Por Frederico de Almeida Daher
Ao longo dos últimos 15 anos a cafeicultura no Estado do Espírito Santo experimentou desenvolvimento incomum, propiciando renda e bem-estar a uma gama significativa de produtores rurais. O setor saiu de uma produtividade média de 9 sacas de café por hectare, nos anos 80, para 20 sacas beneficiadas por hectare, em 2006, num esforço planificado de todos os segmentos da cadeia do café.
Do lançamento do Recafé, na metade dos anos 80, saltamos para o Pedeag com metas ainda mais auspiciosas e factíveis. Para que se tenha uma idéia mais clara dos avanços obtidos, destaca-se o fato de que para um aumento de área plantada de 6% no conilon e 15% no arábica, o incremento de produtividade foi de 107% e 36%. Não bastassem esses números, ressalte-se o incremento da renda a nível de produtor, que saiu de R$ 447 milhões, em 1996, para R$ 1,562 bilhão, em 2006. Importante ainda destacar que esse incremento de renda foi democratizado para todo o sistema produtivo, que, no Espírito Santo, abriga, em sua maioria esmagadora, uma cafeicultura de economia familiar.
Embora todas essas conquistas, novos desafios se interpõem à escalada da cafeicultura capixaba. Entre eles podemos destacar a necessidade de renovação do parque cafeeiro capixaba, tanto na área do arábica como na do conilon. Outro grande desafio a ser enfrentado e superado é a transferência de tecnologias aos cafeicultores, o míni e o pequeno produtor de café.
É nesse contexto que se insere a implantação das Unidades Regionais de cafés Especiais, em parceria com o MCT/Fapes/Sect e o Centro de Desenvolvimento Tecnológico do café (Cetcaf), juntamente com as cooperativas Cooabriel, Cafeicruz e Cafesul, além do governo do Estado do Espírito Santo.
Essas unidades se constituem numa inovação tecnológica e permitirão, por meio da aferição dos resultados obtidos, universalizá-los aos cafeicultores de conilon, permitindo assim a produção de conilon cereja descascado em volume suficiente para atender a crescente demanda desse produto.
Em recente estudo realizado pelo Cetcaf, em parceria com a Abic, ficou caracterizada a superioridade desses cafés, que conseguiram, em alguns casos, superar a nota 8.0, escala sensorial da Abic, enquadrando-os na categoria de cafés gourmet. Nesse contexto é que se insere o 7º Simpósio Estadual do café e a 4ª Feira de Insumos, a serem realizados de 23 a 25 de outubro, no auditório do Centro do Comércio de café de Vitória. Esse evento também tem o apoio do Espírito Santo em Ação, do governo do Estado e de diversas instituições ligadas ao agronegócio café.
Frederico de A. Daher é superintendente do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do café (Cetcaf) e membro do Conselho de Agronegócio do Espírito Santo em Ação