Produção orgânica reduz impacto sobre solo, água e biodiversidade

05/06/2013 
  
 
 
08H52
ANDREA VIALLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULO


Quando passou a viver em um sítio encravado na Serra da Mantiqueira, em Amparo, interior de São Paulo, Guaraci Diniz nada sabia sobre agricultura. O ano era 1985, e ele, que herdara a terra, só buscava a subsistência da família, produzindo café e leite.


Diniz teve contato com os fundamentos da agricultura orgânica e descobriu que resolveria a falta de água no inverno se mudasse seu modo de produção. Recuperou o solo, replantou as matas ciliares, abriu mão de agrotóxicos e adubos químicos.


Hoje já não falta água no Duas Cachoeiras, assim batizado em razão da abundância que brota de quatro nascentes. O sítio é referência em produção de base ecológica.


“A agricultura orgânica é melhor para o ambiente por considerar a propriedade um sistema vivo e respeitar o ecossistema”, diz Diniz, que é presidente da Associação da Agricultura Orgânica.


A substituição de adubos químicos por naturais reduz a contaminação do solo e da água. A opção pelo controle biológico de pragas restaura a biodiversidade local.
Outra prática comum é plantar várias culturas numa mesma propriedade, respeitando a presença dos remanescentes de florestas, sistema conhecido como agroflorestal. Em oposição à monocultura, isso ajuda a aumentar a biodiversidade.


O sítio de Diniz preserva remanescentes de mata atlântica, ao mesmo tempo que produz feijão, milho, girassol, mandioca, arroz, hortaliças, mel e lã oriunda da criação de ovelhas.


Outro aspecto positivo diz respeito à questão social. “Como 80% da produção é feita pelas mãos da agricultura familiar, optar por esse tipo de alimento ajuda a fixar famílias no campo”, diz Elaine de Azevedo, nutricionista especializada em orgânicos.


Segundo ela, a ideia de que comer sem agrotóxicos faz bem à saúde é consenso, mas é preciso ampliar essa noção. “Os orgânicos não fazem bem só à saúde do indivíduo, são bons para a saúde do ambiente.” 

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