Manual de Instalação de Lavoura Cafeeira

Instalação da Lavoura Cafeeira

 


 



          Para
se ter sucesso no sistema adensado é imprescindível instalar a lavoura da melhor
forma possível. Por ser uma cultura permanente, erros cometidos na implantação
poderão ser impossíveis de se corrigir, comprometendo seriamente a exploração.
Efetuar economia em insumos e práticas com o objetivo de se implantar uma área
superior também não é uma boa idéia. Um dos principais fatores de viabilização
do café adensado é sua alta produtividade. Utilizar-se de menor nível
tecnológico que o recomendado trará produtividades bem menores e
conseqüentemente custos de produção por saco maiores. Desta forma, a
rentabilidade do investimento será inferior à que se teria caso a área fosse
inferior, mas implantada corretamente.


 




           O
café adensado é uma atividade altamente intensiva, que exige grande movimentação
de recursos e serviços. Portanto, é necessário efetuar um planejamento coerente
antes de se implantar a lavoura. Deve-se analisar fatores
como:



  • Disponibilidade de mão-de-obra e
    distribuição da mesma ao longo do ano, principalmente na colheita;


  • Presença de outras culturas e sua
    compatibilização com a lavoura de café;

  • Existência de infra-estrutura,
    principalmente para o processamento e armazenagem, ou a previsão de recursos par
    sua construção na época oportuna;

  • Capacidade financeira para custear os
    serviços e insumos quando forem necessários.

           Em
função destes fatores, se estabelece a área a ser implantada, além de outros
aspectos, como o espaçamento, variedades, etc. Após determinar a área, divide-se
a mesma pelo número de anos em que se pretende formar a lavoura (dois, três, ou
mais, dependendo de cada caso). Com isso, o cafeicultor pode se dedicar melhor à
aquela parte da área que está sendo implantada, ganhar mais experiência com o
sistema adensado, além de se beneficiar com as novas técnicas e variedades que
venham a ser desenvolvidas posteriormente.


 




           Em
função de sua baixa produtividade, o café tradicional necessitava de grandes
áreas para se viabilizar economicamente. Isto obrigava o agricultor a plantar
café em toda a sua propriedade, mesmo nas áreas marginais para esta cultura. Com
o modelo adensado, o agricultor pode localizar sua lavoura de café somente nas
áreas mais aptas da propriedade. No restante, ele pode trabalhar com outras
atividades agropecuárias, cada qual compatível com sua área de implantação
dentro da propriedade. Por exemplo, em áreas muito planas trabalha-se com
lavouras anuais; em áreas muito declivosas implanta-se reflorestamento; nas
baixadas pode-se trabalhar com criação intensiva de animais ou com lavouras não
suscetíveis à
geadas.
           A
lavoura cafeeira deve-se localizar nas áreas mais altas da propriedade, isto se
deve à menor suscetibilidade à geada de irradiação. Durante à noite, o ar frio,
que é mais denso, desce e vai se acumular nas baixadas, aumentando a intensidade
da geada nesta áreas. Dentro deste aspecto, também deve-se considerar outros
fatores que provoquem a estagnação do ar frio, como terrenos muito planos,
presença de vegetação densa abaixo da lavoura e terrenos convexos. Dependendo da
intensidade da geada, a simples localização da lavoura na propriedade pode ser a
diferença em ter ou não a lavoura atingida. Outro aspecto importante é a
exposição cardinal do terreno, ou seja, faces norte, sul, leste ou oeste e
quadrantes intermediários. As faces norte, noroeste e oeste são mais atingidas
pelo sol, principalmente à tarde, se apresentando mais quentes que as demais,
devendo ser preferidas nas regiões mais sujeitas à geadas. Entretanto, em
regiões que o problema for excesso de calor, elas devem ser evitadas. As faces
sul e sudoeste são mais atingidas por ventos frios, devendo, conforme a região,
ser evitadas. Também é possível a instalação de quebra-ventos temporários e/ou
permanentes para minimizar os efeitos do vento.


 




           O
preparo inicial compreende as operações a serem realizadas no terreno, a fim de
que se crie condições para as operações de preparo do solo, como aração,
gradagem e sulcamento. O preparo inicial depende muito da cobertura vegetal ou
do uso anterior do
terreno.
           Quando
a cobertura vegetal anterior é formada por mata natural ou artificial, deve ser
feito primeiro o corte e o aproveitamento da madeira. Posteriormente, se faz o
arranquio dos tocos com tratores de esteira. Dependendo do porte das árvores e
de seu sistema radicular, pode se tentar o arranquio com cabos de aço acoplados
a tratores de
pneus.
           Na
derrubada de cerrado, capoeira ou campo, o equipamento mais utilizado é o
“correntão”, por ter maior rendimento. O correntão é uma corrente pesada e
comprida que é tracionada por tratores de esteiras em suas extremidades. Os
tratores se deslocam paralelamente no mesmo sentido, sendo a vegetação derrubada
pelo correntão.
          
