ARTIGO TÉCNICO – Adição de fertilizante em herbicida tem eficácia comprovada

28 de janeiro de 2010 | Sem comentários Novas Técnicas Tecnologias

27/01/10′


Por Júlio Bernardes


Ao lidarem com plantas daninhas, muitos agricultores costumam misturar dois
fertilizantes ao herbicida glyphosate, a ureia e o sulfato de amônio, para
aumentar a eficiência do produto. Em geral, essa adição tem sido realizada de
forma empírica, mas uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba, mostrou que as duas substâncias, em
especial o sulfato de amônio, apresentam efeitos positivos para controle de
algumas espécies.


Adição de fertilizante teve efeito positivo na ação do herbicida glyphosateO
glyphosate é usado habitualmente na limpeza da área de cultivo antes de semear
as culturas (dessecação) e para o controle de infestantes na soja transgênica.
“Os agricultores costumam adicionar mais ureia ao herbicida, pois seu custo é
bem menor que o do sulfato de amônio”, afirma o agrônomo Saul Jorge Pinto de
Carvalho, que pesquisou o tema para sua tese de doutorado na Esalq. O trabalho
teve orientação do professor Pedro Christoffoleti, do Departamento de Produção
Vegetal e foi apresentado em dezembro de 2009.


As experiências em campo e em casa de vegetação (estufa) mostraram que,
apesar de a combinação dos dois fertilizantes ter efeitos benéficos, o sulfato
de amônio apresenta maiores vantagens. “Ele facilita a absorção celular do
herbicida e atrasa a cristalização da gota sobre as folhas”, conta o agrônomo.
“Isoladamente, sua ação positiva foi mais consistente e ocorreu com mais
frequência do que no caso da ureia”.


Proporção

O estudo definiu a quantidade ideal dos
fertilizantes a ser adicionada ao glyphosate. “No caso do sulfato de amônio, a
proporção indicada é de 15 g L-1(gramas/litro) de calda (mistura com o
herbicida), enquanto a de ureia é de 5 g L-1”, destaca Carvalho. O pesquisador
ressalta que resultados significativos também foram obtidos com a soma das
metades de ambas as proporções, ou seja, adicionando-se 7,5 g de sulfato e 2,5 g
de ureia no herbicida. “Além de eficaz, essa dosagem também permite redução de
custos”.


Durante a pesquisa, foram verificadas quais espécies daninhas são melhor
controladas pela presença de fertilizante misturado ao herbicida. “Em alguns
casos, verificou-se ausência de efeitos, o que aconteceu com o apaga-fogo, a
trapoeraba e o capim-braquiaria”, relata o agrônomo. “Essa informação é
importante pois ajuda a racionalizar o uso da tecnologia de controle de plantas
daninhas”.


Não foram verificados efeitos negativos em nenhuma espécie. No
capim-massambará, capim-amargoso e corda de viola, a presença da ureia e do
sulfato de amônio favoreceu a ação do glyphosate. “Tratam-se de espécies mais
problemáticas para os agricultores”, diz Carvalho. “Nesses casos, os
fertilizantes obtiveram melhores resultados”.


De acordo com o agrônomo, a pesquisa poderá reduzir o efeito empírico na
aplicação do herbicida, racionalizando o controle de espécies daninhas. “Ao
mesmo tempo, é recomendada a substituição da ureia pelo sulfato de amônio, já
que este fertilizante apresentou maiores benefícios”, acrescenta. “Também deve
ser dada maior atenção à qualidade da água usada no preparo da calda com o
herbicida”.


A
tese de Carvalho está disponível para consulta no Portal de Teses da
USP.


Mais informações: sjpcarvalho@yahoo.com.br


 


Fonte: Agencia USP

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.