História do Café – Café chegara ao Brasil em má hora

O Café


Quando, no começo do século XVIII, o café foi introduzido no Brasil, a infusão feita com os frutos desta planta já era conhecida e apreciada na Europa, onde rivalizava com o chá e outras bebidas estimulantes.  Não sabemos com segurança a origem do café que veio para cá, nem a data exata de sua introdução em nosso país.


Hipóteses sem confirmação documental indicam Meio Palheta e o ano 1727 como o protagonista e a data deste fato. No Velho Mundo, no entanto, a coffea arábica já tinha certa penetração, como produto de luxo, sendo indicada como paliativo para várias enfermidades “Seca todo o humor frio, expulsa os ventos, fortifica o fígado, alivia os hidrópicos pela sua qualidade purificante, igualmente soberana contra a sarna e a corrupção do sangue, refresca o coração e o bater vital dele; alivia aqueles que têm dores de estômago e que têm falta de apetite; é igualmente bom para as indisposições frias, úmidas ou pesadas do cérebro…

O fumo que sai dela (vale) contra as defluxões dos olhos e os barulhos dos ouvidos, é soberana também para a respiração curta, para as constipações que atacam o pulmão, as dores nos rins, os vermes; alívio extraordinário depois de ter bebido demasiadamente ou comido.  Não há nada melhor para os que comem muita fruta “, como dizia um anúncio parisiense.





 

Embarque de café no porto de Santos, 1885 – Marc Ferrez

Em breve, as casas onde era servido (os “cafés”) passaram a ser uma espécie de ponto de encontro dos elegantes e dos intelectuais de Paris, Londres e outras cidades. Locais onde se tomava uma taça de fumegante “Mokka”, enquanto se discutia política e filosofia,  criticava-se Bossuet e lia-se Rousseau e  Adam Smith…

Mas o café chegara ao Brasil em má hora.  A mineração atraía a maior parte do capital e da mão-de-obra disponíveis, pouco sobrando para as atividades de lavoura.  “Apesar de sua relativa antiguidade no país… a cultura de café não representa nada de apreciável até os primeiros anos do século XIX. Disseminara-se largamente no país, do Pará a Santa Catarina, do litoral até o interior (Goiás); mas apesar desta larga área de difusão geográfica, o cafeeiro tem uma expressão mínima no balanço da economia brasileira. Sua cultura destina-se, aliás, mais ao consumo doméstico das fazendas e propriedades em que se encontra.
Comercialmente, seu valor é quase nulo.”

Somente no começo do século XIX, quando o renascimento das atividades agrícolas no Brasil ocorreu, é que o café começou a projetar-se como um produto economicamente importante para o país.  Mesmo assim, nesse período ainda não mostrava a força de expansão que teria a partir da década de 1830 (43,8%), uma vez que o açúcar e o algodão até então apareciam como os dois produtos de exportação fundamentais para o comércio exterior brasileiro.

Até ao fim do século XVIII, os dois grandes núcleos controladores do mercado mundial de café eram Londres e Amsterdã, pois as colônias inglesas e holandesas eram os maiores produtores da planta; mas, a partir daí, os Estados Unidos, recém-independentes, passaram também a desempenhar o papel de grandes consumidores. Os estadunidenses preferiam negociar diretamente com produtores que não fossem colônias da Inglaterra e da Holanda, passando a comprar café brasileiro, o que proporcionou um grande estímulo a este tipo de lavoura no Brasil.

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