Café: Produto Exportação

Exótico. Esta é a definição mais interessante para o sabor do café. Àqueles , como nós, acostumados à bebida isso pode soar estranho, mas é fato e essa é a razão pela qual o café vem sendo um dos produtos mais exportados no mundo.


Quem não se delicia com um bom expresso? Se para os ingleses, o hábito de tomar chá é quase sagrado, fato que tornou o “chá das cinco” conhecido internacionalmente. Aqui no Brasil, ritual semelhante acontece com o café, com a diferença que não existe um horário específico para degustar a saborosa bebida. Nem horário, nem data, nem temperaturas elevadas impedem o brasileiro de tomar o seu tradicional cafezinho.


O sabor característico da bebida é um convite para apreciadores desenvolverem receitas especiais para seu consumo durante todo o ano. A culinária francesa e européia usa bastante o produto como complemento gastronômico, para ressaltar o sabor dos pratos, equilibrando o sabor dos ingredientes principais. E a gama de opções é grande: bolos, shakes gelados, frapês, drinks, cappuccinos, e muitos outros são oferecidos em bares, redes de fast food e até em restaurantes elegantes.


Esta moda está pegando no Brasil. O Habib’s, por exemplo, está lançando para o verão o Bib’s Frapê de cappuccino – bebida gelada à base de um mix de cappuccino, sorvete, cobertura de chocolate, chantilly e canela, servido em taça importada da Itália, valorizando ainda mais o produto. Outro restaurante que apresenta o Baileys Coffee, uma opção saborosa e convidativa, é a churrascaria Fogo de Chão (SP). Preparado com licor irlandês, café, chantilly, canela e conhaque a gosto, a bebida é há anos, servida com sucesso na casa.


 


É fato que no verão o consumo do café tradicional cai. Segundo informações do Sindicafé – SP (Sindicato da Indústria do Café do Estado de São Paulo), essa queda é da ordem de 10%, ocasionada principalmente pelo hábito de consumo da bebida quente. Mas com essas novas opções, isso deve mudar. Já nos escritórios a coisa é diferente “As pessoas bebem o cafezinho durante o ano todo porque maioria dos ambientes é climatizada. O impacto é sentido na época de férias, quando a quantidade de funcionários cai”, afirma Gustavo Salomão, diretor executivo da Tok Take.


Relacionado à história do Brasil, o café já foi sinônimo de riqueza. Basta consultar os livros de história para ver a influência política dos ricos fazendeiros , conhecidos como “barões do café”. No vai e vém da história, o Brasil deixou de ser visto no exterior como o país do café, tendo perdido essa posição para outros paises como a Colômbia, por exemplo. Segundo David Nahum Neto, Secretário Geral da ABIC – Associação Brasileira das Indústrias de Café, responsável pelo selo de certificação de pureza do produto, tal fato gerou a necessidade de uma maior divulgação da qualidade do nosso café, ainda pouco conhecido lá fora.


A versatilidade do café é muito grande. Existe para todos os gostos: mais forte, mais suave, instantâneo, expresso, café em grãos, em pó, orgânico, descafeinado, e uma novidade que vem conquistando o mercado: o café “gourmet”, que utiliza técnicas especiais de plantio e de colheita, melhorando a qualidade dos grãos e conseguindo um produto de alto padrão. Encontrado antigamente apenas em casas especializadas, o café gourmet hoje chega às gôndolas dos supermercados, conquistando um público novo. Mais caro que o café comum, este produto vem sendo consumido por apreciadores exigentes que buscam o prazer de saborear uma boa bebida e não se importam com o preço.


“O café gourmet custa, em média, R$ 13,00 o quilo contra R$ 4,70 do tradicional. Mesmo assim, as vendas têm crescido gradualmente, de modo que esse tipo de café já ocupa cerca de 12% da área de venda destinada ao produto nos supermercados, segundo pesquisas do Sindicafé-SP, o que prova que o público aceitou bem a novidade”, explica Nathan Herszkowicz, presidente do sindicato.


Para David Nahum, esse mercado ainda é um tanto segmentado. “Só as classes A e B têm acesso ao café gourmet. Claro que é um público formador de opinião, mas ainda é muito restrito. Dos 13,5 milhões de sacas produzidas anualmente, apenas 1% é gourmet”.


Mesmo assim, a boa aceitação da nova categoria foi suficiente para a BSCA (Brazil Specialty Coffee Association) promover o concurso Cup of Excellence, que escolheu, 18 lotes de café gourmet entre 400 amostras. Os lotes foram submetidos a um júri internacional formado por especialistas da Europa, Estados Unidos, Japão, Canadá e Brasil, para serem colocados a leilão.


