PREVISÃO DE SAFRA CONAB – Bienualidade negativa e clima adverso reduzem colheita de café

20/04/2007

      A produção nacional de café para o ciclo
2007/08 deve ser de 32,1 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 22,3 milhões/sacas
(69,5%) de café arábica e 9,8 milhões/sacas (30,5%) do tipo robusta. Este é o
resultado da 2ª pesquisa de campo da cultura, realizada pela Conab no período de
1° a 14 deste mês e divulgado nesta sexta-feira pelo diretor do Departamento do
Café do Ministério da Agricultura, Vilmondes
Olegário.

      Comparando-se à safra passada,
fechada em 42,5 milhões/sacas, os números apontam para uma redução na colheita
de 24,6% (10,4 milhões/sacas). É também 0,9% menor que o limite superior do
primeiro levantamento realizado em dezembro do ano passado, quando o estudo
apontava para um intervalo entre 31,1 e 32,3 milhões/sacas.



      A queda se deve à bienualidade negativa da
cultura e às condições climáticas adversas, como a estiagem no período de
floração de março a setembro e o excesso de chuva em dezembro e janeiro
passados, dificultando o combate de pragas.



      Plantio – A área de produção da safra
atual deve ser de 2,2 milhões de hectares, o que representa um crescimento 3%
sobre a anterior, de 2,1 milhões/ha. A produtividade, projetada em 14,46
sacas/ha, é menor 26,8% que a da safra passada de 19,75 sacas/ha.



      A pesquisa foi realizada por 190 técnicos
da Conab e de órgãos conveniados nas principais regiões de cultivo. Eles
aplicaram 2.750 questionários junto a produtores, cooperativas e representantes
de órgãos públicos e privados. O Brasil segue como o maior produtor de café no
mundo.

Acesse aqui o estudo completo.
 


Veja a Analise:


 


1 – INTRODUÇÃO

No período de 01 a 14 de abril de
2007, os técnicos da CONAB e das instituições com as quais mantém parceria
visitaram municípios produtores de café em Minas Gerais, Espírito Santo, São
Paulo, Bahia, Paraná, Rondônia e Rio de Janeiro, com o objetivo de efetuar o
segundo levantamento da safra de café 2007/2008.

2 –
METODOLOGIA


2.1 – MINAS GERAIS

Os
técnicos da CONAB visitaram 102 municípios produtores de café, onde colheram
informações junto aos órgãos de assistência técnica, cooperativas e entidades
ligadas ao setor, bem como, propriedades cafeeiras. O levantamento das
informações está calcado em estudo estatístico e científico. A metodologia
utilizada na extrapolação dos dados coletados nesses levantamentos de campo foi
estruturada e planejada para estimar a produção global de café no Estado. A
estimativa de produtividade e produção foi feita com base nas lavouras em
produção, levando-se em consideração a representatividade de cada
município.

2.2 – SÃO PAULO, PARANÁ, ESPÍRITO SANTO, BAHIA E
RONDÔNIA.

Nesses Estados foram aplicados questionário padrão em
propriedades previamente selecionadas, com a utilização do método de amostragem
estatística (estratos de áreas em produção). Os dados foram processados e
extrapolados de acordo com o plano de amostragem, aplicando-se multiplicadores
sobre o total de cada estrato de forma a atingirmos os resultados globais.
Em
São Paulo, 40 técnicos aplicaram 610 questionários, no Espírito Santo, foram
aplicados 508 questionários com 40 técnicos; no Paraná, 540 questionários com 24
técnicos; em Rondônia, 660 questionários com 52 técnicos, e na Bahia, 324
questionários com 24 técnicos.

As propriedades selecionadas foram
visitadas por técnicos ligados as instituições: Secretarias de Agricultura de
São Paulo (CATI); no Paraná – Departamento de Economia Rural (DERAL) e da
Secretaria da Agricultura e do Abastecimento; no Espírito Santo (INCAPER); na
Bahia (EBDA) em Rondônia (EMATER), acompanhados dos técnicos da CONAB em todos
os Estados.

2.3 – RIO DE JANEIRO

Nesse Estado,
dois técnicos da CONAB visitaram os dez municípios maiores produtores, buscando
informações junto aos órgãos de assistência técnica, cooperativas e outras
fontes locais, onde aplicaram questionário padrão obtendo assim o resultado para
o Estado.

