Por Claudio Borges
Companheiros cafeicultores do Brasil de forma geral e do Sul de Minas de forma especial,
O Preço de um produto no mercado é uma resultante entre a demanda e a oferta.
A demanda pelo café está aumentando no Brasil que segundo algumas informações se tornou o maior consumidor do mundo….mas no resto do mundo o consumo está estável ou caindo, como é o caso dos EUA, até então maior país consumidor do mundo, onde a Starbuks está fechando lojas pois o consumo está caindo….
Quando a demanda está em queda, os preços pagos aos produtores e ao consumidor final tendem a cair também….
Preços baixos é oportunidade para formação de estoques, que no futuro irão regular a oferta e manter os preços controlados pelas grandes importadores e re-exportadores como é o caso da Alemanha , maior importador e re-exportador mundial de café.
De acordo com as minhas análises ( técnica e fundamental), os preços do café, em dólar, não ficarão muito diferentes dos patamares atuais…. é claro que existe o imponderável…..o governo pode soltar um plano que faça os preços subirem de alguma forma, e aí a minha análise fica comprometida.
Repito: Sem contar com o imponderável, analisando a conjuntura mundial e analisando gráficos com projeções anuais, os preços dos ativos de uma forma geral e do café de forma específica, não experimentarão aumentos significativos….
Até outubro de 2008 os preços representavam uma super oferta de dinheiro, e os preços estavam todos muito altos….
De lá para cá o volume de dinheiro disponível no mundo minguou e assim os preços caíram pela falta de dinheiro e de disposição para consumir aquilo que não seja básico.
A nossa realidade é preços estabilizados, e no caso de alguns cafeicultores, preços estabilizados nos patamares atuais significa prejuízo.
Porque prejuízo apenas para alguns produtores ?
A cafeicultura está mudando rapidamente e isso também está influenciando para que os preços se mantenham nos patamares atuais.
O cafeicultor cuja lavoura é irrigada e a topografia permite colher e tratar a lavoura com máquina está numa boa…. não sofre os efeitos da bi-anualidade mantendo uma produção alta, constante e sem quebra e o custo de produção se reduz drasticamente quando a colheita e os tratos são realizados por máquinas .
Para esse produtor, os níveis de preços atuais remunera a atividade com lucro…
Para os outros, que dependem de mão-de-obra e de São Pedro, as coisas ficaram complicadas.. para esses a solução é um aumento nos preços sem aumento de custos…. coisa muito difícil de acontecer….se não vejamos:
Se o governo conseguir subir os preços, mesmo que seja de forma artificialmente heterodoxa, ou seja, independente da demanda e da oferta, os custos de mão de obra sobem imediatamente aumenta os custos e na colheita o lucro vai embora.
Isso sem falar nos fabricantes de insumos de uma forma geral…. assim que o pacote de ajuda sair eles aumentam os preços dos seus produtos e o custo de produção sobe junto.
Se o governo reduzir a oferta através de estoques reguladores, o Brasil perderá mercados cativos, já que a oferta mundial não está comprometida como acreditam alguns….
Os estoques que estão sendo formados mundo afora nesta época de preços baixos serão suficientes para atender a demanda no próximo ano que será de safra baixa no Brasil.
O Brasil bateu recorde de exportação de café nos últimos meses….. olha aí a formação de estoques no estrangeiro.
Bom, se do lado dos custos não tem como trabalhar e os preços tendem a ficar nos patamares atuais, a solução dos cafeicultores com lavouras implantadas nos morros, que dependem de mão de obra para tudo, esses deverão agregar valor ao seu produto para vender mais caro….
Quem quiser saber como se faz isso, recomendo que façam uma visita à cidade de Carmo de Minas e vejam com seus próprios olhos os projetos que os companheiros cafeicultores implantaram por lá….
Criaram uma associação de produtores, reduziram os custos de produção ( compram em conjunto) , fazem eles mesmos o beneficiamento ( agregam valor ao produto) e hoje são os campeões brasileiros em produção de café de qualidade e preços remuneradores….
O resto, todo o resto é paliativo…..é conversa fiada das “lideranças”.
A cadeia do café da maneira como está concebida faz do produtor um escravo das cooperativas, que não dividem os seus fabulosos lucros com os cooperados e uma presa fácil para políticos expertos que no fundo estão dispostos a mexer com tudo desde que não se mude nada.
Companheiros Cafeicultores, unam-se em associações, fortaleçam-se como classe, reduzam seus custos, aumentem a qualidade, agreguem valor ao seu produto, tornem-se independentes das grandes cooperativas atuais e assim, só assim vocês conseguirão remunerar seu produto com lucro.