As restrições japonesas aos resíduos de defensivos agrícolas poderão afetar as exportações de café do Brasil.
O país, quarto maior comprador de café brasileiro, representou cerca de 10% da receita cambial obtida no ano passado com as vendas externas de café (US$ 233 milhões). Desde o último dia 29, 10% das cargas de produtos agropecuários são inspecionadas pela vigilância sanitária japonesa que busca resíduos de 758 substâncias.
Segundo as regras, após três violações detectadas em um mesmo produto, as compras do país de origem serão canceladas. Para o café, foram proibidos os resíduos de dois princípios ativos: Azocyclotin e Cyhexatin, presentes em acaricidas; além de impostos limites máximos residuais de cerca de cem outras substâncias.
No caso dos acaricidas utilizados, a região mais atingida é o Cerrado, que responde por quase metade dos embarques com destino ao Japão. As demais substâncias, que compõem outros agrotóxicos, como fungicidas e inseticidas, podem afetar a todos os cafeicultores. Para o diretor do Conselho do Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, o Brasil já está mobilizado para enfrentar a situação. “Já temos um laboratório credenciado que pode analisar amostras de café antes de ser embarcado para o Japão”, afirma ele.
O laboratório certificado pelo Mapa é o Quimiplan, do Espírito Santo. Safra ‘Estamos preocupados com a situação, pois muitas das substâncias proibidas podem ter sido utilizadas na última safra’, diz o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli. Segundo ele, o Japão é também um dos mercados que paga melhores preços ao grão brasileiro. O gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. (Cooxupé), Joaquim de Andrade, acrescenta que para o caso do ácaro da leprose, as duas substâncias proibidas são praticamente as únicas que possuem registro na cultura do café para o controle da praga. ‘Neste caso, o Ministério da Agricultura terá de autorizar o uso de outros acaricidas que não contenham os elementos proibidos’, diz Goulart de Andrade.
O setor vai tentar com as autoridades japonesas barrar as restrições. Para isso, se reunirá com representantes da indústria de agrotóxicos solicitando que, com embasamento técnico, mostrem aos japoneses que não é preciso impor esses limites ou, em caso contrário, apontem alternativas de uso a esses elementos químicos.