2.4 – DEMAIS ESTADOS (AC, PA, CE, PE, MT, MS, GO e
DF)


Nesses Estados os dados foram obtidos junto aos órgãos de
assistência técnica, cooperativas e outras fontes.

3 –
RESULTADOS

A produção nacional de café é de 32.1 milhões de
sacas de café beneficiado, desse total 69,5% (22,3 milhões de sacas) são de
arábica e 30,5% (9,8 milhões de sacas), são de robusta. Quando comparada à safra
anterior, (42,5 milhões de sacas de café beneficiado), verifica-se um redução de
24,6% (10,4 milhões de sacas), a referida retração foi motivada pela redução de
26,8% (5,29 sacas/ha) na produtividade, passando de19,75 sacas/ha para 14,46
sacas/ha.

Os fatores que contribuíram para essa redução foram: a
bienualidade negativa no ciclo da cultura; a estiagem ocorrida entre março e
setembro, afetando a floração das lavouras e o excesso de chuvas nos meses de
dezembro 2006 e janeiro de 2007, o que propiciou o aparecimento de pragas e
doenças e prejudicou o combate as mesmas.

3.1 – MINAS
GERAIS

De meados de setembro de 2006 a fevereiro de 2007,
ocorreram chuvas freqüentes nas regiões produtoras de café. Em alguns casos
localizados, as chuvas foram consideradas excessivas, prejudicando a adoção de
tratos culturais, tais como: adubação e aplicações de defensivos, mas de maneira
geral, as precipitações pluviométricas foram consideradas favoráveis para o
desenvolvimento vegetativo das lavouras e formação dos grãos. As temperaturas
estiveram acima das médias históricas. Durante o mês de fevereiro as chuvas
praticamente cessaram . De março ao início de abril, ocorreram chuvas isoladas,
predominando céu claro, baixa umidade relativa do ar e temperaturas bastante
elevadas para este período do ano.

A produção estimada é de 14,4 milhões
de sacas de café beneficiado, inferior a produção da safra passada em 34,6% (7,6
milhões de sacas). Dentre as regiões pesquisadas, o sul e centro-oeste de Minas
apresentaram maior redução em relação à safra passada, 46,5% (5,6 milhões de
sacas), seguida pelas região do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste com 30,3%,
(1,3 milhão de sacas) e pelas as regiões da Zona da Mata, Norte de Minas/
Jequitinhonha/Mucurí, Rio Doce e Central, face suas peculiaridades produtivas,
apresentam as menores expectativas de quebra, ou seja, de 12,6% (0,7 milhões de
sacas).

Quando comparada ao levantamento anterior, limite superior,
verifica-se um incremento na produção de 2,0% (278 mil sacas), em razão do
incremento de 3,9% na área, devido principalmente aos levantamentos
georeferenciados realizados pelas cooperativas de produtores de café e da
reavaliação para menor na produtividade.

Minas Gerais destaca-se como o
maior produtor nacional de café com 44,8% da produção brasileira e primeiro
produtor de café arábica. Esta expectativa de quebra se baseia em um conjunto de
fatores, tais como: a bienualidade negativa; floradas de baixa intensidade; o
aumento da incidência de algumas doenças e os eventuais efeitos decorrentes da
restrição hídrica ocorrida no início do ano passado. Foram observadas floradas
extemporâneas a partir de
janeiro e fevereiro deste ano, mas de ocorrência
pouco significativa. Embora o assunto envolva controvérsias, alguns técnicos,
atribuem o fenômeno a distúrbios fisiológicos das plantas, decorrentes das
alterações climáticas ocorridas, principalmente com relação às altas
temperaturas observadas.

A maior parte das lavouras encontram-se na fase
de maturação dos grãos, com previsão para o inicio da colheita no final desse
mês de abril, onde o café é produzido em altitudes menores. Nos demais
municípios, os trabalhos de colheita deverão ter inicio na segunda quinzena de
maio, prolongando-se até meados de outubro.

3.2 – ESPIRITO
SANTO

A produção é de 8,7 milhões de sacas de café beneficiado,
desse total 81,5% ( 7,1 milhões de sacas), são robusta e 18,5% (1,6 milhão de
sacas), são de arábica. Quando comparada a safra anterior verifica-se uma
retração de 3,9% (347 mil sacas), a referida retração foi motivada pela queda de
18,9% (3,59 sacas/ha) na produtividade em função da bienualidade e das condições
climáticas adversas.