Após a derrubada da vegetação, por qualquer dos métodos já descritos, é
necessário amontoar o material de forma a ocupar a menor área possível do
talhão. Esta operação é descrita como “enleiramento” e as faixas de material
amontoado são chamadas de leiras. As leiras devem ficar dispostas acompanhando o
nível do
terreno.
           Na
derrubada da vegetação arbustiva pode ser utilizado o rolo faca para picamento
da vegetação, a qual será posteriormente incorporada ao solo. O rolo faca é
tracionado por trator de pneus (ou animais) e constitui-se de um cilindro de
madeira ou chapa, sobre o qual são montadas facas encarregadas de cortar o
material
vegetal.
           No caso
de culturas permanentes, pode-se usar algum dos métodos já descritos
anteriormente (depende do porte da cultura). Se a cultura anterior for café,
deve-se analisar a possível infestação com pragas e doenças. Neste caso é
recomendável o cultivo de culturas anuais por pelo menos um ano, a fim de
eliminar ou reduzir a população destas pragas ou doenças. Caso seja constatada a
presença de nematóides do gênero Meloidogyne, a área deve ser manejada durante
dois anos (ver item
10).
           Em
pastagens formadas com gramíneas com sistema radicular trançado e de difícil
eliminação, deve-se efetuar uma aração rasa, seguida de gradagem durante o
período seco do
ano.
           Quando o
terreno foi utilizado para o cultivo de culturas anuais, não é necessário
nenhuma operação adicional, podendo se passar diretamente para as demais
práticas.


 




           O
solo representa o principal insumo da exploração agrícola, devendo ser tratado
da melhor forma possível. Contudo, para que se possa propor certas práticas de
correção e manejo do solo, é necessário primeiramente conhecê-lo. Para isto,
deve-se submetê-lo a certos tipos de análises, podendo ser: físicas, químicas e
biológicas.




           A
análise química de solo é tipo de análise mais utilizado na agricultura. Revela
os teores dos macronutrientes (P, K, Ca, Mg e S), além do pH e matéria orgânica.
Sua função é de servir como um dos parâmetros para recomendação de calagem e
adubação de implantação. Também há a análise de solo para micronutrientes,
entretanto, a maioria dos autores consideram que os resultados desta análise não
podem ser utilizados para recomendações a campo. A análise química de solo é
feita em laboratórios especializados e é relativamente muito barata. Para que
ela possa realmente refletir as condições do solo, é indispensável que se envie
ao laboratório uma amostra representativa do local de onde foi coletada. Esta
amostra estará representando milhares de toneladas de solo e se não for bem
coletada, a margem de erro será muito grande.


 



          
Deve-se ter uma análise de solo para cada área diferenciada, ou seja, divide-se
a área a ser analisada em talhões homogêneos, considerando aspectos como: tipo
de solo, cor, vegetação, topografia, lavoura anterior, presença de erosão, etc.
O tamanho do talhão não deve ser superior a 5,0
ha.
           Para cada
talhão coleta-se uma amostra composta, que se constitui-se de no mínimo 10
amostras simples. Os pontos de amostragem são determinados aleatoriamente,
caminhando na área em zigue-zague, contudo, deve-se evitar certos pontos, como
locais onde foi acumulado calcário e adubo, formigueiros, por onde corre
enxurrada, ou em locais por onde passam máquinas. Estes pontos poderão mascarar
o resultado, não refletindo a real situação da
área.
           A coleta
da amostra pode ser feita com diversas ferramentas, como enxadão, pá reta ou
trado. Os trados agridem menos o solo e apresentam rendimento bem maior. São
compostos por um cabo de aproximadamente 1,0 m com forma de “T”, tendo na sua
extremidade uma peça especial (geralmente uma rosca sem fim), que é responsável
pela introdução do trado no solo e a retirada da amostra. Para retirar a amostra
com enxadão ou pá reta, deve-se cavar um pequeno buraco com a profundidade
desejada e retirar uma fatia de uma das paredes (ver figura
4.1).




Figura 4.1 – Retirada de amostra de solo
com enxadão.


           As
amostras devem ser retiradas na profundidade 0 a 20 cm. No caso de implantação,
deve-se também retirar uma amostra de 20 a 40 cm, a qual serve para se detectar
alumínio em profundidade. Após a retirada do solo, as amostras simples devem ser
colocadas e transportadas em um balde plástico limpo e seco. Terminada a coleta,
misturam-se muito bem as amostras, dando origem a uma amostra composta.
Retira-se cerca de meio kg desta mistura, faz-se a identificação e envia-se ao
laboratório para a análise.


 




          
Existem várias análises físicas que pedem ser feitas no solo, tais como
granulometria, densidade aparente, infiltração de água, entre outras. Muitas
delas são necessárias quando se vai efetuar um projeto de irrigação. Entretanto,
há um tipo de análise física que é indispensável para qualquer situação.
Trata-se da análise de compactação do
solo.
           A
compactação ou adensamento é causada pelo excesso de trânsito de máquinas e o
uso inadequado de implementos agrícolas. Ela geralmente não se distribui
uniformemente no perfil do solo, se localizando em somente uma camada, chamada
de camada adensada. A profundidade da camada adensada depende do manejo que é
dado ao solo, podendo ser superficial ou em profundidade. Esta camada deve ser
eliminada, pois constitui uma barreira à penetração das raízes e ao conseqüente
bom desenvolvimento das plantas. Para eliminá-la, deve-se primeiro conhecer a
profundidade em que se localiza. Isto pode ser feito cavando-se uma trincheira
na profundidade que se deseja analisar e com a ponta de uma faca ou canivete ir
cutucando uma das paredes da trincheira a diferentes profundidades, até
encontrar a camada mais adensada. Uma maneira mais rápida e direta é através do
uso de equipamentos especiais denominados penetrômetros, os quais medem a
resistência do solo à penetração de uma haste pontiaguda.


