CAFETERIA – Crise aumenta abertura de “loja dentro de loja”

10 de julho de 2009 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: 10/07/2009 02:07:18 - DCI

SÃO PAULO – O conceito de “loja dentro de loja”, antes mais concentrado no setor supermercadista, está crescendo e novas parcerias estão sendo feitas, dada a escassez de grandes espaços para abertura de unidades e a vantagem de custos menores de instalação e fidelização de clientes em tempo de crise econômica. Especialistas em varejo creem que esse tipo de negócio deverá ocorrer mais em todos os setores varejistas e estimam que a sinergia entre duas operações possa trazer um incremento de cerca de 30% em vendas e faturamento aos proprietários.


Este é o caso da Franchising Ventures, por exemplo, fundo que possui marcas como a Livraria Nobel, café Donuts, Centro Britânico e Sapataria do Futuro, que acredita que o conceito, também conhecido como store in store, pode ser uma alternativa para maximizar o faturamento e eliminar gastos. Hoje, a empresa possui 10 unidades da Livraria Nobel que contêm uma loja da café Donuts, e aposta que esse número deve crescer. De acordo com Eduardo Peres, gerente de Expansão do café Donuts, com a parceria há aumento de 20% a 30% em faturamento. Para ele, o modelo também deve crescer em todas as áreas de varejo, e afirma estarem abertos a novos formatos que incluam suas marcas e franquias.


“Busco locais que tenham viabilidade, com possibilidade de um espaço barato e custos interessantes, muitas vezes falamos para o franqueado que ele pode melhorar seu negócio com outra loja, e ele próprio também tem interesse”, explica o gerente. Para Peres, o proprietário da franquia pode administrar o custo e racionalizar o número de colaboradores, aproveitando ainda o tráfego da operação e o público já existente, muitas vezes, ainda sem concorrência.


A rede Livraria Nobel possui quase 200 unidades no País e o café Donuts, 40 lojas, sendo que mais 20 devem ser abertas até o final do ano. A marca café Donuts deve fechar o ano com um crescimento de 15% a 20% em relação ao ano passado, número semelhante ao que deve registrar a Franchising Ventures.


Já a Livraria Cultura, com oito unidades nas cidades de São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Recife e Brasília, está interessada em formatos menores e maior versatilidade diante da dificuldade de conseguir grandes espaços. Como parte desse intuito, deverá abrir em setembro uma unidade dentro da Villa Daslu, em São Paulo, que além de ser menor do que as unidades tradicionais da rede, deve ter seu mix adaptado para o público do local, com mais enfoque em publicações de moda, por exemplo. A loja substituirá uma unidade da livraria Laselva que existia no local.


De acordo com Sérgio Herz, diretor de Operações da Livraria Cultura e neto da fundadora, Eva Herz, a unidade terá 370 metros quadrados, enquanto as outras têm cerca de 3 mil m². “Começamos a testar novos modelos, temos muito espaço para expandir ainda no Brasil, mas quantas lojas com mais de 3 mil m² cabem em um País que ainda lê pouco?”, diz o diretor. Sem revelar números, ele afirma que a própria Daslu convidou a rede e que foi fechado um acordo comercial no qual diz ter tido boas condições.


Herz explica que começaram a testar formatos com a abertura de lojas só de editoras, como uma loja da Cia. das Letras e a uma da Editora Record, ainda por abrir. Elas são administradas pela Livraria Cultura e vendem somente publicações das editoras. Também passaram a abrir unidades em eventos, como na São Paulo Fashion Week e na Casa Cor.


Para ele, a loja pequena tem desvantagem no que se refere ao tamanho, mas atende um público específico e pode vender produtos de maior valor agregado, que não se destacam na livraria maior. A empresa deve abrir duas unidades tradicionais e fechar o ano com um crescimento de 20%.


Potencial


Para especialistas em varejo, esse tipo de negócio também deve continuar a crescer com as inúmeras possibilidades de parceria e custos mais baixos. De acordo com Leonardo Araújo, diretor executivo da Gad Retail, empresa que desenvolve projetos de ponto-de-venda e tem como clientes redes como Wal-Mart, é mais fácil uma rede procurar uma outra operação que já atue em uma área em que não é especializada. Além disso, o consumidor está cada vez mais exigente e vai optar por locais que lhe deem mais conforto e mais opções. “Isso valoriza a loja e pode trazer um incremento de cerca de 30% em vendas”, diz.


Luis Góis, sócio sênior da consultoria Gouvêa de Souza (GS&MD), concorda. Ele afirma que no Brasil ainda há muito espaço para se explorar o conceito, já que nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, há diversas tendências e exemplos, como é o caso da rede de farmácias britânicas Boots, que tem óticas dentro de suas unidades, e outros serviços. Ou ainda lojas de departamentos que possuem salões de beleza. “É mais fácil criar uma parceria e é possível trazer operações que estão ligadas e se complementam.”


Ele lembra que há vários modelos possíveis: além de ter uma outra operação dentro da loja, pode ser criado um corner – pequeno espaço na loja -, só com produtos de uma marca, ou ainda pavimentos diferentes, por exemplo.
 

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