Artigo – Desafios e perspectivas para o café em Rondônia Por *Calixto Rosa Neto

Redução de área, uso de tecnologias e aumento da produtividade

13 de dezembro de 2016 | Sem comentários Novas Técnicas Tecnologias
Por: *Calixto Rosa Neto | Embrapa Rondônia

A cafeicultura de Rondônia passa por importantes transformações. Em seis
anos, enquanto a área em produção sofreu redução de 42,9% a produtividade
aumentou 99,8%. Em 2011, a área em produção com a cultura no estado ocupava
153.391 ha, com produtividade média de 9,31 sacas beneficiadas por hectare, de
acordo com dados do Informe Estatístico do Café, do Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (Mapa, 2011). Na safra 2016 a área em produção com café
é de 87.657 ha e a produtividade média esperada é de 18,56 sacas beneficiadas
por hectare, segundo o Acompanhamento da Safra Brasileira de setembro de 2016 da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
 
Houve também ganhos
significativos em relação à receita bruta oriunda da comercialização do produto,
que atingiu a cifra de 505,1 milhões de reais em 2015, com projeção de alcançar
586,7 milhões em 2016, ano em que o café conilon atingiu o maior nível histórico
de preços. (Figura 1).



Figura 1 – Evolução da área plantada, produtividade e receita bruta do café –
2011-2016
* Estimativa
**Valores deflacionados pelo IGP-DI da FGV –
Julho/2016.
Fonte: Conab, 2016; Mapa, 2016
 
Rondônia possui o
maior parque cafeeiro da Região Norte do país, sendo osegundo maior produtor
brasileiro de café canéfora (conilon e robusta), atrás apenas do Espírito Santo.
De acordo com o segundo levantamento do acompanhamento de safra do café no
Brasil, da Conab, a estimativa é que o estado tenha produzido 1,63 milhões de
sacas beneficiadas nesta safra. Esta produção projeta o estado como o quinto
maior produtor de café do país.
 
A visão de agentes do setor de
comercialização de café no estado é de um mercado em crescimento e renovação,
por meio dos novos plantios de café clonal, onde se busca aumentar a oferta do
produto, com oaumento de produtividade por hectare e também de qualidade, já que
os clones melhoram este aspecto por serem reproduções de plantas
selecionadas,  atingem peneiras maiores e menores defeitos físicos. Mas
esse ganho dependerá, sobretudo, da adoção de técnicas adequadas de
pós-colheita, visando garantir a qualidade do produto final.
 
O café
produzido no estado é destinado majoritariamente para a indústria de solúveis,
sendo utilizado também para a formação de blends (misturas) com o café arábica.
Estima-se que entre 10% e 15% da produção estadual sejam consumidos localmente,
tanto puro quanto por meio da formação de blends com o arábica proveniente de
outro estados.
 
Embora as perspectivas de mercado atual sejam
positivas, com o café atingindo preços extremamente favoráveis na safra atual,
em virtude da quebra de safra de café conilon no Espírito Santo e Vietnã – maior
produtor de café do Brasil e o maior do mundo, respectivamente –, o maior
desafio à frente relaciona-se à questão hídrica, pois as chuvas nos últimos anos
têm sido irregulares e, na época mais importante para o desenvolvimento da
planta, a seca forte eleva a temperatura, causando inúmeros prejuízos, além de
secar os mananciais, reduzindo a oferta de água para irrigação. Tal situação
aumenta a responsabilidade de todos os envolvidos na cadeia produtiva do café,
no sentido de promover o uso racional da água disponível, adotando e observando
técnicas adequadas no processo produtivo, principalmente na
irrigação.
 
 
*Mestre em administração – mercadologia e
administração estratégica – e analista da área de Transferência de Tecnologia da
Embrapa Rondônia, calixto.neto@embrapa.br
 

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