A elevação das cotações internacionais do café verde, na primeira semana do ano, que resultou na alta de preços da matéria prima no mercado interno, surpreendeu as industrias torrefadoras nacionais pela extrema volatilidade.
– As industrias de café, que compravam a saca do café (arábica Tipo 8) por R$ 170,00 no final de setembro, só encontram ofertas acima de R$ 215,00 neste início de ano – diz o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.
Segundo ele, a alta de 26,4% também ocorreu nos preços do café tipo conillon, que é outra matéria prima importante para a indústria brasileira, cujos preços, no mesmo período, aumentaram de R$ 136,00 a saca, para R$ 175,00, salto de 28,6%.
Os preços na Bolsa de Nova York aumentaram 11,7%, em dólar, somente no período 2 a 6 de janeiro, atingindo maior nível dos últimos seis meses.
De acordo com a Abic, a alta recente do café verde é mais intensa do que aquela ocorrida em março de 2005, e só não se refletiu em preços ainda maiores da saca do produto, por causa da depreciação do dólar, que segurou os aumentos em reais no Brasil. A correção dos preços internacionais do café, diz a associação, era esperada desde novembro, em razão de uma demanda mundial pelo grão maior do que a oferta.
Analistas internacionais afirmam que, mesmo com a grande safra brasileira prevista para 2006, deve-se esperar firmeza nos preços do grão e, até mesmo, mais elevações, uma vez que os estoques mundiais e brasileiros estão sendo rapidamente consumidos, podendo ficar nos níveis mais baixos das ultimas décadas, além do fato de que o mundo está bebendo mais café e, em 2007, com a previsível queda da produção brasileira, a oferta ficará ainda mais apertada. As elevações atuais nas cotações da commodity já refletem este cenário.
Para Herszkowicz, os preços atuais praticados pela industria de café não suportam os recentes aumentos da matéria prima.
– As torrefações têm preços muito justos, em função da grande concorrência existente no mercado. Qualquer elevação significativa em seus custos, como a atual, exige uma correção dos preços de venda do café.
Globo Online