29/08/2014
Thais Fernandes / CaféPoint
O Brasil é o maior produtor de café do mundo. Mas, para Américo Takamitsu Sato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o fato de sermos uma potência em quantidade de exportação, gerou desinteresse em investir na qualidade. “Hoje, falam que o melhor café do mundo é colombiano. Na verdade nós também temos café de qualidade, entretanto, não se levanta essa questão”, exemplifica Sato.
Buscando essa valorização, a Abic lançou nesta terça-feira (26/8) uma campanha para comemorar os 25 anos do Selo de Pureza da instituição, que certifica marcas de café nacional quanto a pureza de seus produtos. O investimento também pretende atingir novos públicos com o slogan “Tudo que é Puro é Melhor”, e pontuar a qualidade do café em questão. A campanha deve circular na televisão, no rádio, em revistas e na web a partir de 1º de setembro.
Segundo o coordenador do comitê de Marketing da Abic, Manoel Felisberto Cruz e Assis, não houve apoio de outras instituições. “O setor varejista, hoje, sente que precisa esclarecer o consumidor sobre o porquê das diferenças de preço, explicar que existe o café de maior qualidade e os cafés tradicionais, de preço mais baixo. O próprio consumidor agora se faz essas perguntas. Entretanto, os demais seguimentos da cafeicultura, ainda não se conscientizaram da importância disso”, argumenta Sato.
A questão do marketing se estende, ainda, aos recursos governamentais para a cafeicultura. De acordo com a Abic, foi sugerido que fossem destinados, pelo menos, R$ 15 milhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para pesquisas e marketing. Até o momento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que foram anunciados R$ 913,115 mil para o marketing e a propaganda e R$ 6,5 milhões ao Programa de Pesquisa do Café, dentro dos R$ 2,867 bilhões disponibilizados, até agora, para repasse em recursos do Fundo.
Para Américo Sato, o problema é que os responsáveis pelo Funcafé entendem que divulgação é tarefa do governo. “O marketing não recebe atenção”, explica Sato. “As pessoas que gerem esse recurso entendem que ele não pode ser usado para fundo perdido, como classificam pesquisas e marketing, mas sim para empréstimos”, comenta.