por FERNANDO ARAÚJO
Os produtores rurais Angelino Del Mônaco, 54 anos, e Luiz Carlos Barison, 61 anos, representam o perfil do proprietário rural do município: possuem pequenas propriedades, dependem da ajuda de familiares e de poucos funcionários e desenvolvem culturas diversificadas e, de tanto trabalho, não têm tempo para lembrar do Dia do Agricultor, comemorado ontem. Os pequenos produtores detêm apenas 40% das terras do município, apesar de totalizarem 3 mil dos 3,6 mil proprietários rurais.
Del Mônaco e Barison não são grandes produtores de soja ou gado como os donos de 60% das terras. Mas, mesmo com pequenas propriedades, são responsáveis por 80% do abastecimento de café, milho, hortaliças, aves, leite e feijão de Londrina, segundo dados da Secretaria Municipal de Agricultura.
Barison possui 16 alqueires no Distrito de São Luiz, onde planta café e também culturas de subsistência. No mercado, só compra produtos industrializados. A manutenção de sua propriedade não é fácil. Quando a reportagem do JL chegou em seu sítio, no meio da tarde da última sexta-feira, ele estava indo cortar lenha. Depois disso, ainda cuidaria da horta e ajudaria o irmão a cortar cana-de-açúcar para alimentar o gado. “Quem vive do campo não tem hora parada. Tem sempre alguma coisa precisando da atenção da gente.”
Os dias ficam mais difíceis depois da colheita do café. Para colher os grãos, ele conta com a ajuda de alguns funcionários. Mas na hora da secagem, quando o café é espalhado no terreiro, o trabalho é feito por ele e os dois irmãos. “É a gente mesmo que tem que fazer. O que sobra da venda só paga os custos e um pouquinho para a gente continuar vivendo”, conta.
Angelino Del Mônaco, mais conhecido em São Luiz como Tutu, é um homem expansivo, do tipo que tem sempre um comentário espirituoso a fazer. Mas o semblante se fecha quando começa a falar do dia-a-dia do produtor. “A gente vai mal. Não tem preço, é muito gasto para produzir, muita praga e muita doença”, desabafou, enquanto preparava para o frio a estufa onde cultiva tomates.
“Dizem que produtor reclama muito, mas olha o tanto que trabalho. O mínimo que quero é pagar os custos.” Além de tomates, ele também cria aves, que é considerada hoje a fonte de lucro da propriedade de 10 alqueires. “Mas só porque tenho parceria com a empresa de frango. Senão era prejuízo também”, acredita Del Mônaco.
A situação no campo, eles concordam, é “desanimadora”. Mas a forma de encarar o futuro é diferente. Nascido na roça, vivendo sempre no campo, Barison nem pensa em deixar o que construiu. “Fazer mais o quê se só sei fazer isso? O jeito é continuar levando”. Para Del Mônaco, o futuro está em um mercado na cidade. “Se tivesse comprador, já tinha vendido essas terras e montado um comércio.”