Catadores de café perdem espaço para colheitadeiras

Por: Comércio de Franca

Domingo, 11 de julho de 2010  


Patrícia Paim
da Redação


Lavouras de café lotadas de trabalhadores fazendo a colheita. A cena que, há algum tempo, era comum nas lavouras de café nesta época do ano, aos poucos, vem se tornando rara. As colheitadeiras de café cada vez mais estão tomando o lugar do trabalho braçal nas plantações. Os produtores que não têm condições de pagar até R$ 500 mil por uma máquina estão alugando.


O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Franca não tem um levantamento de quantas máquinas estão em funcionamento na região. Mas sobre o número de trabalha-dores, o MTE diz que não passa de 9 mil. Os Sindicatos Rurais não informam quantos trabalhadores eram contratados há cinco anos. Porém, para se ter uma ideia, só Pedregulho chegava a abrir 12 mil postos de trabalho por safra.


Sami El Jurdi, diretor de uma empresa especializada em máquinas agrícolas, comemora a melhora nos negócios. “Este ano já vendemos 40 máquinas contra 20 em todo o ano passado”, disse Sami, que acredita que a procura vai continuar. Um de seus clientes é o presidente do Sindicato Rural de Pedregulho, Ely Martin. “A minha colheita é 100% mecanizada. Além de usar na minha lavoura, alugo para outros produtores”, disse Martin, que completou. “Quem tem condições de comprar uma máquina ou alugar só contrata o catador para lavoura nova. A tendência é reduzir cada vez mais. Para a colheita deste ano, não foram empregadas mais de 3 mil pessoas”.


A mesma situação se repete em Ibiraci (MG) que atrai principalmente baianos. O município, que chegou a receber 7 mil trabalhadores por colheita, neste ano, contratou cerca de 3 mil pessoas, sendo que muitos já foram embora. “No ano passado, tínhamos 12 máquinas e neste ano já temos 22. Acredito que 70% da nossa região já está com colheita mecanizada”, disse o presidente do Sindicato Rural de Ibiraci, Gaspar dos Reis, que também já é dono de uma colheitadeira.


Para Reis, os cafeicultores só veem vantagens na colheita mecanizada. “O Ministério do Trabalho faz muitas cobranças na hora de contratar um trabalhador. Além disso, para fazer o mesmo serviço de uma máquina, em um dia, precisamos de 120 homens”. O aluguel chega a R$ 200 por hora.


Para a encarregada administrativa do Sindicato Patronal Rural de Itirapuã, Vânia Ferreira, a situação é preocupante. “É uma questão social complicada. Com as máquinas, a mão de obra com certeza vai ficando cada vez mais escassa. O trabalhador terá que aprender a lidar com a máquina”, disse.  Colaborou Swaida Martins

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