3.2.1 – Café Robusta

O
Espírito Santo, maior produtor nacional de café robusta, produzirá 7,1 milhões
de sacas de café beneficiado, produção essa, superior em 2,6% ( 181 mil sacas),
à safra anterior. A boa produção dessa safra deve-se as renovações das lavouras,
com matérias genéticos de maior potencial produtivo, (Conilon Vitória); bons
tratos culturais: adubações, poda, desbrota, combate de ervas daninhas adequadas
e irrigação.

3.2.2 – Café Arábica

A produção
estimada é de 1,6 milhão de sacas de café beneficiado, inferior a safra passada
em 24,8% (528 mil sacas). A mencionada redução é em função do fenômeno negativo
da bienualidade; dos fatores climáticos, principalmente a seca registrada nos
meses anteriores a florada, frio intenso e chuvas na florada, ocorrência de
vários florescimentos; seca e alta temperaturas no final da fase de enchimento
de grãos (fevereiro/abril). Cabe registrar, que o parque cafeeiro de arábica
apresentapotencial para aumento significativo da produção, necessitando
principalmente, de ser renovado, uma vez que em média encontra-se
envelhecido.

3.3 – SÃO PAULO


Estima-se uma produção de 2,6 milhões de sacas de café beneficiado para atual
safra. Quando compara a safra anterior (4,5 milhões de sacas), verifica-se uma
retração de 42,3% ( 1,8 milhão de sacas). A produtividade média é de 11,82
sacas/ha inferior a da safra passada em 43,9% ( 9,25 sacas/ha). A mencionada
retração é fruto da bienualidade negativa; estiagem acentua entre março e
setembro; excesso de chuvas em dezembro de 2006 e janeiro de 2007, o que
propiciou o aparecimento de pragas e doenças e impediu o combate as mesmas, bem
como a pratica de podas drástica (recepa) por boa parte do
produtores.

3.4 – BAHIA

A produção deverá ser de
2,0 milhões de sacas de café beneficiado, desse total 74,8% (1,5 milhão de sacas
), são de café arábica e 25,2% (0,5 milhão de sacas), são de café robusta. A
produtividade média da atual safra será de 21,35 sacas/ha, inferior a da safra
anterior em 7,3% ( 1,85 sacas/ha ).

Do total da produção da Bahia, as
regiões do cerrado, oeste da baiano, produzirá 22,5% (0,4 milhão de sacas de
café arábica); a do planalto (tradicionais), produzirá 52,3% (1,1 milhão de
sacas de café arábica), e a atlântico produzirá 25,2% (0,5 milhão de sacas de
café robusta). A produtividade média estimada é de: 35,69; 15,84 e 33,54
sacas/ha, respectivamente.

A queda na produção do Estado, acima
mencionada, é em função da prática de podas drásticas (recepa); aliadas ao menor
índice de ocorrência de floradas na região do planalto (tradicionais); o baixo
uso de insumos; aumento das áreas semiabondonadas; substituição do café pelo
eucalipto e a bienualidade negativa.

3.5 –
PARANÁ

Prevê-se uma produção de 1,9 milhão de sacas de café
beneficiado, com variação negativa de 17,5% em relação à safra anterior. A
produtividade média é de 18,66 sacas/ha, significando uma variação para menor de
16,7% sobre a da safra anterior. A redução da safra é em função da bienualidade
negativa e da pratica de poda drástica (recepa), apesar do clima favorável
aliado ao investimento e aos cuidados fitossanitários.

No geral do Estado
a produção colhida até o momento atinge 2% do total previsto, devendo se
estender até o mês de setembro nas regiões de maior altitude e localizadas ao
norte onde se concentra a maior área cultivada.

3.6 –
RONDÔNIA

A produção será de 1,4 milhão de sacas de café
beneficiado (100% robusta), superior à da safra anterior entre 14,3% (180 mil
sacas). O Estado participa na produção nacional com 4,5%. A produtividade média
é de 9,05 sacas/ha, significando crescimento 16,5%, quando comparado com a safra
anterior.

De acordo com a EMATER-RO, na safra em curso alguns produtores
estão adotando tecnologias e práticas culturais mais adequadas, como o controle
de pragas e doenças, calagem, adubação, irrigação, desbrota, as quais, têm
possibilitado a obtenção de elevadas produtividades e um produto de boa
qualidade. Há perspectiva de expansão da área de cultivo, em virtude,
principalmente, da elevação do preço do produto.

Baixe os Graficos Acesse aqui o estudo completo.





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