Criatividade. Restaurantes da capital apostam em novas bebidas para atender quem não deixa de sair, mas irá dirigir | |
Em vigor há 40 dias, a lei seca vem mudando os hábitos daqueles que não abrem mão de bebidas alcoólicas ao sair para uma festa ou jantar. Com medo da multa e da conseqüente suspensão da carteira de habilitação, muitos têm procurado destinos diferentes aos rotineiros bares e restaurantes.
Com a ausência da clientela e a grande diminuição na venda de bebidas com álcool – as casas apontam uma perda de 30% -, restaurantes da capital têm apostado na criatividade para contornar a atual situação. Enquanto alguns optam por firmar parcerias com empresas de táxi, outros buscam oferecer bebidas que fujam dos tradicionais refrigerantes.
NOVO. Transferido de Salvador para Belo Horizonte há pouco menos de dois meses, o restaurante Matusalém – especializado em comida mineira e baiana – já teve seu primeiro impasse, segundo o proprietário, Matusalém Gonzaga. “Como manter a presença do cliente para saborear comidas temperadas sem poder beber algo alcoólico?”. Antes que pudesse perder sua recém-criada clientela, o proprietário buscou criar drinks que ganhassem em sabor e perdessem em álcool.
Dessa forma surgiram o Vixe Mainha (à base de suco de frutas, sorvete de creme, creme de leite e groselha, a R$ 12,90), o Lagoa de Abaeté (preparadocomsorvete de creme, suco de limão e groselha, a R$ 11,90) e até um que já brinca com a nova norma de trânsito, o Lei Seca (à base de água com gás, hortelã, groselha e limão, R$ 10,90).
Segundo Matusalém, as novas bebidas já fazem sucesso, podendo inclusive serem compartilhadas entre pais e filhos. “Como recebo muitas famílias, os filhos pequenos ficam entusiasmados ao beber a mesma bebida que os pais, já que um deles sempre está ao volante.”
DISTÂNCIA. Localizado no Vale do Sol – próximo a condomínios como Morro do Chapéu e ao Jardim Canadá -, o Bodega 361, único bistrô argentino da cidade, tem ainda a distância para afugentar os clientes. “Perco freqüentadores por estar longe dos principais bairros da capital e muitos acharem inviável chegar até aqui de táxi” , diz Paula Karsh, proprietária do local.
Para minimizar a perda, ela procurou criar novas bebidas que combinassem com os pratos que serve, de carnes mais leves como peixes, até outras que necessitam de um tempero mais elaborado, como cordeiro. Assim, surgiram diversas “caipis” (que remetem ao sabor das caipirinhas) feitas à base de uva, kiwi ou gengibre, com a substituição da costumeira cachaça por água saborizada (R$ 7 cada uma).
Além disso, Paula procurou inovar no modo de preparo do suco, acrescentando creme de leite -emvez dos habituais leite ou água – e até condimentos que, à primeira vista, não combinariam tanto com sabor de frutas, como manjericão e pimenta “Esses acréscimos potencializam o sabor do prato e da bebida”, diz Paula.
DIFERENCIAL. Vivendo umarealidade atípica da maioria dos bares e restaurantes da cidade, Magda Dias, proprietária do café bistrô Santa Sophia, diz que não sofreu com a rigidez da lei seca. Para ela, o motivo de tamanha fidelidade por parte do público está na variedade de bebidas sem teor alcoólico que a casa já oferecia bem antes da nova legislação. “Sempre tive bebidas sem álcool, então acho que foi natural a mudança de hábitos daqueles que vinham para cá e bebiam um vinho, por exemplo”.
Entre os destaques do bistrô, que é especializado em café, estão o Mocha (preparado com café espresso, leite vaporizado e calda de chocolate em três camadas, a R$ 7,30), o Café Fondue, (à base de café espresso, chocolate meio amargo, frutas e leite condensado, a R$ 7,60) e o drinque que é uma homenagem ao Estado, o Mineirinho (preparado com sorvete de creme, café espresso e paçoquinha de amendoim, a R$ 7,90). Para acompanhar, a proprietária indica bolos e sanduíches, além de petiscos.
Serviço. Matusalém – av. Portugal, 3.287, Santa Amélia. 3447-9973. Bodega 361 – Quinta Avenida, 361, Vale do Sol, Nova Lima. 3541- 4132. Santa Sophia – rua Bárbara Heliodora, 59 – Lourdes. 32924237.
Com variadas opções de drinque sem álcool,
o Santa Sophia não perdeu clientela ao longo
deste primeiro mês da lei seca