ano 77 – n° 30
Santos, sexta-feira, 30 de julho de 2010
Escritório Carvalhaes
Tivemos mais uma semana de mercado firme e bolsas de futuro em alta. O inicio da safra brasileira de café 2010/2011 esta surpreendendo muitos operadores. O estoque total brasileiro de passagem no último dia 30 de junho, quando terminou oficialmente o ano safra brasileiro 2009/2010, foi provavelmente o menor dos últimos cem anos, não atingindo cinco milhões de sacas em mãos da iniciativa privada e governo federal.
Neste quadro, o Brasil, maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor de café do mundo, contará na prática apenas com a nova safra para atender suas necessidades de exportação e consumo. Quando chegarmos a junho de 2011, novamente os estoques de passagem estarão perigosamente baixos e teremos pela frente uma safra de ciclo baixo. É bastante claro que não podemos nem pensar em um problema climático.
Os estoques dos principais concorrentes do Brasil e dos países consumidores também são baixos, além de não sabermos a qualidade desses cafés. Para completar, os estoques de cafés certificados na bolsa de Nova Iorque (ICE Futures US), principal termômetro do mercado internacional, caem dia após dia e devem continuar caindo até dezembro quando começam a entrar no mercado as novas safras da Colômbia e América Central.
Se adicionarmos a esta análise o novo momento da economia brasileira, que cresceu e se modernizou espetacularmente nos últimos 20 anos, tornando as atividades cafeeiras pequenas em relação à nova dimensão de nossa economia, fica difícil imaginar que o mercado de café fique dentro das amarras em que foi contido nas últimas décadas.
Novas ferramentas financeiras foram criadas, existem financiamentos suficientes para o cafeicultor não se sentir obrigado a entregar sua produção a qualquer preço, além de alternativas na área agrícola (o café, que em 1960 era responsável por 50% da receita cambial brasileira, hoje esta apenas em sexto ou sétimo lugar no ranking das exportações agrícolas brasileiras).
Os negócios de café ficaram pequenos dentro da economia brasileira. Para se comparar, apenas o lucro semestral da VALE, divulgado hoje, foi de US$ 5,4 bilhões, bem maior que os US$ 4,5 bilhões de receita cambial (e não lucro) com nossa exportação de café na safra 2009/2010 (julho de 2009 a junho de 2010). Outra comparação é que a arrecadação de impostos no Brasil nos sete primeiros meses do ano foi mais de noventa vezes maior que a receita cambial de um ano de exportação de café.
Dentro desta nova realidade de nossa economia fica difícil imaginar que os brasileiros vão continuar a se sujeitar a produzir café para vendê-los a preços de subsistência. Os preços do café precisam mudar de patamar como já aconteceu com os de outras commodities.
Até o dia 29, os embarques de julho estavam em 1 534 658 sacas de arábica e 105 640 sacas de conillon, somando 1 640 298 sacas de café verde, mais 214 973 sacas de solúvel, contra 1 643 887 sacas no mesmo dia do mês anterior. Até o dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 2 241 717 sacas, contra 2 115 834 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 23, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 30, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo, 1 030 pontos ou US$ 13,63 (R$ 23,93) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 23, a R$ 386,47/saca e hoje, dia 30, a R$ 410,92/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 325 pontos.