CAFÉ: PREÇOS INTERNACIONAIS REGISTRAM FORTE QUEDA EM AGOSTO

Por: AGÊNCIA SAFRAS

O mercado internacional do café teve um mês de agosto de  fortes quedas nas cotações. Na Bolsa de Mercadorias de Nova York, que baliza os  preços do arábica no mundo, foram sucessivas sessões de perdas, e foi clara a  dificuldade do mercado encontrar fatores de sustentação. Isso mesmo diante da  temporada de safra mundial menor, com a produção do Brasil modesta em função do  ciclo bienal da cultura cafeeira, com 2009 sendo ano de baixa carga produtiva.

Na Bolsa de NY, não foi tão forte o vínculo com fatores exógenos como em  outros meses. O mercado ainda se guiou pelas oscilações do dólar contra outras  moedas, e pelo desempenho de outras commodities, como o petróleo. Mas essa  ligação não foi tão forte. Houve pregões em NY em que mesmo diante de alguma  alta do petróleo, ou de outras commodities, o café recuou.

Fatores técnicos e gráficos e a ausência de fatores fundamentais de  sustentação foram as “desculpas” de traders em seus comentários para explicar  boa parte do desempenho negativo de agosto. Mas há algumas outra explicações. O  inverno vai chegando ao final no Brasil sem que tenha havido maiores riscos de  geadas, o que é um fator baixista.

Além disso, o período de crescimento na  demanda das grandes nações consumidoras do Hemisfério Norte ainda está por vir,  com a chegada da temporada de frio, em que é notavelmente incrementado o consumo naqueles países. Mesmo que se fale em retração na oferta brasileira em um ano  de produção menor, o Brasil continua abastecendo o mundo com amplos volumes  mensais de café, com as exportaçõ es não dando muitos sinais de arrefecimento.

É fato que cafés de melhor qualidade estão com a oferta prejudicada neste  ano, seja pela menor oferta no Brasil (ainda prejudicado pelas chuvas na  colheita que depreciaram a qualidade), seja pelos problemas com cafés lavados na Colômbia e países da América Central. Inegavelmente isso é fator altista. 

Também é inegável que o programa de opções, o anunciado AGF (Aquisição do  Governo Federal) e rolagem de dívidas de café no Brasil são pontos de suporte às cotações, mas ainda assim o mercado tem dificuldades de encontrar maior  sustentação. Sinais da recuperação na economia americana e global representam  outro fator positivo para as cotações das commodities e também do café, e talvez isso seja sentido nas próxi mas semanas ou meses em NY. Infelizmente, para os  produtores, foi difícil ver uma sinalização mais positiva das bolsas  internacionais em agosto.

O mercado já olha para a safra brasileira de 2010, que deve ser grande pelo ciclo bienal, e como o clima não sugere problemas maiores para as floradas  agora em setembro e outubro no país, traders começam a indicar este como um  fator baixista que já pode vir por detrás de algumas perdas em NY. Para os  operadores internacionais, a pequena safra de 2009 já é aspecto absorvido, e  2010 é o horizonte a ser buscado e que deve definir a tendência daqui pra  frente. Claro que se as exportações brasileiras começarem a se enfraquecer em  volume e outros países apresentarem mais problemas com a oferta de café, o  cenário muda totalmente.

Na Bolsa de Mercadorias de Nova York, foram sensíveis as perdas no  acumulado do mês. O contrato dezembro fechou esta quinta-feira (27/08) a 121,35  centavos de dólar por libra-peso, acumulando queda de 7,4% no comparativo com o  final de julho, quando o contrato dezembro encerrou a 131,00 cents/lb (dia  31/07).

No mercado físico brasileiro de café, as cotações não recuaram mais diante  da postura defensiva dos produtores. Tendo buscado capitalização com a venda de  cafés no início da colheita, CPRs (Cédula de Produto Rural), com financiamentos  do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) ou de outra forma, agora os  produtores se retraem aguardando uma recuperação do mercado internacional. E  isso contribuiu para evitar um efeito maior das quedas em NY nos preços  internos. O dólar não ajudou e também não atrapalhou no balanço mensal. A  cotação da moeda americana no comercial tanto em 31 de julho como em 27 de  agosto era de US$ 1,865. 

Tomando como base o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, o  balanço no mês no mercado físico mostra queda de 2,8%. Este café fechou cotado  nesta quinta-feira (27/08) a R$ 245,00 a saca, contra R$ 252,00 do final de  julho (-2,8%).


 

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