O Brasil enfrenta a necessidade de aumentar investimentos que venham contribuir para acelerar a sua taxa de crescimento. Apesar de estarmos vivendo um novo momento, com perspectiva de crescimento do PIB, este ano, acima dos 4%, no entanto, convivemos de 2000 a 2006, com uma taxa média anual em torno de 2.9%. Temos esperanças que com o programa do PAC, lançado pelo Senhor Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, teremos condições de continuarmos crescendo nos próximos anos, portanto, o desafio é sustentar este crescimento a longo prazo, para chegarmos próximos de outros Países emergentes, a uma taxa de 6 a 7% ao ano.
Sabemos que para conquistarmos este desafio, diversos investimentos serão necessários, como no sistema de energia, para evitar um novo apagão, como aconteceu em 2001, devemos investir em infra-estrutura, principalmente na logística de escoamento e armazenagem, visto a vocação agropecuária do nosso País. Também se faz necessário investirmos em financiamentos para garantirmos crédito para a produção e na ciência e tecnologia; para usarmos conhecimento como um instrumento extremamente útil para sermos mais competitivos, baixando os nossos custos de produção. Gostaríamos, pois, dentro do exposto, de tecer alguns comentários da Diretoria Executiva do Conselho Nacional do Café (CNC), sobre um produto que no passado contribuiu com 65% em nossa balança comercial e que hoje ainda contribui com 4%, tendo como importância maior a Sustentabilidade Social, pois, é em nosso País, o maior gerador de emprego, contribuindo com 8.4 milhões de contratações de mão-de-obra. Portanto, nos orgulha sobremaneira quando destacamos que o Café tem uma importância social para o País, muito maior do que sua importância econômica, embora ela deve ser considerada.
Pois bem, temos buscado junto à iniciativa privada e ao Governo, soluções para enfrentarmos o mercado, cujos fundamentos são totalmente favoráveis, em razão dos baixos estoques do País, e da bienalidade desta safra que será colhida, quando nitidamente se conclui que teremos uma oferta estreita para abastecimento do mercado interno e para a exportação. Contudo, como já afirmamos, o mercado está resistindo ao longo dos tempos a uma reação de preços que sejam remunerativos, fazendo com que nossos produtores a cada dia deixem de solver os seus compromissos exclusivamente pela falta de Renda.
Já afirmamos e voltamos a reafirmar que o produtor, pela sua definição, é um homem bom, honesto e trabalhador, no entanto, temos que admitir que a morosidade nas ações que possam contribuir para garantir renda para os produtores, muitas vezes retardam este processo, ou mesmo, não chega a acontecer, pois nos gabinetes pelo acúmulo de demanda e solicitações de que os produtores estão vivendo na penúria e perdendo os seus patrimônios não encontram em tempo hábil a sensibilidade e correspondência necessária.
Contudo, nós produtores de café, estamos experimentando uma nova fase, com a expectativa de vivermos um novo momento. O Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), aprovou o maior orçamento de toda a sua história, para dar sustentação ao mercado. Recursos para colheita começam a chegar aos Bancos, isso na ordem expressiva de 450 milhões de reais, e no dia de ontem, tivemos uma nova rodada dentro do CDPC, onde aprovamos a contratação de uma Consultoria recomendada pelo Ministério da Fazenda, que fará dentro de 8 semanas, um diagnóstico completo sobre as condições de rentabilidade, do perfil do endividamento e capacidade de pagamento da cafeicultura. Esperamos que a partir deste diagnóstico possam acontecer ações efetivas que revertam este quadro tão danoso para a produção. E avançamos mais, discutimos intensamente o lançamento das Opções Privadas, quando o Governo investirá 235 milhões para cobrir o prêmio do lançamento, e cremos que já na próxima semana teremos as regras definidas para os leilões das opções. Esta é uma conquista extraordinária que conta com a participação direta do Ministério da Agricultura, através do DCAF – Departamento de Café.
Entusiasma-nos pois afirmar que estamos revertendo este quadro que tantas apreensões têm causado aos nossos produtores. Destacamos destas ações a Secretaria de Produção e Agroenergia do MAPA, a Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Fazenda e a participação de toda a Cadeia Café, através do CDPC, com apoio da Frente Parlamentar do Café. Temos sido encorajados a participarmos deste trabalho, que em nossa avaliação trará resultados positivos dentro de um curto espaço de tempo, e pretendemos continuar enfrentando junto com os companheiros os desafios que se apresentarem para conferir satisfação aos produtores, sem perder a visão de que a qualidade é fundamental para gratificar os consumidores, com um produto de qualidade que venha a fazer com que o café seja consumido pelo prazer de tomar uma xícara de café pelo seu sabor agradável, e não pelo simples hábito de tomar café.
Brasília, 04 de maio de 2007.
SILAS BRASILEIRO
Diretor Executivo
Conselho Nacional do Café – CNC