 




           As
análises biológicas tem como objetivo detectar a existência de organismos
prejudiciais. No caso da cafeicultura, é indispensável a análise nematológica
para identificar a possível presença de nematóides do gênero Meloydogyne, os
quais podem inviabilizar a atividade. A descrição de como se coletar amostra
para este tipo de análise está no item sobre nematóides.


 




           O
solo ideal para a cafeicultura seria um solo com boas características físicas,
químicas e biológicas e com alto ter de matéria orgânica. Sua composição física
deveria ser a seguinte: 50% de fração sólida, 5% de matéria orgânica e 45% de
espaços vazios (porosidade). Um solo assim praticamente só é encontrado em matas
naturais. A maior parte dos solos utilizados para o plantio de café já são
explorados há décadas, estando muitas vezes altamente degradados pelo manejo
incorreto. Implantar uma lavoura de café nesta situação seria um erro. É
possível corrigir em parte este problema através das práticas de preparo e
correção do solo, adubação orgânica e química. Entretanto, o ideal seria manejar
este solo por um ou dois anos, visando sua recuperação. Considerando que o
modelo adensado recomenda a implantação parcelada da lavoura cafeeira, o
cafeicultor poderia, enquanto implanta um talhão de café, ir manejando outros
talhões para implantação futura. Além disto, o manejo do solo pode reduzir os
insumos utilizados na implantação, de alto custo, como os fertilizantes
orgânicos e químicos. A adubação orgânica, dependendo da região, pode ser
extremamente
cara.
           O manejo
pode ser realizado realizado com adubos verdes, que são plantas cultivadas com o
objetivo de melhorar o solo (ver item 7 – Adubação ). Os mais recomendados são
as leguminosas, como guandu, as mucunas e crotalárias. Também é possível
utilizar lavouras comerciais de alta produção de massa, como o milho, desde que
cultivado com alta tecnologia. O fato de se trabalhar com adubos verdes não quer
dizer que a lavoura não terá produção econômica. Muitos espécies podem ter sua
produção colhida e vendida.


 




           A
calagem é a operação de aplicar calcário no solo. Os objetivos desta operação,
bem como a recomendação de quantidade são tratados no item 7 – Aubação. O
calcário necessita ser incorporado ao solo para que possa reagir com o mesmo.
Esta incorporação deve ser efetuada juntamente com o preparo do solo para o
plantio.
           A
distribuição de calcário pode ser efetuada de várias formas, entretanto,
recomenda-se que se efetue com equipamentos apropriados para uma distribuição
uniforme. Os mais utilizados são carretas tracionadas por trator, as quais
apresentam uma esteira no fundo que transporta o calcário em direção à traseira
da carreta, onde existem duas hélices, as quais distribuem o produto. Este
equipamento é mais eficiente para distribuir calcário úmido, se for utilizado
para calcário seco, poderá haver desuniformidade de distribuição, pois qualquer
corrente de ar transporta o produto para
longe.
           Outro
tipo de equipamento é conhecido popularmente como “cocho” , semelhante a uma
semeadeira, que distribui o calcário em linhas através de um mecanismo acionado
pelas rodas do equipamento. Também é tracionado por trator. Este equipamento
deve trabalhar somente com calcário seco para não ocorrer “embuchamento” do
mecanismo de distribuição.


 




           O
preparo do solo visar dar melhor condição de desenvolvimento ao sistema
radicular das plantas. Para isto, são realizadas algumas operações no solo,
tornado-o menos denso, mais arejado, possibilitando melhor infiltração e
armazenamento de água. Dependendo da condição do solo, é possível evitar algumas
operações.
           Se
for necessário efetuar calagem, a época de preparo do solo deve ser pelo menos
três meses antes da época de plantio.


 



           A
subsolagem é uma prática realizada com o objetivo de desagregar camadas
compactadas do solo, a fim de facilitar a penetração das raízes e água para
maiores profundidades. A implantação da lavoura cafeeira pode se inviabilizar,
caso não seja feita esta operação em solos com problemas de compactação. Neste
caso, o problema causado no sistema radicular tornará as plantas muito mais
sensíveis à períodos de estiagem, poderão surgir problemas de deficiência
mineral, e até morte de plantas em anos de grande
safra.
           A
subsologem é realizada por equipamentos denominados subsoladores que apresentam
hastes que penetram no solo, sendo tracionados por tratores. Devido ao fato de
trabalharem a maiores profundidades, são implementos que requerem alta potência
para sua utilização. Os principais parâmetros para regulagem do subsolador são a
profundidade de trabalho e o espaçamento entre as hastes. Deve-se regular a
profundidade de modo que as hastes passem abaixo da camada que se deseja romper.
O espaçamento entre as hastes deve ser 1,2 vezes maior que a profundidade de
trabalho. Para maior eficiência, a subsolagem deve ser realizada com baixo teor
de umidade. Para solos que não apresentam camada compactada, esta operação pode
ser dispensada.




