Fazuoli recebe o Oscar da ciência brasileira

Por: Cibele Aguiar

Na noite da segunda-feira (12), em cerimônia realizada na Sala São Paulo, o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Luiz Carlos Fazuoli, foi homenageado ao receber o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Ciência Aplicada ao Campo 2005. O prêmio reforça a importância da pesquisa cafeeira nacional e traz o reconhecimento ao trabalho do pesquisador destacado pela integridade, humildade e capacidade de transformar o conhecimento científico em novas cultivares e tecnologia aplicada aos cafezais. Aclamado como o Oscar da ciência brasileira, além do troféu FCW, o pesquisador recebeu a maior premiação destinada à ciência no país, no valor de 100 mil reais.

Reconhecido como discípulo de Alcides Carvalho, maior cientista de melhoramento de café do mundo, Fazuoli faz justiça ao prêmio recebido. Especialista em Genética e Melhoramento do Cafeeiro e doutor em Biologia Vegetal, sua carreira é marcada por estudos que influenciaram a cafeicultura nacional, como a participação nas novas seleções de café Mundo Novo e na avaliação das cultivares Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo e Acaiá, que representam 90% da cafeicultura brasileira (cerca de quatro milhões de cafeeiros da espécie Arábica).

Pesquisador e diretor do Centro de Café Alcides Carvalho, do IAC, Fazuoli foi um dos idealizadores do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), participa da Comissão Técnica de Pesquisa (CTP) da Embrapa Café e foi por sete anos o coordenador do Núcleo de Genética e Melhoramento do Cafeeiro.

Querido e respeitado entre seus pares, Fazuoli teve a trajetória profissional avaliada pela comunidade científica e endossada por representantes das maiores instituições no campo da Ciência, entre elas, FAPESP, CAPES, CNPq, Academia Brasileira de Ciências (ABC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Carreira premiada

Figurar entre os vencedores do Prêmio FCW de Arte, Ciência e Cultura 2005, confirma o perfil do pesquisador Fazuoli, que segundo os representantes da Fundação Conrado Wessel, deve apresentar talento inovador, liderança, abrangência social, trabalho incansável, integridade e ética. O melhoramento genético do cafeeiro, foco de estudo do pesquisador, permite a introdução e manutenção da atividade em regiões onde o café é forte gerador de emprego e renda e o desenvolvimento de cultivares de porte baixo favorece o plantio adensado, com menor custo de manutenção e colheita. O desenvolvimento de cultivares resistentes a pragas e doenças, com diferenciais de sustentabilidade e economia para o produtor rural, com redução de riscos à poluição ambiental e à saúde dos agricultores também é foco de seus estudos.


Ciência no campo

Em 2000, a equipe de Fazuoli lançou três cultivares, Tupi e Obatã (resistentes à ferrugem) e Ouro Verde, de porte baixo e excelente qualidade de bebida. Ele também coordenou a seleção da cultivar Tupi RN, que será brevemente lançada e registrada pelo IAC, com resistência à ferrugem e ao nematóide Meloidogyne exígua. Em colaboração com a equipe de pesquisadores do IAC e Unicamp, Fazuoli participou do descobrimento do café naturalmente descafeinado, em três plantas de introduções da Etiópia. Esse trabalho foi publicado na revista científica Nature, em junho de 2004, com grande repercussão nacional e internacional.

Desenvolve ainda projetos para o melhoramento do cafeeiro Robusta, tendo identificado 50 plantas matrizes com elevada produção e qualidade da bebida. Participou da identificação de 13 clones de híbridos F1 do cruzamento de Catuaí Vermelho x Coffea canephora Robusta, denominados Arabusta, altamente produtivos, com resistência múltipla à ferrugem e ao nematóide Meloidogyne exígua. O material apresenta bebida superior ao café robusta, constituindo em um blend natural.


Trajetória

Nascido nas terras férteis de Jaborandi (SP), Fazuoli trabalha no IAC desde 1970, tendo integrado a equipe de Alcides Carvalho, tornando-se seu fiel discípulo. Aluno da turma de 1969 da Esalq, defendeu sua tese de doutorado sobre as cultivares Icatu Vermelho, Icatu Amarelo e Icatu Precoce, cujo desenvolvimento também teve efetiva participação do pesquisador. Seu nome figura em 90 artigos científicos publicados em periódicos, 201 resumos em congressos e simpósios, 13 capítulos de livro e 79 produtos tecnológicos, sendo 64 cultivares de cafés registrados no Sistema Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC). Seu talento não se limita à instituição a que pertence, mas seu conhecimento é dividido entre jovens que se especializam sob sua orientação.


Para a história

A partir de agora, Fazuoli terá seu nome entre os cientistas brasileiros premiados pela Fundação Conrado Wessel, organização sem fins lucrativos, que incentiva atividades educativas, culturais e científicas. A Fundação cumpre o desejo de seu idealizador, Ubaldo Conrado Augusto Wessel, que deixou um patrimônio dedicado à filantropia, ao progresso da ciência e valorização da cultura. Conrado Wessel foi o criador da primeira fábrica brasileira de papel fotográfico, resultado de anos de pesquisa, que mais tarde renderia uma lucrativa parceria com a Kodak.


