A geada que atingiu o Paraná na madrugada de ontem em quase todas as regiões (exceto o Litoral) foi a mais forte do ano, segundo meteorologistas do Instituto Tecnológico Simepar. O reflexo do frio intenso é mais cruel nas plantações de hortaliças e folhosas, que acabam se perdendo. Consequentemente, o bolso do consumidor também acaba atingido, pois a tendência é de que os preços subam nos próximos dias, diz Valério Borba, gerente geral da Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa). ”Os preços dos produtos produzidos no campo já vem subindo e vão subir ainda mais depois dessa geada”, alerta Borba.
A situação, explica ele, obedece a ordem natural imposta pelo inverno, quando os produtores, prevendo as possíveis perdas causadas pelo frio, pela chuva e pela geada, diminuem a capacidade da produção. Soma-se a isso as perdas efetivas. Em relação à semana e ao mês passado, os valores dos 29 principais produtos comercializados pela Ceasa já apresentaram alta na média ponderada, segundo estudo comparativo realizado pela Divisão Técnica e Econômica (Ditec), da Ceasa. Os reajustes foram de 8,52% e 6,99%, respectivamente. As altas não consideram a geada de ontem, que vai refletir ainda mais nos preços a partir de hoje e amanhã.
A alta nos valores das verduras e legumes é resultado do prejuízo no campo. Daniele Machiaski, Engenheira Agrônoma da Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), estima que a maioria da produção de hortaliças da cidade tenha se perdido. ”Com essa geada intensa, 80% das produções estão perdidas. As plantas chegaram a queimar até dentro das estufas”, conta Daniele, que visitou propriedades rurais da cidade pela manhã.
Colombo e São José dos Pinhais, também da RMC, são os maiores produtores de hortaliças do Estado, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). Para suprir a demanda que o frio gera no mercado, os produtos passam a vir de outras regiões do Paraná não atingidas de forma tão intensa pelo frio, ou de outros estados, como São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Enquanto isso, os agricultores locais contabilizam as perdas. |