           A
aração é uma operação que visa diminuir a densidade do solo, aumentando os
espaços vazios. Também promove a descompactação do solo, embora não em maiores
profundidades como ocorre com a subsolagem. É realizada por equipamentos
denominados arados, que podem ser de discos ou de aivecas. Geralmente são
tracionados por tratores, embora também existam arados (de aiveca) próprios para
tração animal. Estes fazem o serviço mais superficialmente, mas se adaptam bem
aos pequenos produtores sem infraestrutura, além disto, conseguem trabalhar em
áreas mais declivosas. A passagem do arado sobre o solo provoca a inversão da
camada de solo trabalhada. Por causa disto, a aração também é utilizada para
incorporação de calcário. A profundidade de trabalho desta operação deve ser a
maior possível (geralmente não ultrapassa 25 cm). A aração não deve ser
realizada com o solo muito úmido, nem muito seco. Há um ponto de umidade ideal
para trabalho chamado de “ponto de sazão”. Na prática este ponto é percebido com
um teste simples: ao se pressionar uma pequena porção de terra com uma das mãos,
consegue-se fazer uma pequena pelota, mas que se desmancha facilmente à pressão
dos dedos.
           Para
solos com boas características físicas e sem necessidade de calcário, pode-se
dispensar a aração.


 




           A
gradagem é uma operação que visa basicamente completar o serviço executado pelo
arado e pelo subsolador, no sentido de desagregar os torrões, nivelar a
superfície do solo para facilitar a operação seguinte, diminuir os espaços
vazios entre os torrões e destruir os sistema de vasos capilares que se formam
na camada superior do solo, a fim de evitar a evaporação de água das camadas
mais profundas.
          
A gradagem é realizada por grades, que são implementos geralmente de arrasto e
tracionados por tratores, embora hajam grades próprias para tração animal. Podem
ser de vários tipos e modelos, sendo mais comum a grade de discos tipo “off-set”
.            Mesmo não sendo
recomendada, há um tipo de grade muito usada para o preparo do solo. Trata-se da
grade aradora pesada, conhecida popularmente pelos agricultores como grade
“rome” . Apresenta os discos de grande diâmetro e peso, penetrando mais
profundamente no solo. São muito usadas para substituir a aração, pois têm
grande rendimento operacional e conseguem trabalhar em terrenos com grande
infestação de plantas daninhas. Entretanto, não devem ser usadas, pois
pulverizam muito a superfície do solo e compactam a camada inferior, onde os
discos não atingem. Isto torna o solo altamente suscetível à erosão hídrica,
além dos problemas quanto à penetração das
raízes.
           Para um
serviço melhor, geralmente são necessárias duas gradagens niveladoras no mesmo
terreno. A fim de diminuir a pulverização da camada superficial do solo,
recomenda-se efetuar a gradagem com o solo ligeiramente
úmido.


 




           A
locação do cafezal é a distribuição planejada das ruas de café, carreadores e
terraços. Os carreadores tem o objetivo de facilitar os tratos, a colheita e o
transporte. São muito importantes, principalmente em área muitos grandes. Podem
ser de dois tipos: pendentes e em nível. Os carredores pendentes são
perpendiculares ao nível do terreno e devem ser desencontrados, ou seja, devem
terminar em um carreador em nível, sem cruzá-lo. Isto tem o objetivo de cortar o
escorrimento da água da chuva. A distância entre dois carreadores pendentes deve
ser de 80 a 100 m. Devem ser previstos lombadas e bigodes nos carreadores
pendentes para desviar a água da chuva para os
terraços.
           As
ruas de café devem estar em nível e é interessante que terminem em um carreador
em nível para facilitar o manejo. Para fazer isto, deve-se locar linhas em nível
em toda a área, construindo terraços sobre as mesmas. A distância entre as
linhas depende da declividade do terreno. A cada duas linhas de nível pode-se
locar um carreador em nível. Os sulcos de plantio devem ser abertos
paralelamente às linhas de nível em que não foram locados carreadores, desta
forma os sulcos terminarão sempre em um carreador em
nível.
           Grande
parte das lavouras adensadas são pequenas e localizadas em terrenos estreitos.
Neste caso, apenas um carreador pendente dividindo a lavoura pode ser
suficiente.


 




          
Quando se implanta uma lavoura de café, tenta-se propiciar às mudas uma condição
de solo altamente favorável, a fim de permitir o rápido desenvolvimento dos
cafeeiros. Para isto, preparam-se covas ou sulcos, para que, pelo menos aquela
parte do solo mais próxima das raízes da muda esteja muito bem fertilizada.
Mesmo porque, não é viável economicamente adubar toda a camada de solo a ser
explorada pelas
raízes.
           O volume
de terra corrigida destinado a cada muda deve ficar em torno de 35 litros.
Volumes muito superiores exigirão também altas quantidade de fertilizantes, já
que a recomendação destes também se faz em função do volume da cova ou sulco.
Para facilitar a abertura das covas ou sulcos, recomenda-se fazer antes o
alinhamento da futuras ruas de café. Isto pode ser feito com o subsolador com
apenas uma haste ou com o sulcador sem as abas laterais. Esta operação deve ser
feita na maior profundidade possível, a fim de também permitir um caminho mais
livre para crescimento das raízes em profundidade. Isto não substitui a
subsolagem, caso ela seja
necessária.
           As
ruas de café devem ser paralelas aos terraços ou às linhas em nível (ver item
anterior). Para orientar a demarcação do espaçamento correto entre as ruas,
usa-se uma haste de madeira presa na frente do trator (ver foto 4.2). Esta haste
deve ter o mesmo comprimento do espaçamento desejado e uma corrente na
extremidade (também pode ser uma corda com um peso na ponta). Desta forma, o
trator seguirá paralelamente à uma linha em nível (ou a um sulco já aberto) e a
corrente (ou o peso) passará sempre em cima desta linha, orientando o operador
para que não deixe um espaçamento maior ou menor. Para que se possa aproveitar a
volta do trator quando o mesmo chegar até o fim do terreno, a haste deve ter
exatamente o dobro do espaçamento e correntes nas duas
extremidades