A cerimônia

A entrega dos Prêmios FCW de Arte, Ciência e Cultura 2005 foi realizada na maior sala de concertos da América Latina, a Sala São Paulo, do Complexo Cultural Júlio Prestes (antiga estação de trens da Estrada de Ferro Sorocabana). Entre os agraciados, Wanderley de Souza (Ciência Geral), José Galizia Tundisi (Ciência Aplicada à Água), Aziz Nacib Ab´Sáber (Ciência Aplicado ao Meio Ambiente), Adib Domingos Jatene (Medicina), Fábio Lucas (Literatura) e os fotógrafos Maurício Salomão Nahas Filho, Andréas Christoph Heiniger e Gustavo Rodrigues de Lacerda (Fotografia Publicitária). A cerimônia foi finalizada com o concerto do pianista internacional Arnaldo Cohen.


DEPOIMENTOS:



Mis mas sinceras feliciitaciones al gran amigo y admirado investigador que es Luiz Carlos Fazuoli. Tengo el honor de conocer su trayectoria desde los años 70s cuando tuve la oportunidad de trabajar junto al Dr. Alcides Carvalho en el IAC, estuduiiando la resistencia horizontal a la roya del cafeto. Desde entonces Luiz Carlos ya se proyectaba como el gran heredero de la labor incansable del Dr. Carvalho. Las contribuciones de Luiz Carlos a la ciencia del cafe seguramente que han permitido que el Brasil siga siendo el lider mundial en ese cultivo. Felicitaciones a el y a su familia.

Gabriel Cadena
Director CENICAFE-Colombia


 


Gostei muito da matéria com o Dr. Fazuolli, como também do bem merecido prêmio que ele recebeu em uma das vindas dele por Rondônia mas precisamente na região de Ouro Preto do Oeste e Ji-paraná estive acompanhando ele, deveras ele é mesmo uma sumidade, na ocasião esteva acompanhando ele também o Dr Veneziano da Embrapa um grande amigo nosso, e grande conhecedor do Café de Rondônia


 


José Iovan Teixeira (Vando)


Consultor e membro do sindicato do café de Rondônia


 


 


Embora convidado, infelizmente não pude estar presente à cerimônia de entrega do prêmio ao Dr. Fazuolli, no mesmo dia (e mesma hora!) estava discutindo em Belo Horizonte questões relativas à Política de Ciência no agronegócio no Brasil.


 


O Dr. Fazuolli  é um exemplo claríssimo de como outros cientistas (não estou me referindo só aos cientistas do agronegócio, mas principalmente aos ligados ás outras áreas do conhecimento “estudo muito este assunto!”) poderiam fazer para arrancar o Brasil do subdesenvolvimento tecnológico, ou seja, transformar conhecimento científico (área em que somos reconhecidos no exterior) em produto (inovação tecnológica) ha muito reclamado pela sociedade brasileira,


 A competição que se estabelece lá fora hoje, e que vai se acentuar mais ainda nos próximos anos, está toda ela baseada na economia do conhecimento. Os cientistas da Coréia do Sul (só para citar um exemplo de país), fizeram com sua industria, o que o Dr Fazuolli, tem feito com a economia do café. Não compete ao nosso produtor  saber (nem teria condições técnicas para isso) quais fatores genéticos estão associados ao bom desempenho quantitativo e qualitativo em um pé de café.. O Dr Fazuolli e sua equipe do IAC vêm fazendo esse trabalho com muita competência e dedicação.!!!!


Os bilhões de dólares que o País arrecada todos anos com a exportação do produto tem tudo a ver com o esforço dessa equipe do IAC, assim  como o esforço de outros pesquisadores que também têm dedicado sua inteligência ao café nesse Brasil afora, como em Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. Parabéns à Revista pelo destaque dado à matéria!


 


Luiz Moricochi


Consultor de política de ciência e tecnologia


 

 


“É um orgulho para a Secretaria de Agricultura ter em seus quadros um pesquisador recebendo um prêmio desta envergadura. Isso vem comprovar que o melhor da Secretaria são seus recursos humanos, bem representado por Luis Carlos Fazuoli”.


Alberto José Macedo Filho
Secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de São Paulo



 

“É uma honra participar de uma homenagem a um ilustre pesquisador de café que faz parte da equipe do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, administrado pela Embrapa Café. É uma justa homenagem pelos trabalhos que presta à cafeicultura. Os novos pesquisadores têm no Fazuoli o norte, uma meta a ser atingida. Ele engrandece o Consórcio e a pesquisa cafeeira”.

