(18/03/2009 16:21)
O consumo interno brasileiro de café continua crescendo. No período compreendido entre Novembro/2007 e Outubro/2008, a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) registrou o consumo de 17,66 milhões de sacas, isto representando um acréscimo de 3,21% em relação ao período anterior correspondente (Nov/06 a Out/07), que havia sido de 17,11 milhões de sacas. As informações partem da ABIC, da sua pesquisa “Indicadores da Indústria de Café no Brasil”, com o desempenho da produção e consumo interno no país no período de novembro de 2007 a outubro de 2008, divulgada nesta quarta-feira (18).
Isto significa que o País ampliou seu mercado interno de café em 550 mil sacas nos 12 meses considerados. O resultado, entretanto, é inferior à expectativa inicial da ABIC, que apontava para uma demanda de 18,1 milhões de sacas em 2008. O consumo apresentou crescimento pequeno em volume no primeiro e no quarto trimestres do ano, apesar dos preços do produto não terem evoluído durante o ano.
O resultado é compatível com a apuração intermediária de 2008, feita pela ABIC em Maio/2008, que havia registrado um crescimento de 3,43%, totalizando 17,45 milhões de sacas nos 12 meses encerrados em Abril/2008.
Já o consumo per capita foi de 5,64 kg de café em grão cru ou 4,51 kg de café torrado, quase 76 litros para cada brasileiro por ano, registrando uma evolução de 2,0% em relação ao período anterior, o que confirma a constatação da pesquisa “Tendências do Consumo do Café no Brasil em 2008”, feita pela TNS InterScience (www.abic.com.br/estat_pesquisas.html), com recursos do FUNCAFÉ através de convênio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com contrapartida da ABIC, de que os consumidores estão consumindo mais xícaras de café por dia.
Esta pesquisa mostra que 9 em cada 10 brasileiros acima de 15 anos consomem café diariamente, o que o faz ser a segunda bebida com maior penetração na população, atrás apenas da água e à frente dos refrigerantes e do leite. A penetração do café foi de 97% em 2008, contra 91% em 2001. Os consumidores pesquisados em todo o Brasil também responderam que pretendem continuar a consumir a mesma quantidade de café em 2009, o que a ABIC interpreta como sendo um sinal de que o consumo de café não diminuirá em função da crise atual. O segmento dos jovens de 15 a 29 anos também apresentou crescimento no consumo diário de café.
Este resultado iguala o consumo por habitante/ano do Brasil (5,64 kg/hab.ano) ao da Itália (5,63 kg/hab.ano), supera o da França (5,07 kg/hab.ano) ficando pouco abaixo da Alemanha (5,86 kg/hab.ano). Os campeões de consumo, entretanto, ainda são os países nórdicos Finlândia, Noruega, Dinamarca com um volume próximo dos 13 kg/por habitante/ano.
Por outro lado, considerando o café já torrado e moído, o consumo per capita de 4,51 kg/hab.ano aproxima-se do consumo histórico de 1965, que foi de 4,72 kg/hab.ano. A importância disto está no fato de que a ABIC, ao lançar o Programa do Selo de Pureza, em 1989, anunciou que pretendia reverter a queda no consumo de café que havia à época por meio da oferta de melhor qualidade ao consumidor, com o objetivo de retomar a grande demanda interna registrada em 1965 pelo extinto IBC Instituto Brasileiro do Café. Em 2009, o programa Selo de Pureza celebra 20 anos desde o seu lançamento, como o primeiro programa setorial de certificação de qualidade em alimentos no Brasil. Os consumidores brasileiros já reconhecem a melhora da qualidade do café que lhes têm sido oferecido e comemoram tomando mais xícaras a cada dia.
Concentração aumenta no setor
A pesquisa constatou que a concentração do setor vem se acentuando. As 10 maiores empresas concentram 71,87% da produção total das empresas associadas da ABIC, contra 71,01% na pesquisa anterior.
Enquanto isto, as 307 menores empresas tiveram sua participação reduzida de 7,32% para 6,79% da produção total das associadas.
Analisadas por grupos e portes, as empresas mostraram um desempenho muito distinto, com as maiores crescendo acentuadamente e as menores estáveis ou decrescendo.
A ABIC, nesta apuração, manteve a hipótese bastante conservadora, de que as empresas não-associadas e o Consumo não-cadastrado (informal e nas fazendas) NÃO cresceram, contribuindo com 0% na média final, ou seja, que o grupo das maiores empresas assumiu parte do mercado das menores. Assim, enquanto os dados das empresas associadas indicam neste grupo um crescimento de 5,22% em relação aos volumes de 2007, o volume total, em função da hipótese assumida acima, reduziu-se para 3,21%.