Foto 4.2 – Demarcação do
espaçamento

           As
covas geralmente são quadrangulares, com dimensões em torno de 30 x 30 x 40 cm
de profundidade. São feitas manualmente com enxadão, recomendando-se fazer um
sulcamento (alinhamento) prévio para facilitar sua abertura e demarcação. Também
podem ser feitas com um perfurador de solo (broca) acoplado ao trator. Esta
operação, entretanto, não pode ser feita com o solo úmido (principalmente em
solos argilosos), pois pode provocar compactação do fundo da cova e o
espelhamento de suas paredes laterais, o que vai limitar o desenvolvimento das
raízes.



Foto 4.3 – Subsolador adaptado
para sulcamento (foi fixado um disco de grade nas hastes traseiras para aumentar
o deslocamento lateral de terra).

           Nos
plantios adensados, em função da pequena distância entre as plantas
(principalmente na linha), recomenda-se efetuar o preparo para plantio com
sulcos mecanizados. Seria como se todas as covas ficassem juntas. Isto trás
grande economia de mão-de-obra. O sulco fica com uma seção triangular,
apresentando dimensões em torno de 35 cm de largura e 40 com de profundidade (é
melhor que seja mais profundo que largo). O sulco pode ser feito com sulcador,
que é um implemento com uma haste única, apresentando abas laterais para forçar
a abertura lateral do sulco. O sulco também pode ser executado com o subsolador,
já que este é um implemento mais comum nas propriedades rurais. Entretanto, ele
deve trabalhar somente com 3 hastes, sendo uma no centro do eixo dianteiro e as
outras duas no eixo traseiro (ver fotos 4.3 e 4.4). O sulco também pode ser
feito com arado de tração animal , que é um sistema mais adaptado a áreas
declivosas ou a produtores que não possuem trator. Contudo, neste caso, deve-se
efetuar várias passadas, para que o sulco fique com as dimensões
adequadas.



Foto 4.4 – Sulcamento com
subsolador adaptado.

 



           Após
a abertura dos sulcos ou covas deve-se efetuar a distribuição dos fertilizantes
químicos, orgânicos e, conforme o caso, o calcário. A medição da quantidade
geralmente é feito em litros por cova ou metro de sulco para os adubos orgânicos
e em gramas por cova ou por metro de sulco para os adubos químicos e o calcário.
A recomendação desta quantidade destes será tratada no ítem 7 – Adubação . É
importante frisar que o calcário aplicado na cova ou sulco não substitui a
calagem prévia, sendo uma prática complementar e com objetivos distintos. A
seqüência de distribuição é primeiramente os adubos orgânicos e por cima destes
os adubos químicos e o calcário. No caso das covas, a distribuição é feita
individualmente junto às mesmas para posterior mistura. Esta distribuição pode
ser manual, sendo facilitada com o auxílio de carroças ou carretas que passam
por cima das ruas. Quando se utilizam sulcos, a distribuição pode ser feita
diretamente dentro do sulco e em filete contínuo. Nos sulcos também é possível
efetuar a distribuição quase que totalmente mecanizada, utilizando-se para isto
uma carreta de distribuição de calcário, da qual desativam-se as hélices de
distribuição. Os adubos químicos e o calcário, pela sua pequena quantidade,
podem ser distribuídos manualmente com bom
rendimento.
           Após
a distribuição dos fertilizantes, deve ser feita a mistura e o fechamento das
covas ou sulcos. Em relação às covas este processo é feito manualmente: com o
auxílio de enxadas, mistura-se a terra retirada das covas com os adubos e, com
esta mistura, enchem-se as covas até o nível original do solo. Deve-se se tomar
cuidado para que a mistura fique uniforme e bem firme na cova, para não haver
excesso de porosidade. Já no caso dos sulcos, a mistura e o fechamento são
grandemente facilitados, pois podem ser feitos mecanicamente. Há várias formas
de se efetuar isto: o uso de um implemento apropriado para este serviço, que é
uma espécie de rosca tracionada pelo trator; o uso de tração animal, sendo
necessárias várias passadas com arado para mistura e fechamento do sulco; e o
fechamento utilizando-se o subsolador. Este último é o sistema mais utilizado,
pois utiliza um implemento comum na maioria das propriedades rurais. Para
promover a mistura e o fechamento do sulco com o subsolador, deve-se deixar 2
hastes no eixo dianteiro, estando separadas por uma distância em torno de 40 cm,
valor este que deve ser ajustado na prática. No eixo traseiro ficará apenas uma
haste, bem ao centro. O deslocamento destas três hastes dentro do sulco é que
promoverão a mistura dos adubos e o fechamento do sulco. Pode ser que a
superfície do sulco fechado fique um pouco irregular, mas, com as precipitações
subsequentes a superfície se iguala. Em alguns locais em que o sulco não ficou
bem fechado ou muito irregular, principalmente no início e término das ruas,
faz-se o acabamento manual com enxadas.




