Em entrevista Silas Brasileiro destaca o custo da saca de café em torno de R$ 300

Por: Blog do café

NOTÍCIAS AGRÍCOLAS DESTACA ENTREVISTA COM SILAS BRASILEIRO



A assessoria de comunicação do deputado federal Silas Brasileiro divulgou a transcrição de entrevista concedida pelo parlamentar ao jornalista João Batista Olivi, do programa Notícias Agrícolas, da TV Terra Viva. Na entrevista, concedida na noite da última segunda-feira, dia 3, Silas avaliou a situação atual da cafeicultura brasileira e fez análises dos problemas relacionados ao endividamento e à falta de renda no setor. Confira, abaixo, a íntegra da transcrição da entrevista disponibilizada pela ascom do deputado e, na sequência, o vídeo.


 


João Batista / Notícias Agrícolas (JB NA) — No Brasil estamos vivendo uma seqüência de dificuldade para a cafeicultura. Há mais de 6 anos a cafeicultura pede a renegociação de dívidas. Houve indisposição e divisão na representação da cafeicultura, gostaríamos de ouvir sua análise, deputado.


Silas Brasileiro (SB) — Na verdade nós sempre procuramos trabalhar focado na cadeia café. Não posso conceber que tenhamos oportunidade de ter preço remunerativo para o produtor se não tivermos um montante de toda cadeia. O produtor só irá bem se nós tivermos, como estamos fazendo, aumentando o consumo no Brasil de café torrado e moído através da indústria de torrefação e moagem, a exportação indo bem e o café solúvel indo bem. A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) faz abrir o mercado lá fora. A concepção que temos é essa criada dentro do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC): a cadeia trabalhando em conjunto. O lado mais fraco é, sem dúvida, o da produção. Nós estamos focados para ver se conseguimos viabilizar renda para o produtor e, conseqüentemente, temos que conseguir que o endividamento seja tratado de uma forma global. O que tem sido feito ao longo dos anos são medidas paliativas que não resolvem nosso problema. Aliás, em 2001, quando fizemos a última renegociação com maior abrangência, achávamos que tínhamos resolvido o problema da cafeicultura. No entanto, faltou renda. Sem renda nenhum produtor consegue cumprir seu compromisso, mesmo que tenha alongamento de dívida.


 


(JB NA) — A gente acompanhou o Movimento SOS Cafeicultura em Varginha. O pessoal foi a Brasília na tentativa de renegociar suas dívidas, mas até o momento não se conseguiu nada. Como o senhor avalia isso?


SB — O reflexo do movimento SOS Café e também as audiências públicas que temos realizado em Brasília contribuíram para o Ministro Reinhold Stephanes criasse um grupo de trabalho que deve ter encerrado na última sexta-feira, 01 de agosto, o seu relatório. Espero que no decorrer da semana nós já possamos ter conhecimento desse relatório e, conseqüentemente, propostas no sentido de fazer com que o produtor possa ter uma renegociação do seu débito e tirar essa pressão que está sofrendo nesse momento.


(JB NA) — O senhor acha que essa renegociação vai ter êxito?


SB — Acredito que vai avançar, vai ter êxito. Vejo sensibilidade, não só do Ministro Stepanhes que tem acompanhado e feito o possível para resolver com maior brevidade, mas também há uma boa vontade por parte do Ministério da Fazenda e a Casa Civil tem acompanhado. Creio que é um grande momento e tenho uma expectativa muito positiva que vamos chegar a resultados satisfatórios para nossos produtores de café.


(JB NA) — Como está a atual situação dos produtores de café de todo o Brasil?


SB — A situação é muito difícil porque faltou renda. Estamos com uma safra em que temos que colher cerca de 40 milhões de sacas e creio que não vai chegar a isso. Estamos vendo que há uma queda substantiva e o produtor vendendo seu café a R$240,00. Não é um preço remunerativo porque o custo é em torno de R$300,00 por saca. O produtor está vendendo gradativamente porque não tem recurso para segurar esse café. Estamos vendo uma reação de preços, a bolsa tem reagido, mas mais uma vez vai acontecer como aconteceu no passado: quando o produtor acaba de vender sua safra, o preço reage, mas ele não tem mais seu estoque e ele continua com seu endividamento.


(JB NA) — O senhor disse que o custo por saca é de R$300,00 e o produtor está vendendo a saca por R$240,00, se muito. Como alterar essa situação?


SB — Essa situação se altera através de políticas públicas que acho muito importante e, agora, foram lançadas as opções para 3 milhões de sacas. Programas como o Pepro, que trazem resultados altamente positivos, mas temos que ter também uma abrangência maior. Acho que este estoque que temos e pelo que nós temos produzido ao longo do anos precisamos de uma política mais ofensiva e organizarmos mais o setor de venda. Todos sabem que quando se vende café a 12, 24 meses para frente, para depois adquirir o produto aqui, há uma força para que o preço seja mais baixo. Ao passo que se nós diminuíssemos a concentração de oferta e reduzíssemos o período de venda, conseqüentemente, teríamos preços mais remunerativos. No Brasil, o número de vendedores de café que temos é muito grande. Enquanto na Colômbia se concentra a venda somente na Federação. Lá é mais organizado. Temos que organizar a nossa oferta e, com isso, reduzir a concorrência dos cafés da Colômbia.


 




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