AGROPECUÁRIO
21/07/2008
Café orgânico é carro-chefe
Com 43 hectares, a propriedade da família Lara, em Piedade dos Gerais, Região Metropolitana de Belo Horizonte, produz café, leite, mandioca, produtos da horta e ainda frutas. A propriedade traz o diferencial de ter se tornado totalmente orgânica. Plantas e animais recebem apenas insumos naturais. O rebanho, responsável por 150 litros diários de leite, vendidos à associação agropecuária local, é tratado com homeopatia. Os 6 mil pés de café também não recebem químicos. “O processo de torrar, moer e empacotar é totalmente artesanal. Esse era um sonho antigo. Plantamos café desde 1982, mas somente em 2002 conseguimos, com assistência técnica, colher a primeira lavoura orgânica”, comemora a produtora rural Maria da Conceição de Jesus Lara, que, com o marido Hélcio Lara e o filho, Alexandre Lara, cultiva a propriedade.
Em 2004, o café produzido pela família foi o primeiro no estado a receber a certificação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) de produto orgânico e agroartesanal, com autorização inclusive para ser exportado, possibilidade que os produtores não descartam. “O café orgânico é mais caro, cerca de R$ 18 o quilo, mas tem mercado garantido. Como é puro, o gasto de pó é menor”, defende Maria da Conceição, que este ano colheu 75 sacas de 60 quilos, considerando o produto já pronto para ser comercializado.
Em Pintópolis, no Norte de Minas, Hermes Paixão Silva dos Reis, está investindo, com a família, na produção de abóbora e melancia. Paralelamente às duas culturas principais, ele planta também tomate, pimentão e milho. Comercializa os itens na própria cidade, mas vende também para a CeasaMinas e para a merenda escolar. Dos 16hectares da propriedade, seis são cultivados, sendo três irrigados. “No momento, nossa produção vai continuar a mesma. Apesar de termos capacidade para aumentar a área de produção, não temos recursos para crescer. Temos uma linha de crédito do Pronaf de R$ 12 mil, e estamos começando a pagar a dívida”. A família de Maria da Conceição também tem expectativas de crescimento. “Sonhamos em irrigar a lavoura de café. A produção iria crescer em pelo menos 50%, com os mesmo seis mil pés.”
Com a crise mundial de alimentos, produtores como Maria da Conceição e Hermes Paixão estão no foco do governo federal. De acordo com o presidente da Emater, dos 387 mil agricultores familiares do estado, 165 mil são atendidos pelo Pronaf, e agora poderão aumentar o seu teto de crédito para até R$ 100 mil. “Nossa intenção é fazer com que estes agricultores que já acessam o programa, cresçam em produtividade.”