Foto 4.5 – Fechamento do sulco
com subsolador.

           Antes
de se efetuar o plantio, deve-se aguardar um período em torno de 40 dias para
que os adubos possam reagir com o solo, principalmente caso não se utilize uma
fonte de adubo orgânico bem decomposta (curtida). O processo de decomposição da
matéria orgânica pode causar danos diretos às raízes dos cafeeiros e indiretos,
já que ocorre a imobilização temporária de nitrogênio do solo, causando
deficiência deste elemento às plantas (amarelecimento). É importante também, que
hajam boas precipitações antes do plantio, para que a terra do sulco ou da cova
possa “assentar” bem , diminuindo o excesso de espaços vazios, os quais poderiam
provocar oxidação das raízes, prejudicando o desenvolvimento destas.


 




           O
plantio das mudas no campo é uma das partes mais importantes da implantação da
lavoura, caso não seja bem feito pode provocar excesso de falhas,
desenvolvimento retardado das mudas e até morte tardia dos
cafeeiros.


 



           Em
relação à época de plantio, é bem conhecido um ditado ” o plantio do café deve
ser feito até o natal e o replantio até o carnaval”. Na verdade, o plantio
deveria ser feito logo no início do período chuvoso, por volta de setembro,
quando também ocorre uma temperatura mais amena e já não há riscos de geadas.
Entretanto, neste período a disponibilidade de mudas é pouca. Isto ocorre
porque, para haver mudas neste período, deveria-se semear por volta de
fevereiro, só que nesta época a germinação das sementes é muito baixa. Uma saída
seria armazenar as sementes em câmara fria. O plantio pode ser feito nos meses
mais chuvosos do ano, como dezembro, janeiro e fevereiro, podendo até dispensar
a irrigação. Entretanto, estes meses são também os mais quentes, com maior
evapotranspiração. Caso haja um veranico (estiagem), a irrigação deverá ser
muito freqüente, podendo gerar grande perda de mudas se não houver
infra-estrutura suficiente para esta
prática.
           No
Paraná, o plantio pode ser feito a partir de março , pois, embora chova menos,
os dias são menos quentes e mais curtos (menor evapotranspiração), podendo as
irrigações serem bem espaçadas. Entretanto, em regiões sujeitas à geada,
recomenda-se plantar em época distante do inverno, pois as plantas novas são
mais suscetíveis a este fenômeno. Se o plantio for feito a partir de meados de
maio e ocorrer uma previsão de geada, as mudas poderão não estar desenvolvidas o
suficiente para suportar o “enterrio total”, uma das medidas mais eficazes de
proteção de mudas novas contra geadas.


 




           As
mudas de café destinadas ao plantio devem ser de boa qualidade, provenientes de
viveiros idôneos e fiscalizados pela Secretaria Estadual de Agricultura. Mudas
de qualidade devem ser vigorosas, apresentar folhas grandes, devem estar isentas
de doenças, principalmente de nematóides e não apresentarem problemas de raízes,
como o “pião torto” de viveiro, que é um entortamento da raiz principal
ocasionado pelo transplante mal feito. Também devem estar bem aclimatadas ao sol
e sem deficiências nutricionais. O estágio ideal da muda para plantio é de 4 a 6
pares de folhas (ver foto 4.6). Mudas em estágios mais avançados também podem
ser plantadas, mas, neste caso, a parte aérea fica desproporcional ao sistema
radicular (que é limitado pelo saquinho), ficando o pegamento mais difícil e
havendo maior necessidade de irrigação.




Foto 4.6 – Muda em estágio ideal
de plantio.

          
Quanto à forma de produção, há basicamente dois tipos de mudas: as produzidas em
saquinhos e aquelas produzidas em tubetes. As primeiras são produzidas em
saquinhos de polipropileno, que é o sistema mais comum e utilizado a várias
décadas, sendo, portanto, mais fáceis de se encontrar. As de tubetes são
produzidas em um pequeno recipiente de plástico (o tubete), que é reutilizável,
devendo ser devolvido ao viveirista após o plantio. Apresentam algumas
vantagens, como: pequena chance de transmissão de nematóides, pois não utilizam
terra; não formam pião torto no fundo do recipiente (ver foto 4.7) , embora
possa ocorrer o pião torto de viveiro ; grande facilidade de transportar,
distribuir no campo e plantar. Contudo, as mudas quando recém plantadas são mais
sensíveis à seca , tendo uma necessidade de irrigação maior que as mudas de
saquinho.



Foto 4.7 – Corte do saquinho
mostrando o “pião torto”.

           As
mudas também podem ser de pé franco ou enxertadas. As primeiras são produzidas
pelo processo convencional e são usadas na grande maioria dos casos. Já as
enxertadas apresentam o sistema radicular de outra espécie de café (Coffea
canephora), formando plantas resistentes à nematóides, sendo, portanto,
recomendadas para áreas com infestação deste verme. Apresentam como desvantagem
o alto custo. É importante ressaltar que o uso de mudas enxertadas é apenas uma
das medidas de controle de nematóides em áreas infestadas, devendo estar
associada a outras medidas , já que em altas populações, o nematóide pode
quebrar a resistência das plantas.

