Deputados pedem atenção do Governo para setor cafeeiro

 24/06/2009 – Os deputados da Comissão de Agricultura da Câmara Federal (Capadr) querem que a dívida da cafeicultura brasileira junto ao Governo Federal seja transformada em produto. Os débitos, segundo a proposta, seriam pagos com sacas de 60 kg, correspondente a 5% da produção anual, num prazo de 20 anos, tempo de exploração e de vida útil de uma plantação de café. A reivindicação já havia sido feita em audiência pública na Capadr em dezembro de 2008 e em reuniões com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nessa terça-feira (23), durante novo encontro no colegiado, os parlamentares voltaram a cobrar solução para a crise que afeta o setor produtivo do café.


Os cafeicultores enfrentam instabilidade na atividade e endividamento há mais de 10 anos. Estima-se que a dívida do setor ultrapasse os R$ 4 bilhões, entre débitos com governo e outros. Segundo o deputado Carlos Melles (DEM/MG), presidente da Frente Parlamentar do Café, esta é a pior crise em 100 anos.


“Fazemos um pedido desesperado por socorro. Estamos tendo paciência com o governo, mas queremos resultado”, disse. O deputado reclamou ainda que o preço mínimo do café, fixado pelo Governo Federal, é arbitrário. “Temos provas de que o custo de produção é muito maior que o preço sugerido pelo governo. As próprias entidades do governo que acompanham as safras sabem disso, mas o governo não se baseia nesses dados. Queremos a verdade”, conclui.
Melles disse que o preço firmado pelo governo, hoje em R$ 261,69, é baseado em colheitas de 30 sacas de café por hectare, quando na verdade o País colhe em média apenas 18 sacas. Ele insistiu que o preço seja elevado à R$ 320,00, o que cobriria os custos da produção.


O presidente da Capadr, deputado Fábio Souto (DEM/BA), que propôs o debate junto à Melles, disse que a atividade cafeicultora só vai ser viabilizada se tiver sustentabilidade econômica. “É preciso dar condições e esperança ao produtor para que ele não saia do campo. Numa ação única, queremos sanear as dívidas e criar uma política de renda para o setor para que esses agricultores deixem, definitivamente, de operar no vermelho e possam ter lucro com a produção, já que hoje eles praticamente pagam para produzir”, argumentou.


Em compromisso na Bahia, Souto não pôde comparecer ao encontro, mas elogiou a mobilização dos cafeicultores que viajaram à Brasília e acompanharam atentamente e de forma participativa a reunião. Integrantes do Movimento S.O.S Cafeicultura exibiram faixas e vestiram camisetas com frases pedindo socorro ao Governo.


O Banco do Brasil disse que está avaliando individualmente a situação dos cafeicultores endividados. De acordo com o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, as medidas já adotadas pelo governo são suficientes para dar fôlego ao setor.


O presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes, afirmou que a cafeicultura precisa de várias medidas para sair da crise. As mais importantes são a quitação das dívidas, a criação de uma política de renda, a capitalização das cooperativas e dos produtores e uma nova governança para o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira). Ele destacou o grande aumento no preço da produção, com a elevação dos custos com maquinário, insumos e até mão-de-obra. “Trocamos a nossa produção pela quitação das dívidas. Queremos sair de cabeça erguida dessa situação”, ressaltou.


O cenário da cafeicultura foi piorado um pouco mais com as declarações do economista Paulo Rabello de Castro, diretor-presidente da SR Rating. Segundo ele, as propostas apresentadas por Ximenes têm grande probabilidade de serem rejeitadas. “É preciso buscar outros caminhos, unir todo o setor, marchar e reivindicar medidas razoáveis. A cafeicultura não precisa ser salva, ela precisa ser compreendida, repactuada e liberada das mãos de alguns governantes que, esses sim, precisam ser salvos”, avaliou.


O democrata mineiro Vitor Penido sugeriu que os representantes do setor produtivo do café façam um protesto para mostrar toda a indignação com a atual situação e demonstrar a importância da atividade no Brasil. “Grupos como o MST conseguem tudo o que querem fazendo marchas e protestos. Deveríamos fazer uma paralisação da atividade para mostrar o valor dessa cultura”, concluiu. As informações são da assessoria de imprensa da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.


 

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