Andrea Avelar
NEWSCAFEICULTURA – A marca Café do Cerrado voltou a ser propriedade do Conselho de Associações de Cafeicultores e Cooperativas do Cerrado (Caccer), que representa mais de 3,5 mil propriedades rurais de Minas Gerais. Há cerca de 15 anos, a entidade havia perdido os diretos de uso da marca na União Européia para uma empresa distribuidora da Espanha, que registrou o nome.
“Chegamos a embarcar café certificado e o produto foi recusado, pois estávamos impedidos de vender para a Europa sem a intermediação dessa distribuidora”, diz José Augusto Rizental, superintendente do Caccer. A empresa que registrou o nome havia sido contratada pelo Caccer como revendedora, quando os cafeicultores da região começaram a exportar para os países da Europa.
Depois de um ano e meio de negociações, o Caccer pagou 30 mil euros para ter obter registro da marca. “Agora podemos fazer contratos de fornecimento do Café do Cerrado diretamente com os clientes, sem ter que passar por atravessadores”, explica Rizental.
Caccer
O Caccer reúne seis associações, sete cooperativas e 3,5 mil propriedades de 55 municípios mineiros. É a entidade que tem a maior quantidade de propriedades certificadas (ISO 9001) no Brasil e a segunda maior no mundo. Aproximadamente 150 propriedades detêm a certificação.
Além da certificação de qualidade, o Café do Cerrado possui Indicação Geográfica, uma das mais importantes certificações para o mercado mundial. A região demarcada e registrada pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) inclui 55 municípios mineiros, que somam 155 mil hectares.
A retomada de direitos foi o primeiro passo para evitar o uso indiscriminado da marca Café do Cerrado. O volume comercializado hoje, com selo de Indicação Geográfica, é de 100 a 120 mil sacas de café por ano. A produção segue para Europa, Japão e EUA. Sem o selo são comercializadas anualmente quase 2 milhões de sacas.
Denominação de Origem
O próximo desafio dos cafeicultores mineiros é conseguir a Denominação de Origem (DO). Essa é a versão mais sofisticada das certificações, pois determina não apenas a região de origem de 100% da matéria-prima como também as características e a qualidade da produção.
Para acelerar o processo de obtenção da DO, Sebrae/MG e Caccer assinam convênio no dia 24 de setembro, durante o Seminário do Café do Cerrado, que será realizado em Patrocínio (MG). “O objetivo é preparar os produtores rurais para a obtenção da nova certificação, buscando agregar valor ao café produzido na região”, diz Marcos Geraldo Alves da Silva, técnico do Sebrae/MG em Patos de Minas.
De acordo com Rizental, a expectativa é que dentro de um ano, o Café do Cerrado consiga entrar para o seleto grupo de produtos com Denominação de Origem. As informações partem da Agência Sebrae de Notícias.