04/12/2006 14:12:06 –
Fundado em 1995, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) está entrando numa nova fase. A instituição pretende agora fomentar principalmente projetos de larga escala, cujo impacto vá além das comunidades onde são executados. Para isso, espera contar com a participação ativa das empresas.
O argumento para conseguir essa adesão não poderia ser melhor: a preocupação com o meio ambiente faz muito bem aos negócios.
Como parte dessa nova política, foi organizado em São Paulo, em novembro, o I Diálogos Sustentáveis, evento com o objetivo de engajar o setor privado na preservação da biodiversidade.
A idéia foi ter empresários falando para empresários sobre os benefícios decorrentes dessa preocupação, que incluem uma melhor relação com as comunidades e os consumidores.
Segundo ele, preservar a biodiversidade implica, de início, um conflito entre economia e conservação, pois o que está protegido não pode ser explorado.
E a estimativa é de que manter o conjunto de espécies existentes nos diferentes hábitats do planeta demandaria cerca de US$ 70 bilhões por ano. De acordo com Pedro, a saída para resolver o impasse entre a conservação e a economia é alterar a forma de produção, usando de forma sustentável a biodiversidade.
Quem conseguir manter o mesmo nível de satisfação do consumidor, só que com produtos menos impactantes, sustentando a biodiversidade. Os dirigentes de empresas dizem que estão sendo pressionados pelo mercado.
Uma inovação é, por exemplo, o regime de agrofloresta, uma forma de plantio feito em meio à floresta, sem a necessidade de colocá-la abaixo. É o que já acontece com a indústria do mate e com parte do café tipo exportação brasileiro.
São produtos como esses que, com a onda do consumo consciente, encontram um mercado cada vez mais forte.
O Funbio nasceu com uma doação inicial de US$ 20 milhões do GEF (Global Environment Facility), braço ambiental do Banco Mundial. Seu trabalho é ser um intermediário: uma vez com um projeto aprovado, ele sai a campo para obter recursos. Até agora, já são 62 projetos apoiados, num valor total de US$ 13 milhões. A maioria é “provocada”, ou seja, especialistas da instituição diagnosticam problemas ou necessidades em diferentes partes do país. Depois, desenvolvem propostas para conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Pedro diz que o Funbio está criando agora um modelo para trabalhar em grande escala, com o objetivo de mobilizar empresas a reduzirem os impactos de sua presença numa região: – Imagine se uma grande empresa resolvesse exercer suas atividades de maneira sustentável. Ela definiria seu território de influência e estabeleceria padrões ambientais a seus fornecedores, por exemplo, só comprando insumos de quem garantisse a origem etc.
Isso teria um impacto positivo maior do que cem projetinhos.
Entre os projetos apoiados pelo Funbio está o Monte Alegre, em parceria com a Klabin, no município de Telêmaco Borba, no Paraná. Preservando 87 mil hectares de floresta numa de suas fazendas, a empresa implantou um programa de fitoterapia usando plantas encontradas na propriedade. O laboratório de manipulação fabrica cerca de 30 produtos, que a equipe de saúde da companhia adota para tratar problemas de saúde mais comuns na comunidade. No ano passado, houve 40 mil atendimentos e a fitoterapia foi usada em 70% dos tratamentos. Do laboratório saem ainda 31 produtos cosméticos. O projeto apoiado pelo Funbio inclui a ampliação do herbário e a avaliação da viabilidade comercial dos produtos. O fundo desembolsou R$ 2 milhões e a contrapartida da Klabin foi de R$ 3,2 milhões. O Globo