 




           O
plantio deve ser feito com o solo úmido e preferencialmente em dias nublados.
Inicialmente são abertas pequenas covetas no local do sulco ou das covas
anteriormente preparadas. O tamanho destas deve ser somente o suficiente para o
plantio das mudas. Em seguida, as mudas são distribuídas ao lado das covas,
sendo feito o corte transversal de uma fatia do fundo do saquinho (em torno de 2
cm de espessura). Isto tem o objetivo de evitar o “pião torto” de plantio, que é
causado pelo crescimento do ponta da raiz principal da muda, a qual entorta ao
chegar ao fundo do saquinho (ver foto 4.8). O pião torto, se não for eliminado,
causará um estrangulamento na raiz, que provocará um desenvolvimento retardado e
até morte de plantas quando as mesmas começarem a produzir. O corte do fundo do
saquinho elimina este problema, a raiz podada rebrota e continua seu
crescimento. O pião torto não aparece somente com mudas velhas, já que pode
ocorrer mesmo em mudas com quatro pares de folhas (ver foto 4.7) . Entretanto,
caso se utilize mudas de tubete, o corte não é utilizado. Outro aspecto a ser
considerado é que muitas vezes o saquinho da muda estava inclinado no canteiro e
a muda cresce torta em relação ao saquinho. O corte do fundo deve respeitar esta
inclinação . Somente após o corte do fundo é que se faz a retirada do restante
do saquinho. Isto é feito através de um corte longitudinal no mesmo,
procurando-se cortar bem superficialmente para não atingir as
raízes.




Foto 4.8 – Operação de retirada
do fundo do saquinho.

As mudas são então colocadas nas
covetas deixando-se o torrão das mesmas ao nível do solo (ou levemente abaixo).
Joga-se terra aos poucos ao redor das mudas e vai-se compactando com as mãos,
mas sem fazer pressão no torrão da muda (ver foto 4.9) . Esta compactação não
deve ser excessiva e tem como objetivo fazer com que a terra da muda esteja bem
em contato com o solo, facilitando o desenvolvimento das raízes. Para facilitar
a irrigação, caso a mesma seja feita somente no local das mudas, pode-se plantar
um pouco mais fundo em relação ao nível do terreno (no máximo 10 cm),
deixando-se uma pequena bacia que ajudará na retenção da água.



Foto 4.9 – Plantio das mudas de
café.

Entretanto, deve-se tomar cuidado para
que o colo das mudas, abaixo das “orelhas de onça” jamais fique enterrado.
Muitos cafeicultores plantam muito fundo, enterrando a região do colo. Fazem
isto com o objetivo de facilitar o pegamento, Outros, embora não enterrem o colo
das mudas, plantam bem abaixo do nível do solo (utilizando uma bacia muito
profunda ou um sulco mal fechado), a fim de proteger as mudas do vento. Porém, a
chuva, com o tempo, se encarregará de enterrar as mudas. O plantio profundo
poderá causar o chamado “afogamento”, um estrangulamento do caule que pode
causar morte de plantas adultas. Além disto, as raízes vão explorar uma camada
de terra menos fértil. Existem estudos demonstrando que, conforme se aumenta a
profundidade de plantio, diminui-se a produtividade futura.



Foto
4.10
– Muda com afogamento e pião torto.

 



 



           Caso
não chova alguns dias após o plantio, a irrigação se faz necessária. Na áreas
que não possuem um sistema de irrigação previamente planejado, é necessário
improvisar. Uma forma é levar a água até o local através de tratores com tanque
e irrigar individualmente as mudas, aplicando-se cerca de três litros por
planta. A periodicidade da irrigação depende muito das condições climáticas,
variando de 2 a 5 dias. Uma forma de diminuir a necessidade da irrigação é o uso
de cobertura morta, que consiste na aplicação de resíduos orgânicos ao redor do
caule das mudas. Podem ser usados restos de cultura, pó-de-serra, casca de
arroz, casca de amendoim, palha de café, entre outros. A adubação orgânica
também contribui para retenção de água. A irrigação deve ser feita até cerca de
trinta dias após o plantio, quando as raízes já se desenvolveram o suficiente.
Porém, se houver uma estiagem muito prolongada após este período, deve-se
irrigar novamente.


 




           Cerca
de trinta dias após o plantio das mudas, deve-se efetuar o replantio, que
consiste na substituição das mudas mortas, fracas ou defeituosas. São aceitáveis
perdas de até 5%. Na prática quase sempre são necessários vários replantios,
pois muitas mudas plantadas originalmente morrem mais tarde e há mortalidade
também das mudas replantadas. Entretanto, não se deve deixar passar muito tempo,
pois as mudas novas podem sofrer concorrência das mais velhas e não se
desenvolverem adequadamente, principalmente nas lavouras adensadas com pequeno
espaçamento na linha. Neste caso, só se faz um replantio muito tardio caso a
falha seja grande, ou seja duas mudas ou mais em seqüência.


