ARRUAÇÃO QUÍMICA NA LAVOURA CAFEEIRA

A arruação é uma operação que consiste na limpeza da área sob a copa dos cafeeiros, puxando os resíduos vegetais, terra e pedra para o centro da rua, com o objetivo de facilitar o recolhimento, sem impurezas, dos frutos que caem antes da colheita e dos frutos que serão derriçados no chão no momento da colheita. A esparramação consiste na operação inversa da arruação, que tem o objetivo de desmanchar as leiras formadas por todos os materiais arrastados pela arruação. Essas duas operações correspondem a duas capinas, contribuindo respectivamente para eliminação de sementeira de plantas infestantes já nascidas e outras em fase emergência.

Tanto a arruação como a esparramação podem ser manual com uso de enxada e rastelo ou mecânica através de implementos como arruador e esparramador acoplados ao trator. Entretanto devido aumento nos custos de produção, ocorrência de danos aos cafeeiros e problemas de má conservação do solo, existe forte tendência para este trabalho ser feito através da arruação química, principalmente em cafezais grandes e mecanizados.

A arruação química tem portanto a finalidade de propiciar a colheita direta do café no pano ou no chão, em conseqüência da adoção perseverante de um manejo eficiente de herbicidas. Isto evita o desenvolvimento excessivo das plantas infestantes na lavoura, sem realizar a movimentação do solo durante o período chuvoso, resultante da aplicação de uma forte dosagem de herbicida de pós-emergência 30 dias antes da colheita.
No caso do café Conilon por estar mais presos aos ramos, a colheita é feita no pano ou na peneira, dispensando as etapas de arruação e esparramação executadas em cafés Arábicas.

Além de contribuir para realização da colheita, a arruação química pode também proporcionar os seguintes benefícios:


  • Manter a estrutura do solo pois não existe a remoção de terra fértil sob a saia do cafeeiro;

  • Proporcionar maior infiltração e retenção de água pela formação de uma cobertura do solo;

  • Conservar as raízes ativas do cafeeiro sem haver corte de raízes superficiais e radicelas;

  • Oferecer melhores condições para o café suportar a seca incrementando a produtividade;

  • Melhorar a qualidade do café com grãos menos expostos ao contato e enterrío no solo;

  • Diminuir os custos eliminando os herbicidas de pré-emergência, as leiras e a esparramação;

  • Aproveitar melhor os fertilizantes minerais e orgânicos e produtos sistêmicos do café.

Porém como qualquer outro tipo de manejo aplicado de forma persistente, pode ocasionar impactos negativos ao solo e a cultura, provocando desequilíbrio ambiental. A execução deste tipo de manejo químico, exige a correta aplicação de herbicida com as devidas medidas de segurança, evitando a ocorrência de toxicidade ao homem e aos animais, bem como injúrias aos cafeeiros.

Portanto para que a arruação química possa ser útil e trazer vantagens para a lavoura, é preciso que seja realizada de maneira correta, observando-se os seguintes procedimentos:


  • Manutenção constante do controle das plantas infestantes na lavoura cafeeira, principalmente na época chuvosa;

  • Realização do monitoramento do porte das infestantes, não passando de 20 cm quando próximo a arruação química;

  • Aplicação de uma dosagem maior de herbicida de pós-emergência em abril e maio (30 dias antes da colheita);

  • Recomendação de herbicidas para arruação com produtos a base de glyphosate, mistura paraquat + diuron e outras formulações comerciais;

  • Pulverização em uma única vez no final do período chuvoso, ou parceladas conforme o ritmo de colheita; Utilizar nas pulverizações os pulverizadores manuais ou tratorizados observando os volumes de caldas adequados;

  • Ventilação de folhas e detritos sob a saia do cafeeiro para o meio das ruas com assoprador e arruador tratorizado;

  • Trituração de folhas e detritos no meio da rua através do triton e trincha tratorizada com preparação para a colheita.

No manejo integrado das plantas infestantes em café a arruação química pode ser considerada uma prática alternativa, proporcionando o controle da seleção e resistência de plantas infestantes pela aplicação de herbicidas com princípios ativos diferenciados, aumentando a eficiência de ação e reduzindo os custos.


Julio Cesar Freitas Santos / Pesquisador Fitotecnísta
Embrapa Café / Epamig Patrocínio

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