Equipamentos e tendências


Num mercado tão promissor, as empresas de equipamentos têm a oportunidade de engordar seus lucros produzindo e comercializando máquinas de café expresso e vending machines, como é o caso da Tok Take. Para Gustavo Salomão, as vending machines têm aumentado bastante o consumo da bebida, principalmente porque fornece um produto preparado na hora, sempre quente e fresco. A gerente de marketing foodservices da Nestlé, Isabel Araújo acredita que um fator que colabora muito para o aumento de consumo nas vending machines é o posicionamento em locais de fácil acesso para o consumidor, como ruas, clubes, condomínios, lugares de grande circulação e locais de trabalho.


Também o café expresso vem tendo grande procura, inclusive com o lançamento de equipamentos domésticos. Dados do Sindicafé indicam que 65% das empresas de café já produzem grãos para expresso e esse número cresce ano a ano. “É um mercado em franca expansão, principalmente em bons restaurantes, shoppings e pontos de grande movimento”, esclarece Jack Robson Silva, Engenheiro Químico-provador do Café Bom-dia, cuja opinião é dividida com Ana Cláudia Ferreira Novo, Gerente de Produtos de Café da Melitta. “Está havendo uma transformação nesta área e há muitos investimentos cujos resultados têm sido muito satisfatórios”, diz ela. Não resta dúvida que a grande tendência para os próximos anos é mesmo a ascensão do café gourmet, tanto que essa categoria já vem sendo comparada com o vinho. Tudo indica que os investimentos das grandes torrefadoras estarão direcionados para a produção de um café mais nobre. Aliás, nobreza e café sempre estiveram ligados e, como foi dito no início, tão chique quanto um chá inglês é o café brasileiro, produto que está totalmente enraizado à nossa história, cultura e economia.



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O café na História do Brasil


Não existem dados precisos sobre a introdução da cafeicultura no Brasil. Atribui-se a Francisco de Melo Palheta as primeiras plantações no Pará, em 1727, com sementes obtidas de uma expedição à Guiana Francesa. O que se sabe com certeza é que Belém, no século XVIII, exportava o produto para a metrópole e por volta de 1760 temos notícias sobre seu cultivo na cidade do Rio de Janeiro. No início do século XIX, a Tijuca era onde haviam as maiores lavouras, devido às condições climáticas favoráveis ao cultivo. A partir daí, espalhou-se para o Vale do Paraíba fluminense.


Do Vale do Paraíba, passou para as terras roxas do leste paulista e a Zona da Mata Mineira, sul de Minas, oeste paulista e norte do Paraná. Mas foi em São Paulo que o produto mais cresceu. Entre 1880 e 1890, São Paulo produzia 1,9 milhões de sacas: entre 1900 e 1905, estas eram 8,1 milhões. Nos anos 20, em conseqüência das políticas de defesa, o crescimento da cafeicultura era acentuado, mas já se anunciava uma crise de maior gravidade.


A economia brasileira passou a basear-se quase que totalmente na exportação do café, principalmente aos Estados Unidos, os maiores consumidores do nosso café. O processo nacional foi baseado no que passou a ser conhecido como a “política do café-com-leite”: São Paulo, que possuia a hegemonia na produção de café, fez um acordo com Minas Gerais, cuja economia era mais diversificada, com destaque para a pecuária, e passaram a dividir o comando do político país.


A grande safra de 1920 junto com a recessão mundial, levou governo e cafeicultores a procurar uma política de defesa permanente do café. Em 1925, o governador Carlos de Campos criou o Instituto de Café do Estado de São Paulo, para limitar a quantidade do produto nos portos, conquistar novos mercados e reter a safra para que a oferta não ultrapassasse a procura. A crise internacional de 1929 provocou a queda de toda a estrutura montada para defender o café, levando a falências, desemprego e preparando o caminho para a revolução de 1930, que acabou com a oligarquia dos cafeicultores no Brasil.



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Receitas de verão


É possível preparar drinks deliciosos para consumo em dias quentes utilizando café. Nutrinews traz para você duas receitas rápidas e fáceis de fazer.


Frapê Rápido


4 cubos de café congelado (sem açúcar)
4 bolas de sorvete de creme
2 colheres de leite condensado
1 copo de leite
Bater tudo no liquidificador (Receita fornecida pelo Centro de Preparação de Café – SP)


Creme de Cappuccino


1 xícara (chá) de açúcar
1 litro de leite
1 xícara (chá) de cappuccino
½ xícara (chá) de amido de milho
1 lata de creme de leite com soro
200g de biscoito maizena moído
Em uma panela, dissolva o leite quente, o cappuccino, o amido de milho (previamente dissolvido em um pouco de leite frio) e o açúcar. Leve ao fogo até engrossar. Retire do fogo, adicione o creme de leite e misture bem. Monte a sobremesa em taças com camadas de biscoito e o creme de cappuccino. Decore as taças com chocolate granulado e chantilly.


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