AGRÍCOLA
18/06/2008
Plantio pioneiro nos cerrados
Cooperativa iniciou agricultura na região
Tânia Rabello
O cooperativismo, fortemente presente na comunidade japonesa instalada no País, deu origem a iniciativas que modificaram a agricultura brasileira. Como a ocupação agrícola dos cerrados, por exemplo, por intermédio do Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer), posto em ação em 1978, financiado pelo Japão, que visava desenvolver os cerrados para se abastecer de farelo de soja, como alternativa ao fornecimento dos Estados Unidos. Além da contribuição tecnológica da Embrapa, o aporte de capital japonês foi essencial para iniciar a agricultura no cerrado.
Conforme o ex-diretor da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), Américo Utumi, as primeiras ocupações dos cerrados ocorreram em Minas Gerais, no município de São Gotardo – “Hoje o maior produtor de cenouras do País”, diz. “A CAC instalou ali, em 1973, cem cooperados nikkeis, numa época em que valia o ditado: Terra de cerrado, só dado ou herdado”, conta. Os cultivos iniciais eram café, soja e milho. “O Instituto Brasileiro do Café não quis financiar os primeiros plantios, pois achava que era coisa de louco produzir café no cerrado”, lembra Utumi, que participou da instalação dos colonos. “Tivemos o apoio do então secretário de Agricultura de Minas Alysson Paulinelli, que, quando virou ministro, incentivou o Prodecer.”
“O Prodecer foi inspirado no nosso projeto, pois a notícia da ocupação bem-sucedida da CAC em São Gotardo se espalhou pela colônia japonesa e chegou ao Japão”, diz. “Os japoneses vieram para conhecer o projeto e decidiram investir nos cerrados.”
Outras cooperativas pioneiras no País fundadas por japoneses foram o Sindicato Agrícola Nipo-Brasileiro, de Uberaba, a Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, a Cooperativa Agrícola Bandeirantes, a Cooperativa Central de Bastos e a Cooperativa Agrícola da Fazenda Katsura de Iguape, entre outras.