Na cafeicultura a preocupação pelo aumento do grau de competitividade é uma constante, exigindo cada vez mais dos produtores maximização de sua lucratividade através de iniciativas referente ao incremento no índice de produtividade, melhoria da qualidade do produto e medidas para redução dos custos.
Esta preocupação se torna mais evidente, quando os preços de comercialização do café se encontram num patamar inferior, diminuindo em muito a margem de lucro, comprometendo a aquisição de insumos e a execução dos serviços.
É nesse momento crítico, que a garantia de viabilidade da exploração exige um planejamento e controle consistente das atividades, tendo como base a execução de uma programação tecnológica e financeira de manutenção mínima, considerando os recursos existentes e aliando-se a um eficiente processo de comercialização.
Verifica-se uma tendência natural de se aumentar a produção de café através de maior obtenção de rendimento por área plantada, respaldadas pela adoção de tecnologias como uso de variedades promissoras, espaçamentos adensados, dobra da lavoura, aplicação de insumos e utilização da irrigação. Este incremento na produtividade só se consegue com a aplicação de técnicas adequadas ao sistema de produção, geradas ou adaptadas pela pesquisa, exigindo a compatibilidade das condições do produtor e de sua lavoura. Além disso a familiaridade de se efetivar as práticas normais de condução da lavoura, aliada ao conhecimento das características fisiológicas da planta, se constituem elementos fundamentais no reforço do alcance deste objetivo.
Atualmente com evidências das pressões dos mercados interno e externo do café, influenciando numa exigência maior de sustentabilidade das unidades produtoras, considera-se prioridade a busca pela melhoria dos índices de qualidade da produção, principalmente a nível de pequena propriedade, a qual responde pela maior participação no sistema produtivo. A urgente necessidade de melhorar em muito a qualidade do produto, consiste no fato de correr o risco de em curto espaço de tempo se perder mercado, caso não seja adotada nenhuma estratégia em prol desta conscientização e de realização de ações práticas nas unidades de produção.
É preciso levar em consideração que esta meta é dependente também da correta implantação da lavoura, adequada execução de manejo, ajustado sistema de colheita e afinado preparo e beneficiamento do produto. Com evidência tem sido observado que na etapa final do processo produtivo, existe a necessidade de se incrementar maior aprimoramento.
A antecipação da colheita é uma decisão não recomendável, que alguns produtores e meeiros o fazem por estarem muitas vezes despreparados e descapitalizados, realizando com pressa a venda do produto até mesmo antes da colheita, por necessidades financeiras e por compromissos assumidos com atravessadores. Esta colheita forçada e precoce acontece antes dos grãos completarem seu ciclo de maturação, sendo colhidos boa porcentagem de frutos verdes, que contribuem para apresentação de muitos defeitos, baixando o padrão e desqualificando o produto. A colheita deve portanto ser efetuada quando os grãos estiverem com porcentagem em torno de 95% maduros.
Procedimentos errôneos muitas vezes são adotados, como misturar frutos colhidos em diferentes fases de maturação, deixar o café colhido amontoado na lavoura fermentando e não recolher os grãos que ficaram na planta e no chão contribuindo para aumentar a proliferação da broca do café.
O despreparo continua colocando o café para secar em terreiro de chão batido, deixando amontoado sem proceder a devida reviração e até fazendo o depósito da produção em embalagens e tulhas não recomendáveis, comprometendo a qualidade do produto e prejudicando sua comercialização.
O preparo do café será melhor realizado por via úmida, cujo processo contribui para uma boa separação de grãos e maior eficiência na operação de secagem, quer seja em terreiro de cimento ou secador. O beneficiamento do produto juntamente com o conhecimento de sua classificação, possibilitarão a credibilidade de maior valor de venda.
A atenção para com a racionalização no uso dos fatores de produção, tendo o máximo de aproveitamento, pode influenciar na redução dos custos. Espaçamentos adequado das plantas e manejo apropriado do solo, através do recurso da mecanização, permitirão melhor uso e conservação da terra com influências na economia de capital e serviços. A realização de levantamento e análises prévia do solo e das plantas, indicarão a recomendação correta da aplicação de defensivos e fertilizantes cujos recursos serão priorizados para sua aquisição, devendo-se fazer pelo menor preço através da pesquisa de mercado ou compra de forma associativa. Os serviços deverão ser planejados e melhor alocados, havendo um direto acompanhamento na execução das atividades, contribuindo para maior eficiência e menores despesas.
O processo de comercialização do café tende a ser induzido, conforme a situação que se encontra o produtor, implicando em externar seu interesse maior pela rentabilidade, liquidez ou garantia. Para uma comercialização eficiente é preferível que o produtor não venda seu produto de imediato, devendo o mesmo fazer um estudo de venda, se informando dos atuais mecanismos de comercialização e das alternativas de preços, constituindo grupos para venda conjunta, acompanhando as oscilações do mercado e analisando os riscos que poderão correr, para então escolher a melhor época de vender. Uma pequena reserva financeira estratégica, evitará que o produtor entregue seu produto num momento inoportuno a preços baixos.
Esforços devem ser evidenciados, no sentido de tornar a cafeicultura mais rentável, possibilitando a capacidade de maximizar os lucros, mesmo quando o preço estiver em baixa, como vem ocorrendo ultimamente. Entretanto em época de queda drástica de preço por qualquer outro motivo, deve existir a conscientização do cafeicultor em procurar mesmo com recurso limitado, executar algumas práticas culturais básicas de manutenção, como a poda de condução, o manejo das infestantes e o controle de pragas e doenças, com o objetivo de manter a lavoura em condições mínimas, para quando o mercado reagir, o rendimento de sua lavoura não esteja totalmente comprometido.
Julio Cesar Freitas Santos/Pesquisador Fitotecnista
Embrapa Café/Epamig Patrocínio