SUSTENTABILIDADE – Projeto quer zerar emissões do café

Por: VALOR ECONÔMICO - SP

26/06/2009  


De São Paulo


Café carbono zero, do pé plantado no Brasil à xícara servida em território europeu. O projeto, que está em desenvolvimento na Daterra, produtora de café da região do Cerrado que exporta 99% dos grãos, “é tão, tão louco, que até os institutos de sustentabilidade estão achando ele meio louco”, conta Luís Norberto Pascoal, CEO da DPaschoal , que inclui a Daterra entre suas empresas. “Mas vai dar certo. Vai demorar uns dez anos, mas vai dar.”


A ideia é calcular exatamente quanto é emitido de CO2 para cultivar, colher, processar, transportar, vender, preparar e finalmente servir o café – com todas as ferramentas e instrumentos incluídos na conta.


O trabalho é difícil até pelo ineditismo. Uma empresa foi contratada para medir todas as emissões do processo. A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz está encarregada de quantificar quanto carbono é sequestrado nas fazendas da Daterra, que têm 50% de suas áreas preservadas, num total de 3259 hectares, com 150 mil árvores nativas. “Precisou pegar folha por folha, de cada árvore, e medir a área de cada planta”, conta Norberto.


Além de medir emissões mais óbvias, como as de tratores, caminhões e máquinas, foi preciso fazer um rastreamento e um censo dos animais silvestres que circulam pelo Cerrado intocado. Quando tudo estiver aferido, avaliado, compensando, será possível servir na Itália, por exemplo, um cafezinho brasileiro em uma xícara com um selo que ateste a sustentabilidade de todo o processo, a ISO 14.041, explica Norberto.


A Daterra foi a primeira produtora brasileira de café sustentável. Sua ISO 14001, diz o empresário, também foi pioneira no setor. Obter as certificações, assim como o selo Rain Forest Alliance, que atesta o comprometimento com a preservação, “dá muito trabalho”, diz Norberto. “A fazenda tem de ser protegida com guarda, não pode ter ninguém entrando, o caminhão que entra tem de ser 14000, é toda uma cadeia”, explica. “Quando fomos fazer a ISO a Fundação Vanzolini (certificadora de processos de qualidade) não tinha ainda nem técnicos para fazer 14000”.


A empreitada da Daterra começou há 34 anos, mas o foco no café de qualidade sustentável veio há duas décadas. “Foi uma das minhas ideias loucas”, conta Norberto. No concurso mundial de baristas (WBC) no ano passado, quatro dos seis finalistas usaram o café da Daterra em seus blends. E as exportações da empresa totalizaram 75 mil sacas. (C.R.)

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