Marcelo Manuel
O agricultor João Calenguessa trabalha na província do Kwanza-Norte na plantação do café. Até a semana passada, sua maior dificuldade era escoar os produtos da localidade onde trabalha para a cidade. Seus problemas, porém, acabaram. Os cafeicultores da região ganharam, na semana passada, uma viatura de transporte com capacidade para duas toneladas.
Calenguessa foi um dos contemplados pelas medidas anunciadas pelo governo provincial e pelo Instituto Nacional do Café (INCA) para impulsionar a safra deste ano. O objectivo é atingir uma safra de 120 toneladas – 66 toneladas a mais em relação à do ano passado. Os dados foram divulgados pelo vice-governador do Kwanza-Norte para a Esfera Económica e Social, Manuel de Abreu, no município de Kikulungo, durante a cerimónia de abertura da campanha de colheita do café nesta região.
Nos últimos tempos, o governo da província, em colaboração com o Instituto Nacional do Café, disponibilizou mais de sete milhões de Kwanzas aos agricultores, adquiriu vários meios de transporte, bem como uma máquina para o descasque do grão.
Com isso permitiu, até agora, a comercialização de 52.481 quilogramas do produto já descascado. Café este que, antes, se encontrava em posse dos camponeses por falta de meios de escoamento e de comercialização. Para Manuel de Abreu, o resultado destes investimentos são bastante visíveis, tendo em conta o incentivo que os cafeicultores têm tido nos últimos meses.
Além da viatura cedida ao agricultor Calenguessa, foram entregues outras três carrinhas de marca “Nissan”, com capacidade de duas toneladas cada, a produtores de café dos municípios de Ambaca, Golungo-Alto, Kikulungo e Bolongongo.
O governo provincial ainda concedeu empréstimos, em nome do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), em valores entre 100 e 500 dólares a mais de 10 camponeses financiados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento. A Procafé, organização encarregue para a comercialização do café, prevê comercializar no presente ano, no Kwanza-Norte, 91 toneladas – 17,6 toneladas a mais em relação ao ano passado.
Segundo o responsável local da Procafé, Pedro Fernandes, durante os primeiros três meses deste ano, 5.902 quilos de café foram colhidos pelos produtores dos municípios de Cazengo, Ambaca, Banga e Golungo-Alto.
No mercado local, o quilo de café mabuba é actualmente comprado a 30 Kwanzas e o comercial (descascado) a 60 Kwanzas. Na opinião de muitos produtores, os preços ainda são incompatíveis face aos custos de produção. No tempo colonial no Kwanza-Norte, que à época se chamava Salazar, o cultivo de café era a maior fonte de arrecadação de receitas. Os municípios de Bolongongo, Ambaca, Golungo-Alto, Banga e Cazengo apresentavam safras de cultivo de 150 mil hectares e uma produção de 100 mil toneladas.