HISTÓRIA – O Café e o conhecimento

Por: 30/09/2009 16:09:21 - Jornal da Cidade - Bauru

 

30/09/2009 16:09:21 – Jornal da Cidade – Bauru
O “café Filosófico”, iniciativa promovida pela CPFL em Bauru e em algumas cidades do Estado, é um evento que serve como ponto de encontro entre intelectuais e cientistas com públicos diversos. Uma reunião para apresentação de visões de mundo, temas conflitantes da contemporaneidade. No dizer de Galliano, “A divulgação do conhecimento é a mola propulsora do progresso da ciência”. Ao participar do café Filosófico do último dia 25 deste mês, a palestra de Francisco Antonio Doria, “A crise, o real e o virtual”, nos deu a oportunidade de conhecer temas diversos como os caminhos da filosofia, física e matemática no decorrer do século XX. Assistir às palestras de intelectuais renomados das mais diversas áreas do conhecimento é um convite ao questionamento de idéias que povoam nossas mentes, e que encontra nesse espaço um momento de reflexão necessária.


Não é em vão que esse projeto cultural ganhou o nome de “café Filosófico”. Existem relações entre o café, planta nativa da Etiópia, e o conhecimento, processo construído na sistematização e representação do real pelo pensamento. Por um instante, parecíamos ter voltado ao Iluminismo, época de grandes idéias, intensos debates de grupos criativos que encontravam lugar propício ao conhecimento nos salões e cafés europeus. A partir do século XVII, o historiador Peter Burke conta que a comunicação de idéias descobriu um ambiente original para discussões regulares nos cafés, que desempenharam importante papel nesse período. Na Inglaterra, era possível assistir desde palestras sobre matemática até declamação de poesia nos cafés londrinos. Em Paris, o café Procope era ponto de encontro de Diderot e seus amigos. Diderot foi um dos autores da famosa “Encyclopédie”, publicada no século XVIII, projeto grandioso não só no tamanho (28 volumes), mas também no objetivo de ampliar o acesso ao conhecimento humano, que reunia milhares de verbetes, expressando um ideal de conhecimento universal. Alguns cafés eram decorados com livros. Para estimular a presença das pessoas, os donos de casas de café compravam jornais e revistas, o que encorajava a discussão das idéias e das notícias. O café era bebida sóbria, própria para o debate racional, que se travava na época para a ciência e a política, ao contrário das tabernas que beiravam a vulgaridade.


Os cafés eram importantes centros de informação na Era moderna, onde convergiam notícias sobre chegadas de navios, comércio e negócios, além de informações sobre pessoas. Impulsionou, no século XVIII, a criação de jornais como espaço de debate para seus freqüentadores. Já no Século XX, os cafés parisienses foram palco para a produção de escritores, artistas e intelectuais renomados, como Hemingway, Picasso, Sartre e muitos outros, que buscavam o ambiente aconchegante e favorável ao encontro, para compor ou inspirar suas obras. Na virada do século, no The Elephant House Coffee em Edimburgo, Escócia, nasceram páginas da saga de Hary Potter, pelas mãos de J.K. Rowling. Da Era Moderna à Era da Informação, a relação entre café e conhecimento nunca mais saiu de moda.



A autora, Tamara de Souza Brandão Guaraldo, é jornalista e colaboradora do JC Tamara de Souza Brandão Guaraldo
 

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