 




           Uma
forma de facilitar o pegamento das mudas seria fazer a proteção das mudas no
campo através do uso de uma cobertura artificial feita com materiais disponíveis
na propriedade, como bambu, capim seco, folhas de bananeira, samambaia, entre
outras. Isto protegeria as mudas do sol e reduziria as perdas de água. Esta
prática era utilizada antigamente por alguns cafeicultores do sistema
tradicional, entretanto, envolve grande necessidade de mão-de-obra. Além disto,
a grande quantidade de mudas do sistema adensado inviabiliza totalmente tal
prática. Mas, por que não se cultivar plantas na própria área do café, que
pudessem exercer este papel ? Baseado nesta idéia, uma técnica vem sendo usada
recentemente na região de Cornélio Procópio (GORRETA, 1998), que consiste no
consórcio com feijão-guandu.




Foto 4.11 – Café
consorciado com feijão-guandu.

           Esta
técnica exige que se faça o preparo do solo vários meses antes do plantio das
mudas. Inicialmente é feito todo o preparo do solo e das covas ou sulcos tal
como descrito nos ítens anteriores. Por volta de setembro efetua-se o plantio do
feijão-guandu em todas as entrelinhas dos sulcos ou covas. As plantas irão se
desenvolver e fechar a área por cima, formando em baixo túneis sombreados, onde
será efetuado o plantio das mudas nos meses de dezembro a janeiro (ver figura
4.11). Ocorre a formação de um microclima favorável que facilita o pegamento,
dispensando o uso de irrigação. Também ocorrem outras vantagens, como a proteção
contra o vento, a redução das capinas e a melhoria do solo, já que o guandu
exerce também a função de adubação verde. Outra grande vantagem, é que o guandu
pode ser deixado até o inverno, funcionando como proteção contra geada (mais
detalhes no item 12). Após o inverno, elimina-se gradativamente o guandu, para
permitir uma adaptação das plantas ao pleno sol. Observa-se que os cafeeiros
dentro do guandu podem ter um desenvolvimento inicial um pouco menor em relação
ao pleno sol, a não ser que ocorra uma estiagem. Isto ocorre provavelmente pela
redução da fotossíntese provocada pela baixa luminosidade. Porém, este
desenvolvimento menor é revertido após a retirada do gundu. De fato, não ocorrem
reduções na produtividade futura das áreas formadas com guandu, até pelo
contrário, a produtividade é superior.

 




           Outra
tecnologia para facilitar o pegamento e desenvolvimento das mudas é o plantio
direto. Neste caso, efetua-se todo o preparo normal do solo e das covas ou
sulcos, no entanto, não se faz o plantio das mudas em seqüência. Deixa-se
primeiro as plantas daninhas germinarem e se desenvolverem, mas sem deixá-las
formar sementes . Faz-se uma aplicação de herbicida dessecante e, após o mato
secar, efetua-se o plantio das mudas sobre a palha formada pelo mato seco. Com
isto, consegue-se os efeitos benéficos da cobertura morta, como: retenção de
umidade, proteção de erosão hídrica e redução da insolação sobre a superfície do
solo.
           Este
processo é muito importante no arenito Caiuá (nordeste do Paraná), em que o
preparo normal do solo (normalmente em áreas de pastagem) provoca grande perda
de matéria orgânica, em um solo que já é naturalmente pobre. Neste caso, não é
feita aração para incorporação de calcário, mesmo que haja necessidade.
Realiza-se somente a abertura e o preparo do sulco. A calagem, se necessária, é
feita posteriormente, sendo dividida em parcelas anuais, aplicando-se o calcário
na superfície do solo.


 




           Após
o pegamento das mudas é interessante efetuar uma aplicação em cobertura de
nitrogênio (cerca de 3 g/pl), isto porque este nutriente não é utilizado na
adubação química das covas ou sulcos, embora esteja presente na adubação
orgânica pode ainda não estar disponível às plantas. Esta adubação é feita
independente da época de plantio. Posteriormente, na época adequada, é feita a
adubação normal de formação (ver item 7 –
Adubação).
           Em
relação ao controle inicial de plantas daninhas deve-se efetuar a capina somente
na faixa de plantio, deixando o mato do meio das ruas sem controle ou apenas
roçado. Isto tem o objetivo de proteger o solo da erosão hídrica, já que as
mudas, pelo seu porte, ainda não exercem nenhuma proteção. Entretanto, é
importante plantar espécies para adubação verde no meio das ruas, prática esta
que deverá ser feita na época adequada de plantio destas espécies (ver item 7 –
Adubação). Nesta ocasião deverá se efetuar a eliminação total das plantas
daninhas.
          
Deve-se efetuar desbrotas nos jovens cafeeiros, esta operação consiste na
eliminação dos ramos “ladrões” que brotam no ramo principal. Não se deve
confundir estes ramos com a ramificação lateral normal do cafeeiro. Enquanto os
primeiros crescem verticalmente, os ramos laterais crescem diagonalmente em
relação ao caule principal, além disto, formam-se sempre ao pares. Muitas vezes,
morre a gema terminal da planta (o ponteiro), surgindo duas ou mais brotações.
Neste caso, eliminam-se as brotações, deixando-se apenas a mais vigorosa, esta
irá continuar o crescimento do caule
principal.
          
Quando o caule dos cafeeiros ainda não está lignificado (ainda verde), alguns
insetos podem cortá-los, principalmente grilos. Entretanto, a perda de mudas é
geralmente pequena, não justificando o controle químico. São pragas polífagas
(comem de tudo), assim sendo, a eliminação total das plantas daninhas da lavoura
fará com que o ataque nas mudas aumente.


Fonte: Tulha Agro Informações – www.tulha.com.br

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