Roberto Proença Passarinho
Gerente Adjunto Técnico da Embrapa Café

 


“Ter um pesquisador da Casa premiado certamente é extensivo à Instituição. Foi no IAC que Fazuoli encontrou o ambiente de pesquisa adequado, com recursos humanos, infra-estrutura e base científica para seus estudos. Esse prêmio é um incentivo aos jovens pesquisadores para dar continuidade aos trabalhos já imortalizados por Fazuoli. Como ele é um continuador do Dr. Alcides Carvalho, existirão os discípulos do Fazuoli. Esse continuar da ciência é que imortaliza os pesquisadores”.

Orlando Melo de Castro
Diretor geral Instituto Agronômico de Campinas – IAC



 

“Fazuoli é um batalhador do café há muitos anos. O prêmio é muito importante, pois geralmente não se dá valor aos pesquisadores brasileiros. Nós dobramos a produtividade da cafeicultura com a contribuição da pesquisa e o Fazuoli representa, na oportunidade, todo esse esforço. Fazuoli premiado, todos nós somos premiados.”

Luiz Marcos Suplicy Hafers
Cafeicultor – Presidente da Sociedade Rural Brasileira de 1996 a 2002


 


 


“É um reconhecimento ao talento do pesquisador. Fazuoli pode agradecer feliz a Deus por ter o dom do conhecimento em benefício de todos”.


Antonio Ambrósio Amaro
Diretor geral Instituto de Economia Agrícola

 



“O Fazuoli é um companheiro de muitos anos de pesquisa, desde os tempos do Dr. Alcides Carvalho. Tenho orgulho e honra de ter tido trabalhos de pesquisa com esse pesquisador que tem uma história de vida, luta, dedicação e amor ao café”.

Aldir Alves Teixeira
O consultor científico da illycaffè e presidente da Assicafé (Assessoria e Consultoria Agrícola)


 


 


“Os jovens devem se mirar no Fazuoli como incentivo à pesquisa cafeeira. O prêmio denota um reposicionamento e um destaque para o café, com um nível de projeção que reforça a importância da cultura e da pesquisa”.


Carlos Henrique Brando
P&A Marketing Internacional, um dos principais idealizadores do Programa de Marketing Cafés do Brasil


 

“Existe todo um histórico anterior ao prêmio e Deus queira um histórico posterior que venha confirmar a consagração da pesquisa cafeeira, feita com muito patriotismo. A grande mensagem deste prêmio está na promoção do café e da pesquisa científica”.

Herculano Penna Medina Filho
Vice-diretor do Centro de Café Alcides Carvalho – pesquisador científico do IAC


“É uma alegria participar desta justa e oportuna homenagem a um pesquisador que dedicou a vida à pesquisa cafeeira, com simplicidade, humildade e carinho. Às vezes, parece até simples demais, mas, quando é instigado a dar a sua opinião sobre café, ele demonstra que seus conhecimentos têm profundidade”.

Hélio Casale
Cafeicultor e consultor de café


“Sou até suspeito para falar, pois desde que comecei o cultivo de café em Ouro Fino, há 45 anos, eu vivo na sessão de genética e melhoramento do cafeeiro, recebendo sementes de café e me atualizando com as pesquisas. Fazuoli teve paciência, humildade e carinho para continuar o trabalho do Dr. Alcides”.

José Peres Romero
Cafeicultor, autor de diversos livros com o tema café, entre eles: “Cafeicultura Prática”, idealizador e responsável pela editora Ceres.

 



“Esse prêmio é muito merecido. O Fazuoli consegue reunir a simplicidade, humildade e capacidade de dividir seu conhecimento com outras pessoas. Sua dedicação está sendo reconhecida com este prêmio, que valoriza também a cafeicultura e toda a sua amplitude social e econômica ao país”.

Benedito Roberto Staut
Diretor da Café Brasil – Alfenas


 

“Esse prêmio é um orgulho para o Centro de Café Alcides Carvalho, para o Instituto Agronômico e para todo o agronegócio brasileiro. Fazuoli ser homenageado entre outras personalidades brilhantes como Adib Jatene, Aziz Ab´Saber, José Tundisi é um orgulho para a classe agronômica e todos os envolvidos com a cultura do café. Um discípulo do Dr. Alcides Carvalho, só podia ser uma pessoa excepcional”.

Roberto Antônio Thomaziello
Consultor e extensionista do IAC


 




 


“Fazuoli é uma personalidade importante para a cafeicultura, é querido entre os produtores e os membros do GTEC, grupo de discussão técnica que participa. Fazuoli merece o respeito de todos que trabalham com a cafeicultura”.


Marcos Roberto Dutra
Fitopatologista e suporte técnico da Syngenta

 


“Além da capacidade técnica e cientifica incontestáveis, Fazuoli tem um carisma encontrado em poucas pessoas. Com uma visão global do agronegócio café, ele ensina a nós, pesquisadores mais novos, a importância de se buscar produtos e soluções que realmente cheguem ao cafeicultor”.

Sérgio Parreiras Pereira
Pesquisador científico do IAC


Cibele Aguiar
Embrapa Café
c.aguiar@uol.com.br





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