Audiovisual
Safra paranaense
Divulgação/ Sérgio Gurovski
Jaime Canet sentiu na pele a Geada Negra, como governador e como produtor de café (Arquivo MIS/PR)
Edital do governo estadual premia um projeto de longa-metragem e três telefilmes, que começam a ser produzidos no próximo ano
Este ano o prêmio principal, de R$ 1 milhão, será entregue à empresa Tigre Produções Cinematográficas, para a produção do longa-metragem Curitiba Zero Grau, dirigido por Elói Pires Ferreira (Sal da Terra). Na categoria de telefilmes, os três classificados são Deserto D’Água, documentário de Heloísa Passos, da Maquina Produções; Geada Negra, documentário de Adriano Luís Andrade Justino, da Kosmos Noetos; e Gol a Gol, ficção de Adriano Oliveira Esturilho e Fábio Allon dos Santos, da Evolução Filmes. Cada um recebe R$ 180 mil.
O Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo do Paraná teve edições anteriores em 2004 e 2005/2006. No ano passado, não houve premiação “porque as empresas vencedoras da edição anterior pediram prorrogação”, alega Regina Iório, coordenadora de Incentivo à Cultura da SEEC.
2004 – Corpos Celestes, longa-metragem de Fernando Severo e Marcos Jorge, e os telefilmes Caminho da Escola, de Heloísa Passos, Made in Ucrânia – Os Ucranianos no Paraná, de Guto Pasko, e O Coro, de Werner Schumann.
2005/2006 – Mistéryos, longa-metragem dirigido por Beto Carminatti e Pedro Merege Filho, e os telefilmes Belarmino e Gabriela, de Geraldo Pioli, Guerra Dentro da Gente, de Paulo Munhoz, e Amadores do Futebol, de Eduardo Baggio.
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Arquivo MIS/PR
Heloísa Passos retoma a inundação das Sete Quedas em Deserto D´Água
Jaime Canet sentiu na pele a Geada Negra, como governador e como produtor de café
“A distribuição dos filmes no circuito comercial é de responsabilidade dos vencedores. Após 18 meses, os filmes serão exibidos na grade de RTVE e uma cópia também será doada ao Museu da Imagem e do Som”, explica Regina Iório, coordenadora de Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC).
Em trânsito
Em maio, quando o frio está mais intenso, Elói Pires Ferreira dará início às filmagens de Curitiba Zero Grau, longa-metragem em 35 milímetros produzido em conjunto com a Tigre Produções Cinematográficas, produtora de Cascavel pertencente ao casal Salete Machado e Talício Sirino (dos longas Conexão Brasil e Conexão Japão).
O roteiro, escrito pelo diretor em parceria com Érico Betuschi e Altenir Silva (o Bolinha), faz de Curitiba quase um personagem, já que os quatro protagonistas do filme – um catador de papel, um motoboy, um motorista de ônibus e o dono de uma concessionária – percorrem a cidade diariamente como forma de sobrevivência, enfrentando dificuldades como, por exemplo, o frio. “Será uma produção arrojada. Vamos fechar as principais ruas da cidade”, informa a produtora Salete Machado.
O filme traz elementos de produções anteriores do diretor, como seu primeiro longa, Sal da Terra, road movie, sobre um padre que viaja pelas estradas do Paraná em uma espécie de caminhão-capela, e o curta Valdir e Rute, recorte de três dias na vida de um casal de catadores de papel em Curitiba. “Esse tema do deslocamento sempre me interessou, desde que me conheço por gente”, diz o diretor.
Telefilmes
Dois documentários selecionados pelo Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo do Paraná resgatam momentos distintos, e pouco explorados, da história paranaense.
Por meio de imagens de arquivo e depoimentos, o cineasta e jornalista da Gazeta do Povo Adriano Justino investiga um dos episódios mais dramáticos vivenciados pela população do Norte Pioneiro, no média-metragem Geada Negra. Em 1975, uma forte geada dizimou todas as plantações de café da região, o que provocou o êxodo de cerca de 2,6 milhões de pessoas. “Foi a maior migração em tempos de paz no Brasil”, diz Justino.
Ele pretende entrevistar pessoas que vivenciaram o fenômeno. Entre elas, o então governador Jaime Canet, que também era um grande produtor de café. O jornalista conta que as conseqüências da crise cafeeira ainda são sentidas. “A região metropolitana de Curitiba e a Vila Pinto (hoje Vila das Torres) se constituem nesse período”, diz o diretor.
Em Deserto D’Água, a cineasta Heloísa Passos aborda a inundação das Sete Quedas para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, a partir de um material em Super-8 filmado na década de 1970 por um coronel que havia sido tenente na região de Guaíra naquele período. “Ele entrou em contato comigo e me mostrou o material, que é muito sensível”, conta. Além do coronel, que hoje mora em Curitiba, Heloísa pretende buscar personagens que tenham vivido a inundação e que se relacionem com Guaíra ainda hoje.
Gol a Gol, ficção de Adriano Oliveira Esturilho e Fábio Allon dos Santos, tem início com a cena de uma partida de “gol a gol” entre o protagonista Pedro adulto e criança. O filme é um entrelaçamento de contos do livro Cancha Dois – Cantigas para Perverter Juvenis, de Esturilho.
Pedro é o personagem que amarra as outras histórias ao relembrar sua adolescência. “É um filme de memórias que terá cenas da infância, do presente e do futuro do personagem”, conta o diretor.