Em uma guerra de moedas, Draghi tenta evitar uma maior valorização do Euro dado que os Estados Unidos têm sido lentos no ajuste da política monetária.
Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), surpreendeu os investidores com seu discurso moderado estendendo a compra de títulos pela entidade até setembro de 2018, seis meses adicionais do que estava “programado”.
Em uma guerra de moedas, Draghi tenta evitar uma maior valorização do Euro dado que os Estados Unidos têm sido lentos no ajuste da política monetária. Dentro deste assunto o mercado especula quem será o próximo presidente do FED, Jerome Powell, que deve manter a linha de Janet Yellen, ou John Taylor, com perfil direcionado para uma acomodação mais rápida do custo do dinheiro americano.
O índice do dólar respondeu rapidamente à extensão do afrouxamento do BCE subindo para o mais alto patamar desde julho último, ou uma apreciação semanal de 1.18% (pouco para nossos padrões, não é?!).
O Real Brasileiro, este sim, teve uma volatilidade “corajosa”, oscilando “respeitáveis” 3.5% em cinco dias, sendo que nas duas últimas sessões o movimento do intraday foi de mais de 2%!!
Para contrariar os modelos matemáticos, o índice de commodities CRB não cedeu, mesmo com a valorização do dólar frente à cesta de moedas do DXY (dollar index), buscando os níveis mais altos desde abril. Até o café em Nova Iorque ignorou a fraqueza do Real e do Peso Colombiano, encerrando a semana em alta.
Antes do arábica subir na sexta-feira o contrato de dezembro testou o menor nível desde junho, negociando a US$ 122.85 centavos por libra-peso, na terça-feira, quando os fundos registraram um novo recorde de posição líquida-vendida, apontada no Commitment of Traders.
Os operadores de café sabem o quanto o mercado gosta de torcer o braço de quem acha que conhece algo da commodity. O relatório dos comitentes da semana passada dava e impressão de que o contrato “C” subiria logo na segunda-feira e quem apostou nisto ficou assustado em ver a falta de reação dos preços.
Notícias de chuvas abundantes parecem ter influenciado uma tomada de lucro, sem contar com o quadro técnico (gráfico) negativo, as moedas e a abertura (barateamento) do spread que sempre joga contra a teoria econômica de ficar comprado nesta matéria-prima (o arábica, no caso).
O fato é que o exagero na queda do real, exacerbada pela votação no congresso da aceitação ou não do processo contra o presidente Michel Temer, deu munição para a pressão vendedora no café. A moeda deve firmar de novo pois além de Temer sempre se mostrar um “mestre” na arte de aglutinar apoio nos bastidores, com Rodrigo Maia “jeitosamente” orquestrando um discurso pró-reformas, os investidores devem voltar a apostar no Brasil, valorizando o Real, graças também ao farto volume de recursos circulando pelo mundo – para ilustrar vale lembrar que em 2008 os balanços dos três maiores banco centrais do mundo, o FED, o BCE e BoJ, respectivamente EUA, Europa e Japão, eram de um total de 4 trilhões de dólares e hoje estão em 14 trilhões de dólares – bastante dinheiro para ajudar nosso país.
O fluxo no mercado físico melhorou, tanto internamente no Brasil com a demanda da indústria local, quanto em alguns negócios reportados no FOB. A disponibilidade de cafés brasileiros de qualidade no spot deve naturalmente trazer um maior interesse de quem não tem um livro confortável, muito embora a cobertura não é tão ruim para o primeiro trimestre do ano.
O retorno das chuvas no Brasil parece já estar precificado, assim como uma safra ao redor de 60 milhões de sacas, como comentei na semana passada. Resta agora esperarmos para os ajustes.
O momento positivo para as commodities, uma recuperação do Real e o posicionamento dos fundos devem dar folego para um rally em Nova Iorque. O fechamento acima da média-móvel de vinte dias faz do próximo objetivo o gap deixado a 130.05 e depois o 134.05, antes de tentar ganhos maiores
Acredito que o potencial de correção de alta no curto-prazo é ajudado também por uma disponibilidade ainda tímida de café na Colômbia e América Central.
A manutenção dos ganhos não precisa necessariamente ser descartada, pois se por um lado o mercado tem feito máximas menores desde o começo do ano, as mínimas mais baixas de agosto para cá tem sido mais estreitas e exigido uma venda mais agressiva dos fundos, que mesmo assim não levaram as cotações abaixo de US$ 120.00 centavos.
Podemos já ter visto as mínimas no ano, desenhando um novo intervalo possa buscar até os US$ 150.00 centavos por libra.
Será muito otimismo meu?
Uma ótima semana e bons negócios a todos,