Os números oficiais de safra do Brasil divulgados nesta semana foram recebidos com neutralidade pelo mundo cafeeiro, segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil C. Barabach. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) projeta safra recorde em 2012, colocando a produção nacional no intervalo entre 48,97 a 52,27 milhões de sacas de 60 quilos. Já o IBGE apontou safra de 50,10 milhões de sacas para o mesmo período.
Segundo Barabach, as projeções confirmam uma safra grande, mas afastam a ideia de supersafra, desarticulando hipóteses de produção de 60 milhões de sacas que servia de justificativa para a intensificação do movimento corretivo, que ganhou forma ao longo do segundo semestre de 2011. Estoques baixos, avanço do consumo e carência de qualidade norteiam os cenários e contribuem para o panorama fundamental positivo do café.
A partir dessa revisão fundamental, o mercado estabeleceu fundo acima de 220 centavos de dólar por libra-peso no vencimento março na ICE Futures em Nova York. E o que impede um avanço mais consistente é justamente o turbulento quadro financeiro internacional. O panorama de crise mundial tira força dos mercados e limita avanços, frustrando o potencial fundamental. Prova disto é que bastou uma relativa calmaria financeira para que o café soltasse as rédeas e subisse de forma mais sólida, superando a linha de US$ 230 cents/lb.
Dentro do traçado altista, caminha em direção ao patamar de US$ 240 cents/lb, que marca justamente o extremo superior do canal lateral que há tempos delimita a atuação no mercado de café. Com isso, os comprados somam algumas vitórias. A primeira é reverter o rompimento negativo do canal e sustentar o suporte em US$ 220 cents/lb. Também comemoram o afastamento do fundo em direção ao topo do canal. A redenção viria justamente com o rompimento dessa resistência, o que provaria a retomada efetiva da trajetória altista.