FRIO E FOTOS ASSUSTAM O MERCADO Por Rodrigo Costa

O parlamento grego aprovou novas medidas de cortes de gastos e aumentos de impostos, conforme prometido pelo seu primeiro-ministro, e com isso assegurou acesso a mais recursos do pacote de ajuda desenhado pelo FMI e pelo Banco Central Europeu. O resultado foi a recuperação das bolsas nos últimos cinco dias, assim como o enfraquecimento do dólar, com o investidor demonstrando menor receio com a região do Euro (pelo menos por enquanto…)


Índices de produção de manufaturados nos Estados Unidos também animaram o mercado acionário na sexta-feira, o que foi um bom começo para a segunda metade do ano depois de um primeiro semestre volátil onde os ganhos se concentraram nas bolsas das economias mais ricas do planeta.


Os três principais índices de commodities tiveram resultados diferentes de janeiro a junho, com o GSCI subindo5.86%, seguido pelos ganhos de 1.17% do CRB, e perda de 3.41% para o DJAIG. Individualmente a gasolina teve a maior alta, 23.58%, seguida pelo mercado de suíno-magro que subiu 18.37% e em terceiro o óleo de aquecimento com ganhos de 15.29%. Do lado de baixo o maior perdedor foi o trigo com queda de 26.38%, o açúcar com baixa acumulada de 11.71% e a soja com perdas de 6.28%.


O café futuro em Nova Iorque subiu 10.43% nos seis primeiros meses de 2011, 17.82% em Londres, e 17.39% em São Paulo, sendo que apenas nos últimos cinco dias a recuperação foi de 5.25%, 6.60% e 4.33% respectivamente.


Como mencionamos no comentário da semana passada, o mercado estava dando sinais de que poderia reverter parcialmente as baixas em função dos fundos estarem com uma posição vendida estimada em 12 mil contratos, e também por causa da figura técnica ter demonstrado um suporte mais confiante. Entretanto o que mais ajudou a puxada dos preços na semana foi o frio no Brasil, que andou queimando algumas poucas lavouras (segundo nossas fontes), mas que as fotos tiradas de algumas árvores que foram atingidas se multiplicaram rapidamente pela internet.


O fato é que nenhum instituto de meteorologia tinha previsto isto, e há mais uma frente fria para a semana que vem. Com o feriado em Nova Iorque na segunda-feira dia 4 de julho (em comemoração do Dia da Independência dos Estados Unidos), os vendidos ficaram desconfortáveis com suas posições e resolveram cobrir parcialmente seu risco. Outros especuladores decidiram ficar comprados, e isto em um ambiente em que as vendas de origens foram retraídas ou canceladas, permitindo uma alta significativa.


O volume de negociação foi na verdade abaixo da média, mas os preços melhores dos terminais permitiram uma boa movimentação do mercado físico, com os diferenciais cedendo levemente. Mesmo assim a arbitragem entre BM&F e ICE continua em apenas um dígito negativo, e vendas no FOB ainda encontram compradores com interesse longe dos níveis de preço que se alinhem com o custo de reposição – fato que os altistas usam como argumento para apostar na continuação da alta.


Tecnicamente Nova Iorque pode subir um pouco mais, para provavelmente encontrar novas resistências próximas a US$ 270 centavos por libra peso, que creio ser o topo do intervalo que veremos o café negociando por algum tempo 240 / 270). Mas não custa lembrar que se a alta foi puramente provocada pelo receio de riscos de perda de produção no Brasil por causa do frio, e caso isto não venha se confirmar na terça-feira com boletins climáticos indicando temperaturas mais quentes, os compradores que estão apostando em novos ganhos virarão vendedores novamente.


Para os produtores que precisam gerar caixa no curto-prazo é bom aproveitar a oportunidade.


Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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