Colheita estimula floração e ramificações em cafeeiros no cerrado mineiro – Por Prof. José Donizeti Alves

Botões florais em cafeeiros de sequeiro após a colheita. (Foto: Diego B. Rocha, C00PADAP)

Cafeicultores da região do cerrado mineiro, notadamente em Rio Paranaíba e São Gotardo, vem observando em lavouras de sequeiro de segunda safra, emissões de botões florais e de ramificações terciárias na região do nó onde foram colhidos café (Figura acima).  

     

No início do ano, publiquei o artigo “Floração em janeiro: cafeeiros com relógio biológico desajustado” explicando as causas da anormalidade fisiológica que na época, estava assustando os cafeicultores (http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=77923).  Essas floradas, infelizmente, continuaram a ocorrer durante todo o primeiro semestre desse ano. Curiosamente, todas as lavouras que floresceram foram de época estavam vigorosas, bem enfolhadas e com bom aspecto sanitário e nutricional. A causa fisiológica dessas floradas atípicas, foi atribuída ao excesso de energia produzido pelas plantas em resposta a um ambiente alternado de estiagem e chuva, associado à altas temperaturas (Figura 2). Essas alternâncias induzem o crescimento de botões florais e floração, por conta de déficits hídricos em nível celular, muitas vezes imperceptíveis pelo cafeicultor, uma vez que não se observa murcha de folhas.  

 

 

Figura 2. Media de precipitações, temperaturas médias e atuais na região do cerrado mineiro. (Willie Cintra, Syngenta).    

O aparecimento de botões florais no início desse mês de junho, mostra que o reajuste do relógio fenológico iniciado em janeiro, provocando floradas atípicas em lavouras de alta performance, não foi “desligado” naquela época do ano e continua a operar até então, induzindo novas floradas. No caso atual, a colheita se apresentou como uma nova variante adicionada ao processo de indução de floradas fora de época e que pode assim explicada: calor constantemente acima da média histórica e chuva acima de 100 mm no final de maio, seguida por um curto período de estiagem  (http://sismet,cooxupe.com.br:9000/) e na sequência, o estresse da colheita iniciada em 06 de junho, disparou o gatilho da síntese de etileno no local das rosetas e induziu o crescimento de botões florais já diferenciados e ramificações terciárias nas seções dos ramos onde foram colhidos os frutos.

Essa hipótese pode ser reforçada pela permanência, até hoje, das mesmas condições climáticas observadas na figura 2, acrescidas de baixas temperaturas noturnas. Desse modo, a conjunção dos fatores, vigor vegetativo da lavoura, chuva/estiagem, amplitude térmica e estresse da colheita, explica as emissões de botões florais e ramificações terciárias nessa época do ano.

Quanto aos efeitos desses fenômenos na produção de café, é muito provável que, devido as baixas temperaturas noturnas que já estão ocorrendo e à onda de frio que que vai avançar nesta semana (Fonte: Climatempo), esses botões não vinguem e caso isso aconteça, os chumbinhos venham a cair. A boa notícia é que, a depender da abundância das ramificações terciárias que foram lançadas nessas lavouras, a próxima safra poderá contar com um número extra de nós produtivos.

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